Cinco máscaras para a sua pele ficar radiante
Separamos essas máscaras para dar um novo brilho à sua pele.
SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Estudantes de escolas públicas têm desempenho médio abaixo do das particulares no Enem, principal porta de entrada para o ensino superior. É na prova de inglês, porém, que os alunos da rede estatal enfrentam maior dificuldade em relação à rede privada. Análise feita pela Folha em todas as questões aplicadas no Enem entre 2010 e 2019 mapeou aquelas em que os estudantes da rede pública erraram de forma desproporcional: 18 das 50 perguntas de inglês no período tiveram viés estatístico alto e moderado contra a rede pública. Inglês representou 46% dessas questões que mais prejudicaram a rede pública sob essa metodologia, apesar de somar apenas 3% do exame total. Esse viés é verificado ao se comparar estudantes das duas redes, com habilidades (desempenhos) semelhantes; identificados esses grupos, analisam-se quais questões os alunos da escola pública erraram de forma desproporcional. Dito de outra forma, alunos de bom desempenho nas redes pública e particular têm notas semelhantes, por exemplo, em matemática. Mas não em inglês. O sistema público concentra 88% das matrículas do ensino médio, atendendo em geral a população mais pobre. Para se definir o viés das questões, a Folha considerou limiares estatísticos utilizados pela ETS, instituição americana que aplica o exame de certificação Toefl e avaliações de larga escala para o ensino básico nos Estados Unidos. A prova de inglês prejudica o desempenho geral dos estudantes da rede pública no Enem. Usando a mesma metodologia utilizada no exame (TRI), a reportagem simulou a retirada da matéria na prova. Estudantes da escola pública subiriam em média 11 mil posições em 2019, num universo de 900 mil estudantes analisados. A faixa em que haveria mais ganho de posições seria entre os alunos do sistema estatal que pontuaram entre 450 e 600 pontos (a maior nota da prova foi 802). Os estudantes com melhor desempenho, apesar de ganharem menos posições, foram igualmente prejudicados por esse viés, pois na faixa acima dos 600 pontos em geral se disputam vagas mais concorridas no ensino superior; poucos pontos são suficientes para classificar o candidato ou não. A prova de inglês prejudica o desempenho geral dos estudantes da rede pública no Enem. Usando a mesma metodologia utilizada no exame (TRI), a reportagem simulou a retirada da matéria na prova. Estudantes da escola pública subiriam em média 11 mil posições em 2019, num universo de 900 mil estudantes analisados. A faixa em que haveria mais ganho de posições seria entre os alunos do sistema estatal que pontuaram entre 450 e 600 pontos (a maior nota da prova foi 802). Os estudantes com melhor desempenho, apesar de ganharem menos posições, foram igualmente prejudicados por esse viés, pois na faixa acima dos 600 pontos em geral se disputam vagas mais concorridas no ensino superior; poucos pontos são suficientes para classificar o candidato ou não. Um atenuante no sistema superior público é que há cotas em boa parte das instituições (ou seja, alunos do ensino médio público disputam entre si) O Enem também é usado como critério para permitir o estudante ingressar no ensino superior por meio do Prouni (bolsas em universidades privadas) e Fies (financiamento estudantil). Inglês e português são considerados no mesmo bloco de questões de Linguagens no Enem. A metodologia do exame busca identificar chutes, ou seja, erros e acertos inesperados de acordo com o perfil do candidato dentro de cada área. Assim, um bom aluno da escola pública que foi bem em português, mas errou consideradas fáceis em inglês, terá sua nota rebaixada, pois não se esperava que ele errasse tantas questões nessa área. O pesquisador Ricardo Primi, especialista em avaliação e psicometria, afirma que esse volume desproporcional de erros presentes para uma determinada população é algo que avaliações de larga escala deveriam buscar evitar (efeito chamado de Funcionamento Diferencial do Item). "O inglês é uma língua que depende muito da oportunidade [fora do ensino regular] de ter aprendido aquilo, é de fato uma dimensão diferente", diz ele, que é professor da Universidade São Francisco. "Não dá para dizer que todo mundo que sabe muito bem português sabe inglês. Mas quando é colocado na mesma prova, assume-se que sim." O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pelo exame, informou que não tem análise específica sobre o impacto do inglês para alunos das redes oficiais. O MEC (Ministério da Educação) não respondeu à Folha. Não há informações oficiais sobre o conhecimento dos brasileiros em inglês. Pesquisa do British Council de 2013 indicou que 5% da população com mais de 16 anos afirmou ter algum conhecimento da língua. O percentual chegou a 10% no grupo de jovens de 18 a 24 anos. Outro levantamento da EF Education First, empresa de educação especializada em intercâmbio, coloca o Brasil entre os países com baixa proficiência. Na 53ª posição no ranking de 2020, entre 100 regiões e países analisados, o Brasil ficou atrás de Argentina, Paraguai, Bolívia e Cuba. É LEI A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da Educação preconizava desde 1996 a oferta de ao menos uma língua estrangeira a partir dos anos finais do ensino fundamental. Não definia o inglês como obrigatório, mas este sempre foi o mais comum. Desde 2017 o ensino do idioma se tornou obrigatório a partir do 6º ano do ensino fundamental. Apesar disso, a realidade nas escolas acumula grandes dificuldades. A inadequação de formação dos professores que lecionam língua estrangeira é a maior no ensino fundamental entre todas as disciplinas, segundo dados do MEC. No ensino médio, mais da metade dos docentes de língua estrangeira não tem formação na área o indicador só é pior em sociologia. Somente com a Base Nacional Comum Curricular, aprovada em 2018 e em processo de implementação, é que se avançou para definir o que se espera que seja ensinado. O documento também busca maior foco nas habilidades de uso do idioma. O estudante Kaique dos Santos, 19, mora no Capão Redondo, zona sul da capital paulista, e sempre estudou em escola pública. Ele não tem boas memórias com relação ao inglês. "As aulas eram bem precárias. Muitas vezes nem tinha professor, e quando tinha a professora passava um exercício e era isso, acabou o trabalho", diz ele, que busca uma vaga em engenharia e se matriculou no Cursinho da Poli para se preparar melhor. "Eu não tenho grande dificuldade porque sempre me interessei pela tradução de música, anoto as palavras que me interesso. Acho que fui bem nesse Enem, mas pra quem não tem celular e acesso fica mais difícil." VERBO TO BE Se o trabalho de inglês nas escolas fosse articulado com outras disciplinas, bons resultados viriam com mais facilidade, avalia a professora Ana Gilda Leocadio, 50, com quase três décadas de carreira na rede pública e privada. Leocadio leciona hoje na rede municipal de São Paulo e tem experiências com ensino médio e educação de jovens e adultos, com atuação sobretudo na periferia de São Paulo. "A gente precisa analisar o que se espera da educação pública em língua estrangeira, que é muito pouco, e não se espera que um aluno que esteja na periferia saiba inglês. Quando os alunos chegam no ensino médio, falam 'professora, de novo verbo to be'", diz. Ela cita como problemas falta de materiais específicos, quantidade de alunos por sala e o próprio desprestígio da disciplina na escola. Mas o aprendizado é possível, diz ela, com planejamento e envolvimento profundo na realidade escolar. "É um trabalho para durar mais de três anos com a mesma turma, precisa reconhecer a comunidade escolar, o entorno, e daí vão surgindo assuntos que têm a ver eles. Ela representa um perfil incomum entre docentes de inglês: tem formação específica na área, longos vínculos com a mesma escola e é negra. "Trabalhei em Grajaú e Parelheiros [zona sul de São Paulo]. Quando chegava na sala e dizia Hello, my name is Ana', era um 'noooossa'. Puro status! Porque não se espera que uma mulher negra seja professora de inglês, mas os alunos se veem representados em mim e acreditam mais que é possível. Estudo do British Council sobre políticas públicas para o ensino do inglês, de 2019, fez um mapeamento dessa oferta no Brasil evidenciando aspectos que incluem deficiências no currículo, no perfil e na formação dos professores. A partir de dados oficiais, a pesquisa mostra que quase quatro em cada dez docentes da matéria são temporários "O inglês é um marcador social", diz Cíntia Toth Gonçalves, gerente sênior para o inglês do British Council, organização internacional do Reino Unido. "Persiste até hoje no Brasil a noção de que não se aprende inglês na escola, e isso ocorre na rede privada também, como se curso de idioma fosse o ambiente propício para isso", diz O British Council tem um observatório que reúne informações sobre o tema e tem ações, em parceria com outras instituições, com impacto nas escolas e na formação de docentes. "Com aprovação da Base, a língua inglesa entra com a prioridade na comunicação