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Os entraves pol?ticos das sa?das econ?micas

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Eis que a solu??o estava ali o tempo todo, bem debaixo do nosso nariz ocupado em fungar e se enojar no meio de todas as propostas impopulares e rea??es agressivas apresentadas at? agora: era s? n?o gastar mais do que se arrecada e atrelar as despesas a um limite abaixo da infla??o, algo que s? foi obtido uma vez desde 2001.

Como ningu?m pensou nisso antes??

Dif?cil seria fazer com que o eleitor n?o percebesse que aquele gasto era…ele!

Dif?cil, mas n?o imposs?vel. Veja bem: ningu?m, em s? consci?ncia, ? a favor de gastos. Voc? pode at? defender um Estado forte, estruturado, atuante, mas gastos nem o mais idealista dos camaradas defenderia.

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Ent?o basta ir para a TV e dizer “desculpe o mau-jeito, mas precisamos fazer o que ? preciso, e o que ? preciso ser feito ? consertar a economia e ela tem um rombo”. Pronto: ningu?m sairia nas ruas para defender um rombo. Seria como defender a gripe.

Para os matem?ticos do rombo, n?o ? preciso lembrar como se chegou at? ali, primeiro como s?cios dos governos que esgar?aram as contas p?blicas; depois, como cirurgi?es convertidos que v?m a p?blico dizer que, veja bem, veja l?, numa cirurgia, sobretudo de emerg?ncia, o paciente n?o tem tempo de absorver os termos t?cnicos nem a op??o de se curar ou n?o. E cirurgia ? isso: uma interven??o, algo inevit?vel diante da outra escolha, a fal?ncia m?ltipla.

Mas a cirurgia tem de ser r?pida sob o risco de os patrocinadores fugirem em debandada e o paciente se impacientar e perceber que, direta ou indiretamente, elegeu aquele cirurgi?o, mas n?o aquele procedimento.

Voltamos, ent?o, algumas casas. Talvez 2014. E vamos lembrar que numa elei??o, com as regras atuais, ningu?m debate projeto. Se debatesse ningu?m seria eleito. Alguns at? podem tentar, mas vai ser sempre covardia concorrer com um marqueteiro mais esperto que convence o candidato rival, aquele boa pinta que at? as pedras sabem que n?o vale um cibazol, a prometer na TV a paz no mundo, a alegria aos esp?ritos, o cuidado com os valores familiares, a multiplica??o do dinheiro e a volta da pessoa amada em cinco dias.

Com as regras atuais, em que candidatos s?o transformados em protagonistas de filmes de a??o em 3D, passamos mais tempo debatendo a f? e a boa vontade do postulante do que discutindo qual Estado queremos e qual o pre?o a ser pago por ele. Por isso os discursos ganham tantas novas vers?es entre outubro e janeiro.

Quem vai ? TV dizer que tem um projeto, e que esse projeto requer ajustar gastos com receita, est? fora; vai ser ridicularizado, vai ser chamado de inimigo do povo, de amargurado, de cabe?a de planilha. Aqui as coisas s?o assim. Por isso ningu?m fala. N?o at? a hora do voto, e o voto ? tudo o que se pede ao eleitor. A opini?o quem d? s?o os patrocinadores, a ponto de nem parecer estranho, a um ministro da Sa?de, defender a expans?o da rede privada de atendimento, em detrimento da rede p?blica, mesmo tendo recebido recursos para campanha de uma empresa interessada na mudan?a.

“? uma sinuca de bico”, diria um candidato sincero em per?odo eleitoral. “Aqui voc? se elege prometendo mundo e no dia seguinte precisa administrar um rombo. Tem, ao mesmo tempo, de negociar com o maior partido, com o baixo clero, com o bloc?o, com os quase 30 partidos com representa??o no Congresso e o que voc? tem ? um barco em que todo mundo quer entrar, indicar, abespinhar, fincar o seu mastro. Cada acordo ? um naco. E h? milhares deles espalhados nos Legislativos dos Estados e munic?pios para discutir mo??o de rep?dio e nome de rua. Mas se voc? peitar, te derrubam no dia seguinte”.

Eis, ent?o, que no momento mais fr?gil da economia, com a Lava Jato engolindo meio mundo pol?tico, com este mesmo mundo pol?tico disposto a superfaturar acordos para aprovar projetos e salvar a economia e a pr?pria pele, chegamos a um impasse: como fechar o rombo?

Dilma, Lula, Fernando Henrique, Collor, Sarney e grande elenco de governadores e prefeitos tiveram tempo para descobrir o que ? mais ?bvio do que qualquer tru?smo: pol?tica ? feita de gente, n?o de n?meros, e gente, com o perd?o a Caetano Veloso, ? outra alegria. Mas a alegria prometida para eleitores e base aliada ? um recurso natural finito. Uma hora a fatura chega.

A sorte, ou azar, da equipe econ?mica incensada com louvores pelos entendidos no assunto ? que as pessoas andam t?o apavoradas e enraivecidas umas com as outras e com o mundo como est? que j? n?o percebem a diferen?a entre gastos e investimento, direitos e privil?gios, aposentadorias com pens?o vital?cia, programa social com aux?lio-palet?. Querem ? solu??o, e a solu??o ? um exerc?cio de cinismo misturado com matem?tica pura: basta pedir um esfor?o a mais de quem j? est? esfolado para ajudar o pa?s a sair dessa situa??o.

A pressa ? inimiga da perfei??o, diria o s?bio. Mas a sabedoria s? vale para quem n?o tem pressa. Nessas horas o mundo passa a ser dividido entre os pr?ticos e os idealistas; uns querem solu??o, custe o que custar; os outros, pela l?gica, querem apenas tocar flauta doce e se alimentar de luz.?

Com um pa?s dividindo, ningu?m parece se esfor?ar para entender por que num pa?s de dimens?o continental como o Brasil os direitos s?o iguais a todos, mas uns s?o mais iguais que outros, inclusive no servi?o p?blico.?

Com tantos partidos, tantos pedidos, tantos compromissos de campanha, tantos cargos criados para atender tanto apetite, o governo, qualquer um, torna-se inevitavelmente um elefante que deixa buraco por onde pisa e mal consegue espantar suas moscas.

Solu??es existem. Estudos, os mais sofisticados, tamb?m. Mas em algum momento foram barrados. Como?

Nenhum pol?tico, em s? consci?ncia, diria nada disso em per?odo eleitoral. Nenhum deles, eleito presidente ou vice, teria coragem, por mais que bata na mesa, de abandonar os eufemismos, aqueles recursos ret?ricos que permitem falar sobre legalidade pisando em todas as fronteiras do que ? ou n?o aceit?vel.

De meia palavra em meia palavra, s? quem confessa que o rei est? nu ? quem n?o sabe que est? sendo gravado. De vazamento em vazamento descobrimos como se estanca a sangria quando valores como a democracia, a transpar?ncia e o compromisso com direitos adquiridos mais atrapalham do que ajudam a sobreviv?ncia da esp?cie.


Foto: Beto Barata/PR

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