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De volta com a Tardezinha, Thiaguinho diz que quer ser pai: 'Quero experimentar o amor da forma mais forte possível'

Thiago André e Thiaguinho não vivem um sem o outro. No palco, porém, é o segundo quem se destaca, esbanjando “ousadia e alegria” e colecionando hits. Em duas décadas de carreira, completadas este ano, ele soma, coincidentemente, 20 álbuns (13 em carreira solo e sete com o grupo Exaltasamba) e muitas parcerias em discos alheios. Para celebrar, vestiu o terno e (re)assumiu sua identidade “civil”: mudou o nome nas redes sociais para o da certidão de nascimento, lançou o álbum “Meu nome é Thiago André” e está percorrendo o país com uma turnê homônima (nesta sexta-feira, o show é no Rio).

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Em agosto, ganhou um especial na TV Globo, disponível agora no Globoplay, que revisita sua vida e carreira. E, para arrebatar os fãs, anunciou a volta no ano que vem de seu projeto Tardezinha, no qual reembala pagodes dos anos 1990/2000 e canta seus maiores sucessos.

— O Thiago André ouvindo essas músicas fez nascer um artista chamado Thiaguinho — diz ele sobre o repertório da nova turnê, em que faz releituras de clássicos da música brasileira como “Palco”, “Fascinação”, “Um dia de domingo” e “Retalhos de cetim”. — Foi uma maneira de homenagear minha família, que é a base do meu êxito, cantando músicas marcantes para eles. Quando estava gravando, até fiquei com receio de soar muito pessoal, muito meu e para mim, mas percebi que essas músicas fazem parte da vida das pessoas. É fácil se identificar.

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Em tempos de comemoração, Thiago e Thiaguinho vão precisar se revezar. O terno se transforma em camisa despojada, o clima de “pé na areia” volta a dominar e entram no repertório as versões de Raça Negra, Os Morenos e de canções autorais para Tardezinha, interrompido em 2019. Em 2023, a pedidos dos fãs, o projeto voltará com uma turnê de 25 shows pelo Brasil, no mesmo clima de entardecer em alguma cidade e palco instalado no meio da multidão, remetendo a uma roda de samba.

Desde que começou, em 2015 (“iam ser só quatro semanas”, conta), foram 162 edições, quase um milhão de ingressos vendidos e, no show de encerramento, um Maracanã com 40 mil pessoas. Para o ano que vem, estão esgotados os tíquetes para datas em Rio, São Paulo, Curitiba, Niterói, Campinas e Belo Horizonte.

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Corpo e alma

Idealizada em conjunto com o ator e amigo Rafael Zulu, a Tardezinha inspirou similares de outros cantores como “Belo Dia”, de Belo, “Prainha da Claudinha”, de Claudia Leitte, e “Numanice”, de Ludmilla.

— Ninguém esperava a proporção que ganhou. Foi uma surpresa para todos nós. Apostamos em um formato que foi muito abraçado pelo público — avalia Zulu. — Sou fã da dedicação dele à arte, da forma que trata as pessoas e de como se entrega de corpo e alma a tudo o que se propõe a fazer.

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Na opinião de Péricles — que dividiu os vocais do Exaltasamba com Thiaguinho por nove anos —, é justamente a grande dedicação a chave do sucesso de Thiago André:

— Ele é um divisor de águas na história do pagode. É um estudioso da música.

Na mesma proporção com que acumula fãs — com quatro milhões e meio de ouvintes mensais no Spotify e dez milhões de seguidores no Instagram —, coleciona amigos. Maria Rita, com quem gravou “Fascinação” no último álbum, é uma delas:

—Tem tanta sinceridade no olhar dele, no sorriso dele, que é contagiante. Para mim, o sucesso dele vem dessa pureza, dessa dedicação e carinho com que faz as coisas. Ele sempre vai ser um sucesso, pode tirar um ano de férias que quando voltar vai estar estourado igual.

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De perto

A carreira e os sucessos levaram o artista a abrir sua própria empresa, faturando R$ 2 bilhões ao ano, segundo a revista Forbes.

— Gerencio toda a minha carreira. Tudo passa por mim. Isso também vem com a maturidade artística. Conto com a ajuda da minha equipe, claro, não entendo de tudo, mas hoje tenho as decisões por perto, diferente de como foi no passado. No fim das contas, é o meu sonho que está em jogo. O produto final sou eu cantando — explica o artista que, para os próximos 20 anos, espera cantar em outras línguas. — Principalmente em espanhol, até pela proximidade que tenho com a língua. Cresci em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o Paraguai. No disco “Meu nome é Thiago André”, gravei “La Barca” e “Fly me to the moon”, em inglês. Óbvio que preciso me preparar mais, mas já estou flertando.

Thiago André fez da igreja seu primeiro palco: tocava violão no coral em que a mãe era responsável. Com o tempo, o violão foi substituído pelo cavaquinho, e os palcos, ficando cada vez maiores.

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— Para mim, Deus é tudo. É o que me emociona, me fortalece e me faz acreditar no amor entre as pessoas. E, cada vez mais, tenho curiosidade pela religião dos meus ancestrais, religiões de matriz africana. Nos últimos anos, tenho tentado entender meu lugar enquanto homem preto na sociedade, enquanto homem preto artista. Isso passa por vários setores da minha vida — explica.

A fé ajudou Thiaguinho a passar por uma infecção grave na garganta em 2020. O cantor precisou fazer cirurgias, e o medo de não poder mais cantar (“é uma espécie de morte”) o fez perceber que precisava, além de tudo, cuidar da saúde mental. Começou a meditar e a fazer terapia.

Passado o susto, somou-se mais um motivo para celebrar de todas as maneiras os 20 anos de carreira e os 39 de vida (em março, muda de “fase”).

—Não vejo a hora de fazer 40 (risos). Sou muito fã do tempo. Quanto mais tempo você tem daquilo que faz, mais excelência você tem. Vivo hoje o melhor momento da minha vida, em todos os sentidos. E espero viver momentos melhores do que este — diz o cantor, que tem o desejo de experimentar a paternidade ainda. — Tenho vontade de experimentar o amor da maneira mais forte possível e acho que isso vem com um filho. Gosto de viver o amor, de ler sobre o amor, de assistir a filmes de amor...

E de escrever sobre amor. Pisciano com ascendente em câncer, como faz questão de pontuar, nunca teve problemas para chorar. Quer se tornar ainda mais chorão com o tempo. Mais do que nas letras, Thiaguinho diz que quer transbordar amor, apesar de ter consciência de que “o mundo não é tão romântico assim”.

Nas artes, é diferente. Mesmo as músicas de amor, típicas de um bom pagode e de Thiaguinho, encontraram um jeito de viralizar e de entrar na moda das dancinhas de TikTok. Recentemente, “Falta você” (“Não tem seu cheiro no travesseiro/Quando eu me espalho na nossa cama/Não tem você, falta você”) rendeu hashtags com 71,1 milhões de visualizações na rede social.

— A minha música é muito ajudada pela rede social — diz. — O pagode, o samba, é uma música genuinamente brasileira. É um lugar por onde o brasileiro sempre passa ou para onde sempre volta.