dos alunos. É a ideia de o inglês ser uma língua franca, de comunicação no mundo", diz Gonçalves. O professor da USP Ivan Siqueira, membro do CNE (Conselho Nacional de Educação), diz que a Base Curricular é um passo importante para a melhoria do ensino no país. "A Base não resolve tudo, mas com a delimitação de competências e habilidades temos agora uma bússola." Siqueira explica que países como Chile, Colômbia e Espanha colheram frutos a longo prazo depois de adotarem programas estruturados para o ensino da língua. A Espanha, por exemplo, iniciou em 1996 uma política com foco na melhoria do idioma já a partir da educação infantil. "Políticas que deram certo envolvem currículo, material didático, formação de professores, mas têm de durar. Não dá para fazer programas de um mês ou um ano, não vai ter resultado." ESPANHOL No Enem, o estudante pode escolher entre inglês e espanhol como língua estrangeira. Os dados indicam que tanto na rede pública quanto na particular boa parte dos estudantes não tem conhecimento adequado de nenhuma das duas, mas opta pelo espanhol por entender que pode se sair melhor. O resultado, porém, não é bom. Se divididos os candidatos em quatro grupos (rede particular que optaram por inglês, pública em inglês, particular em espanhol e pública em espanhol), a média de acertos é maior nos dois grupos que elegeram o inglês. No sistema público, 50% dos estudantes optaram por inglês no último exame analisado (2019); na particular, perto de 70%. METODOLOGIA As análises foram feitas considerando os alunos concluintes do ensino médio regular que tinham informação sobre suas escolas nos microdados. Verificação de um viés em cada item foi feita para cidades com mais de mil alunos, de escolas públicas e privadas, utilizando o teste de Mantel-Haenszel, que mede a diferença na porcentagem de acertos entre alunos com notas próximas dos dois grupos. As medidas nacionais apresentadas são médias ponderadas pela quantidade de alunos de cada cidade. A classificação do efeito do viés como negligente, médio e grande foi feita de acordo com a classificação proposta pela Educational Testing Service, empresa americana sem fins lucrativos de avaliação educacional responsável por testes como Toefl.
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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Após cinco semanas submerso em uma rotina que revezou algumas partidas de golfe com incontáveis horas em frente à TV, Donald Trump decidiu retomar suas atividades políticas, em um roteiro pavimentado por vingança e teorias conspiratórias. Antes de tomar a decisão sobre ser candidato em 2024, o ex-presidente precisa mostrar que seguirá no comando do Partido Republicano e da extrema direita dos EUA. O palco de reestreia será a Cpac, sigla em inglês para Conferência de Ação Política Conservadora, onde Trump fará neste domingo (28) o discurso de encerramento do maior evento anual da direita americana. Faz uma década que o republicano falou pela primeira vez na Cpac e, agora, em seu primeiro discurso público desde 6 de janeiro, quando seus apoiadores invadiram o Capitólio, pretende usar o espaço para renovar sua narrativa falsa de fraude eleitoral e ataques a quem considera inimigo. O líder mais controverso da história dos EUA quer demonstrar força diante da plateia cativa, cristalizando a ideia de que, mesmo banido do Twitter e fora do Salão Oval, ainda controla grande parte da base republicana. A estratégia é observar --e impulsionar-- o desempenho de aliados nas eleições legislativas e para governos estaduais no ano que vem, como forma de medir o poder do trumpismo e fazer um cálculo mais certeiro sobre sua própria candidatura à Casa Branca. Mas, antes disso, pretende fomentar seus eleitores e dar argumentos para que eles sigam pregando suas ideologias radicalizadas e teses mentirosas sobre a vitória de Joe Biden. Diante da plateia na Cpac, Trump deve vestir seu habitual figurino agressivo e recorrer à temática que o levou ao poder em 2016, colocando-se como o líder que vai lutar contra o establishment. A ofensiva, dizem aliados, é para atingir a oposição tanto fora como dentro do Partido Republicano. O ex-presidente trata como traidores republicanos que votaram a favor de seu impeachment neste ano no Congresso --muitos deles já foram punidos com retaliações da sigla nos estados, mas Trump seguirá medindo forças, como é de seu feitio. Trump entrou em embate público com o líder do partido no Senado, Mitch McConnell, que votou por sua absolvição e, depois do veredito, justificou sua posição dizendo