Turismo ensaia retomada com novo perfil de viagens, mas recuperação será lenta
O impacto da pandemia de Covid-19 foi brutal no setor de turismo e hotelaria. As atividades turísticas no Brasil já deixaram de faturar R$ 153,84 bilhões desde a segunda quinzena de março até o fim de julho, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Com a flexibilização da quarentena, muitas pessoas voltaram a viajar, ainda que com outro perfil. Assim, a hotelaria dá sinais de início de recuperação.
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“A retomada ainda está em níveis muito baixos. A demanda por hospedagens é cerca de 20% do que era no mesmo período de 2019”, diz Orlando de Souza, presidente-executivo do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil).
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Muitos destinos turísticos ainda se encontram fechados — inclusive fronteiras entre países — e os que estão abertos funcionam com a capacidade reduzida. A expectativa é que o setor recupere os mesmos níveis de demanda do ano passado somente em 2022. Os resultados financeiros só devem se recuperar a partir de 2023, segundo Souza.
Novo perfil de viagem
Plataformas de reservas como Airbnb e Booking.com notaram uma mudança no perfil das viagens em meio à pandemia. Agora, a procura é maior por viagens curtas com a família e a pequenas distâncias, para se deslocar de carro.
A demanda por hospedagens é cerca de 20% do que era no mesmo período de 2019” Orlando de Souza, presidente-executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil
No Airbnb, houve um aumento de mais de 150% na procura por destinos a até 300 km de distância de casa, em relação ao mesmo mês do ano passado. Destinos menores, perto de grandes centro urbanos, se destacam. É o caso de cidades do interior de São Paulo, como Sorocaba, que cresceu três vezes na busca, e São José dos Campos, onde a procura dobrou em comparação com o ano passado, segundo a empresa. Para facilitar a pesquisa, o Airbnb atualizou sua plataforma para destacar esses destinos chamados de “hiperlocais”.
Turismo doméstico é respiro do setor
Na Booking.com, a impossibilidade de viajar para outros países se reflete nas “wishlists” criadas pelos usuários com os seus locais de interesse. Os destinos domésticos estiveram presentes em 83% das criadas por brasileiros nos meses de maio e junho. No mesmo período de 2019, eles estavam em 68% das listas.
“Isso mostra como os brasileiros estão motivados para visitar e conhecer melhor seu próprio país”, afirma Luiz Cegato, Gerente de Comunicação da Booking.com para a América Latina.
As cidades mais procuradas na plataforma entre 20 de julho e 2 de agosto foram Rio de Janeiro (RJ), Campos do Jordão (SP), São Paulo (SP), Porto de Galinhas (PE) e Monte Verde (MG), respectivamente.
Até grandes redes internacionais de hotéis já se conformaram que será o turismo doméstico o responsável pelas receitas no que resta de 2020. “Nós acreditamos que países com fortes mercados domésticos locais e mercados propensos ao lazer se recuperarão primeiro. E o Brasil cumpre os dois requisitos”, diz Jorge Giannattasio, vice-presidente sênior e head de operações da rede de hotéis Hilton para o Caribe e América Latina.
A aposta no turismo de lazer tem uma razão de ser: a hotelaria de negócios depende da recuperação das companhias aéreas e dos eventos corporativos como feiras e de convenções, ainda sem previsão de retomada.
Viagens de voluntariado
O turismo doméstico pode até ser o salvador da pátria neste momento de pandemia, mas não significa que as pessoas deixaram de lado a vontade de viajar para outro país.
A pesquisa “O que os viajantes estão buscando no pós-pandemia”, da plataforma Worldpackers, que oferece hospedagem em troca de trabalho voluntário nas acomodações, mostra que o principal objetivo da próxima viagem dos seus usuários será aprender um idioma e que a maioria está planejando viajar somente no segundo semestre do ano que vem.
Segundo Ricardo Lima, CEO e fundador do Worldpackers, a procura por viagens na plataforma diminuiu consideravelmente nos primeiros meses da pandemia, chegando a um terço do número de voluntários que buscavam por uma experiência de viagem colaborativa no período de março a junho de 2019. Agora, eles também começam a sentir os sinais da recuperação.
“Apesar de ainda muito distante da realidade pré-pandemia, o desejo de viajar tem crescido mês após mês. Houve um aumento de 40% na procura por viagens de maio para junho e de 10% de junho para julho”, diz Lima, que também observa duas novas tendências: maior interesse em destinos de natureza (locais abertos) e com maior duração no mesmo local.
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