TikTok age como uma 'loja de doces' no cérebro de crianças, diz jornal
Resumo da notícia:
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal demonstra como o TikTok impacta a capacidade de atenção das crianças;
Artigo publicado no jornal científico NeuroImage em 2021 examinou o efeito da plataforma nos centros de recompensa do cérebro;
Exames de ressonância magnética dos participantes que assistiram a vídeos personalizados tiveram altos picos de ativação na parte de dependência do cérebro.
Redes sociais e, principalmente o TikTok, estão impactando negativamente a capacidade de atenção das crianças. Isso é o que diz uma reportagem publicada pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal.
A matéria cita um artigo apresentado no jornal científico NeuroImage em 2021, que examinou o efeito da plataforma no cérebro, analisando como vídeos personalizados, quando comparados aos de interesse geral, influenciam os centros de recompensa mental.
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No estudo, exames de ressonância magnética dos participantes que assistiram a vídeos personalizados tiveram altos picos de ativação na parte de dependência do cérebro, demonstrando que estes indivíduos lutaram para controlar quando parar de vê-los.
O Dr. Michael Manos, diretor clínico do Centro de Atenção e Aprendizagem da Cleveland Clinic Children's, diz que “a atenção direcionada é a capacidade de inibir distrações e manter a atenção adequadamente. Requer habilidades de ordem superior, como planejamento e priorização”.
Segundo Manos, crianças geralmente lutam com essa habilidade porque o córtex pré-frontal não fica completamente desenvolvido até os 25 anos.
“Se o cérebro das crianças se acostuma a mudanças constantes, o cérebro acha difícil se adaptar a uma atividade não digital onde as coisas não se movem tão rápido”, observa o diretor clínico.
O TikTok tem um algoritmo de personalização dos feeds de vídeo baseados no tempo em que estes são assistidos, alternando em seguida para um conteúdo similar.
Contudo, ao que parece, a empresa já está trabalhando em maneiras de fazer com que o algoritmo diversifique os vídeos.
Segundo a reportagem, o cérebro libera o neurotransmissor dopamina quando antecipa uma recompensa, e o prazer gerado com um vídeo viral faz com que o indivíduo deseje mais daquilo constantemente.
O especialista em ética tecnológica e autor de livros James Williams afirma que é o efeito nas crianças é como se as deixassem viver em uma loja de doces para depois pedir que ignorassem as guloseimas e passassem a comer um prato de legumes.
*As informações são do The Wall Street Journal e NeuroImage.