que o ex-presidente era responsável por provocar a invasão do Capitólio, mas não via respaldo constitucional para seu impedimento fora do cargo. Apesar de absolvido, Trump promete vingança. A partir desta semana, inicia série de reuniões para traçar seus próximos movimentos políticos e fazer uma seleção dos candidatos alinhados à sua ideologia e que estão dispostos a atacar os que o querem mais distante da sigla. Segundo o site Politico, o ex-presidente já recebeu seu ex-chefe de campanha Brad Parscale para discutir propostas de financiamento online e como usar as redes sociais apesar de seu banimento de Facebook e Twitter. Além disso, teve conversas com seu filho mais velho, Donald Jr., considerado um dos herdeiros políticos, e com o líder da minoria na Câmara, o deputado Steve Scalise. A partir de agora, a ideia é criar um calendário formal para que os candidatos que queiram o apoio de Trump sejam recebidos pelo ex-presidente e sacramentem seu comprometimento com o trumpismo. Ele já expressou suporte a dois de seus mais leais aliados, a presidente do Partido Republicano no Arizona, Kelli Ward, que deve concorrer ao governo do estado, e a ex-secretária de imprensa da Casa Branca Sarah Sanders, que já anunciou que vai disputar o governo no Arkansas em 2022. Esses e outros nomes receberão dinheiro de uma espécie de fundo de campanha de Trump, que conta com milhões de dólares em caixa e um banco com dados de milhões de americanos --Trump teve 74 milhões de votos na eleição do ano passado, mais de 10 milhões a mais do que em 2016. Muitos desses eleitores estarão na plateia do encerramento da Cpac. Trump deve argumentar que muitas de suas previsões sobre o governo Biden já se tornaram realidade e se ancorar na tese de que quem o ataca está atacando a base republicana, alimentando o sentimento de ódio de seus apoiadores. Mesmo que ainda não tenha decidido se vai ou não concorrer em 2024, Trump quer se manter como a principal referência republicana e evitar que outro nome da sigla ganhe tração política nos próximos anos. Criada em 1973, a Cpac era um guarda-chuva mais amplo para a direita dos EUA, mas se radicalizou ao trumpismo, assim como o Partido Republicano. Por mais que existam republicanos de perfil moderado, pesquisas mostram que grande parte dos eleitores da sigla ainda se escora na imagem e no discurso do ex-presidente --e a maioria dos parlamentares não quer arriscar perder essa fatia com eleições legislativas no ano que vem. Os republicanos têm controle do Executivo e Legislativo em 24 dos 50 estados americanos, e alguns analistas já preveem que a legenda pode retomar a maioria da Câmara em 2022 --hoje nas mãos dos democratas por uma margem pequena, 221 a 211 deputados. Trump sabe que não precisa do establishment partidário para se lançar candidato em 2024, mas precisa dar capilaridade ao trumpismo e manter a base sob sua influência até lá. O imprevisível Trump pode, inclusive, não concorrer de novo à Casa Branca, mas manter viva a possibilidade --ou ameaça-- de que sua candidatura é garantia de que, pelo menos por enquanto, ele estará onde mais gosta: no centro das atenções.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Caso seja aprovada pelo Congresso, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que amplia a imunidade parlamentar pode ter seus pontos polêmicos barrados pela corte máxima do país, o STF (Supremo Tribunal Federal), tanto pelo seu conteúdo como pela forma pela qual tramitou no Congresso. As mudanças legais e a aceleração do processo legislativo da PEC nos últimos dias vêm sendo criticadas por vários setores da sociedade e já encontraram oposição também entre ministros do STF. Integrantes da corte entendem que a emenda traz vários trechos que violam a Constituição e podem ser barrados pelo tribunal superior. O STF, porém, não pode derrubar o texto da PEC por iniciativa própria, de acordo com a professora aposentada de direito administrativo da USP Odete Medauar. "O Supremo não pode agir sem ser acionado, é preciso que haja uma provocação para que a corte se manifeste. É preciso que alguém entre com uma ação de inconstitucionalidade demonstrando que a PEC viola a Constituição. As instituições que podem entrar com a ação estão indicadas no texto constitucional, e entre elas estão os partidos políticos", diz. O Brasil é um dos poucos países do mundo em que o Judiciário pode derrubar emendas constitucionais aprovadas pelo Poder Legislativo, comenta o professor de direito constitucional da PUC-SP Pedro Estevam Serrano. "Aqui o relator do caso no STF