Ucrânia reivindica avanços em Bakhmut e Rússia nega
A Ucrânia anunciou, nesta sexta-feira (12), que retomou alguns trechos de território perto de Bakhmut, no leste do país, e a Rússia afirmou que repeliu ataques ao longo de 95 quilômetros da frente oriental, em meio a especulações de que uma contraofensiva ucraniana teria começado.
Esses anúncios de operações vitoriosas marcam uma intensificação dos combates, após meses de uma relativa estabilidade.
Na frente diplomática, a China anunciou o envio de um emissário especial à Ucrânia, Polônia, França, Alemanha e Rússia para "se comunicar com todas as partes sobre a solução política da crise ucraniana".
Pequim, que nunca condenou a invasão russa da Ucrânia, esboça há semanas um esforço de mediação no conflito.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, viajará para Roma neste sábado, onde se encontrará com líderes políticos e possivelmente com o papa Francisco.
- Versões sobre Bakhmut -
Na frente de batalha, a Ucrânia afirmou que suas tropas avançaram dois quilômetros nas proximidades de Bakhmut.
As forças russas ocupam cerca de 80% daquela cidade, praticamente destruída pela batalha, a mais longa e sangrenta desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.
A Rússia nega que a Ucrânia tenha feito qualquer progresso, dizendo que repeliu as forças de Kiev perto de Soledar, cerca de 15 quilômetros ao nordeste de Bakhmut.
O chefe da milícia russa Wagner, que lidera o ataque a Bakhmut, acusou o Exército regular de "fugir" dos combates.
"As unidades do Ministério da Defesa simplesmente fugiram dos flancos" em Bakhmut, disse Yevgeny Prigozhin em um vídeo. As defesas "colapsam", e as tentativas de "suavizar a situação" levarão a uma tragédia global para a Rússia, acrescentou.
Prigozhin, cuja rivalidade com o Exército russo aumentou nos últimos dias, reconheceu os sucessos ucranianos e desafiou o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, a visitar Bakhmut.
- Contraofensiva? -
Zelensky disse na quinta-feira que seu Exército precisava de mais tempo para lançar uma contraofensiva em grande escala. "Mentalmente estamos preparados", mas nas atuais condições "perderíamos muita gente", explicou.
Nesta sexta, afirmou que "os invasores já estão mentalmente preparados para a derrota" e "já perderam a guerra em suas mentes".
Vários correspondentes de guerra russos garantiram, no entanto, que a esperada contraofensiva de Kiev já começou.
Prigozhin também apontou que "o plano do Exército ucraniano está em andamento".
O esforço de guerra da Ucrânia conta com forte apoio militar e financeiro das potências ocidentais.
O Reino Unido anunciou na quinta o envio de mísseis de longo alcance para a Ucrânia.
Por sua vez, nesta sexta, o Ministério das Relações Exteriores russo denunciou, em nota, "um passo extremamente hostil de Londres, que busca encher a Ucrânia com mais armas e provocar uma escalada séria".
No comunicado, acrescenta que Moscou tomará "todas as medidas necessárias para neutralizar as ameaças" apresentadas pelos novos mísseis.
- Acordo de cereais -
O Kremlin anunciou nesta sexta-feira que o presidente Vladimir Putin concordou em aprofundar os laços com seu contraparte sul-africano, Cyril Ramaphosa, um dia após os Estados Unidos acusarem o país africano de enviar secretamente armas para a Rússia.
Essa acusação não foi bem recebida por Ramaphosa, que afirmou que um juiz aposentado conduziria uma investigação sobre o assunto.
A Turquia disse nesta sexta que as negociações para estender o pacto que permite a exportação de grãos da Ucrânia através do Mar Negro após a invasão russa estão perto de se chegar a um acordo.
A chamada Iniciativa dos Grãos do Mar Negro permite à Ucrânia exportar grãos, ajudando a aliviar a escassez e os aumentos de preços em todo o mundo causados pelo bloqueio russo dos portos ucranianos. Está em vigor desde julho passado, graças à mediação das Nações Unidas e da Turquia.
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