pode, sozinho, inclusive suspender a eficácia de uma PEC aprovada por três quintos do Congresso. Isso é muito atípico. O Brasil é o único país do mundo em que o relator tem esse tipo de poder. Isso é muito desequilibrado, em termos da relação entre os Poderes", afirma. Como a PEC tem por finalidade permitir que os congressistas eleitos com voto popular alterem a Constituição, não é qualquer tipo de violação ao texto legal que pode ser usada como fundamento para impedir sua entrada em vigor. Segundo Mariana Chiesa, doutora em direito do estado pela USP e sócia do escritório Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques, os limites para as alterações nas regras constitucionais estão nas chamadas cláusulas pétreas da Constituição, que não podem ser modificadas nem mesmo por PECs. São exemplos de cláusulas pétreas os trechos da Constituição que tratam da forma federativa do estado, do voto direto, secreto, universal e periódico, da separação dos Poderes e dos direitos e garantias individuais. Quanto ao conteúdo da PEC, a advogada diz que a proposta "diminui o poder do STF de decidir sobre a prisão em flagrante de parlamentar. Com isto, é forte o argumento de que esta PEC viola as cláusulas pétreas da Constituição, na medida em que altera a dinâmica de separação de Poderes". Já em relação à forma de aprovação de PEC, o debate é sobre a legalidade do ritmo acelerado e sem discussão ampla no âmbito de comissões como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Para a professora de direito constitucional do programa de pós-graduação latu sensu do ITE (Instituto Toledo de Ensino) Lúcia Helena Polleti Bettini, aprovações de leis que tenham violado o regimento interno das casas do Congresso também podem ser questionadas perante o STF nas hipóteses em que o descumprimento das regras represente uma grave ofensa ao princípio democrático. "As discussões pelas comissões dão a segurança de que o princípio democrático está sendo efetivado", afirma a constitucionalista. Segundo Pedro Serrano, em regra em seus julgamentos o STF decide por não interferir nas questões de supostas violações aos regimentos das casa legislativas, por entender que esses são temas internos do Legislativo. Mas no caso da PEC da imunidade houve um vício maior de forma que pode ser alegado perante a corte suprema, segundo o professor da PUC-SP. "Houve um procedimento exageradamente rápido e simplificado de aprovação, o que impede que a sociedade controle, faça pressão, e é para isso que o Parlamento serve", diz. "Esse trâmite agride a Constituição porque não permite que certos valores democráticos sejam observados, como o procedimento de debate, no qual seja respeitado o direito da minoria, no qual haja a possibilidade de a minoria se transformar em maioria", completa Serrano.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em 10 de dezembro de 2019, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, subiu ao palco do salão nobre da prefeitura de Oslo, na Noruega, para receber o prêmio mais cobiçado do planeta (com a possível exceção do Oscar). "Recebo esse prêmio em nome dos africanos e cidadãos do mundo, para quem o sonho da paz tem frequentemente se tornado o pesadelo da guerra", discursou, ao agradecer o Nobel da Paz por seu papel no fim da guerra contra a Eritreia. Menos de um ano depois, em novembro de 2020, Ali dava início a mais um pesadelo da guerra em seu país, ao ordenar um ataque a rebeldes da região de Tigré, no norte do país. O conflito, um dos maiores do continente, já provocou mais de 2 milhões de desabrigados e milhares de mortos. Para o Comitê do Nobel da Paz, foi apenas mais um constrangimento em anos recentes. Os organizadores do prêmio ainda lidavam com o movimento internacional de ativistas pedindo a cassação do prêmio dado à líder de Mianmar Aung San Suu Kyi, em 1991. O motivo era seu silêncio quanto aos massacres praticados pelo governo que ela integrava contra a etnia rohingya,minoria muçulmana que vive no oeste do país. Presa desde um golpe militar ocorrido no início de fevereiro, Suu Kyi, na cadeia, talvez recupere parte do prestígio perdido. A sequência de eventos gerou críticas pesadas aos critérios de seleção do Nobel, um prêmio que concede grande prestígio moral. "Para o comitê do Nobel, fica uma lição: quando estiver em dúvida, espere", escreveu o jornal britânico Financial Times, ao comentar o caso etíope. Controvérsias não são estranhas para o Nobel da Paz, estabelecido em 1901 a partir do testamento do sueco Alfred Nobel. Mas os últimos anos não têm sido fáceis. Em 2009, o Nobel já havia sido torpedeado por ter escolhido, em seu primeiro ano de mandato, e sem ter grandes realizações, o presidente dos EUA, Barack Obama. "Olhando em retrospecto, está muito claro que o prêmio para Abiy Ahmed foi prematuro. Ele é um líder autocrático num país com múltiplos conflitos armados, era obviamente um prêmio de alto risco", diz Henrik Urdal, diretor do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo, que acompanha de perto o Nobel. Foi então um erro? Não necessariamente, afirma Urdal. Ousar, afinal, é parte da proposta do Nobel. "A ideia por trás de prêmios como esses é dar um empurrãozinho para apoiar acontecimentos positivos, mas nesse caso isso não foi bem-sucedido, pelo menos até o momento", diz ele. Um prêmio conservador, argumenta, concedido apenas a figuras menos influentes e menos controversas, poderia tirar parte do brilho do Nobel. "O prêmio se tornaria algo muito irrelevante", diz. Autor de "Peace, The Say", um livro sobre a história do Nobel, o jornalista americano Jay Nordlinger afirma que muitas pessoas têm uma concepção errada sobre o prêmio. "O prêmio é dado pelo trabalho feito no ano anterior. Não é pelo conjunto da obra do premiado", afirma. Assim, o Nobel entendeu que o premiê etíope merecia ganhar pelo trabalho específico no acordo de paz com a Eritreia, embora Nordlinger reconheça que acabou se tornando algo embaraçoso. "Não é sempre que você tem uma Madre Teresa de Calcutá", diz ele, referindo-se à religiosa que recebeu o prêmio em 1979 e depois foi canonizada. Em outras palavras, a imagem de que os vencedores são santos na Terra é falsa. "Na maior parte do tempo, a paz é uma arena política. Muitas vezes, as pessoas que ganham estão envolvidas em governos, lidando com temas de guerra e paz", afirma. Em décadas passadas, já houve arranhões à imagem do Nobel. O prêmio dado ao ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger em 1973, por seus esforços para encerrar a Guerra do Vietnã, é frequentemente citado como uma das piores escolhas já feitas. Não apenas a guerra continuou por mais dois anos, mas Kissinger teve a reputação abalada pelo apoio a regimes repressivos. Outro exemplo de prêmio controverso é o dado em 1994 ao líder palestino Yasser Arafat. Ex-líder de uma organização terrorista, ele foi agraciado pelos Acordos de Oslo, no ano anterior, com Israel. O processo de escolha do Nobel é longo. Indicações têm de ser feitas até 31 de janeiro do ano do prêmio, e apenas categorias específicas de pessoas podem submetê-las: entre elas, membros de Parlamento nacionais e de governos, professores universitários de áreas de humanidades e vencedores de anos anteriores. Em média, cerca de 300 indicações são feitas por ano, mas seus nomes só são divulgados 50 anos mais tarde. Depois de meses de reuniões, a lista é reduzida para cerca de 30, que passarão pela peneira final do Comitê do Nobel. O órgão é composto por cinco pessoas eleitas pelo Parlamento da Noruega, em geral especialistas em temas internacionais. Os membros têm mandato de seis anos, com direito a reeleição. O anúncio ocorre no início de outubro, e as razões apontadas para a escolha em geral se resumem a um parágrafo, sem detalhes. O mecanismo atribulado e os critérios de seleção têm críticos. Um deles é o professor de Direito norueguês Fredrik Heffermehl, que tem o site The Nobel Peace Prize Watch. Ele diz que o prêmio deveria ser dado a ativistas dedicados à paz internacional, e não para chefes de Estado. Este era o propósito original do Nobel, afirma. "O objetivo era fomentar a cooperação internacional para um mundo sem armas. Mas o Nobel foi corrompido", diz. A Folha entrou em contato com o Comitê do Nobel, mas não teve resposta. Ao longo do tempo, o Nobel foi mudando seus critérios, de um prêmio focado no desarmamento para outro que leva em conta o ativismo em direitos humanos e, mais recentemente, temas sociais, como meio ambiente e educação. Heffermehl torce o nariz para essas inovações, dando o exemplo do prêmio para a paquistanesa Malala Yousafzai, em 2014. "Ela poderia ter ganhado por se opor à militarização da região onde vivia, o Vale do Swat, mas ganhou por defender a educação feminina. Ninguém é contra educação, mas é algo muito distante do que Nobel tinha em mente." No ano passado, o prêmio evitou a controvérsia com uma escolha aparentemente "segura", o Programa Nacional de Alimentação. Mas é difícil imaginar que a opção pelo primeiro-ministro etíope que pregava paz e fez a guerra tenha sido a última polêmica do Nobel da Paz.
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