Testes do real digital devem começar em 2023; veja como vai funcionar
Em 2021, o Banco Central anunciou que estava desenvolvendo o Real Digital;
Moeda digital que deverá funcionar como uma extensão da moeda física;
Pessoas interessadas em utilizar o Real Digital deverão obter uma carteira virtual.
Os testes do chamado real digital deverão começar em 2023, segundo o economista do Banco Central (BC), Fábio Araújo. De acordo com ele, o cronograma inicial previa os primeiros pilotos ainda em 2022, mas a greve dos funcionários do Banco Central atrasou a programação.
“A gente tinha a intenção de começar os pilotos [testes] talvez ainda no final desse ano, mas a greve atrasou bastante o cronograma. De toda forma, em 2023 e, em boa parte de 2024, a gente vai ter os pilotos rodando e as condições de ter certeza do lançamento da moeda digital na segunda metade de 2024”, disse Araújo em debate virtual sobre o tema, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na noite desta segunda-feira (30).
Em 2021, o Banco Central anunciou que estava desenvolvendo o Real Digital, uma moeda digital que deverá funcionar como uma extensão da moeda física. A principal diferença das criptomoedas, o Real Digital será garantido pelo BC e trará a possibilidade do uso de novas tecnologias, como contratos inteligentes, pagamento em outros países, e utilização em internet das coisas (IoT).
De acordo com o BC, as pessoas interessadas em utilizar o Real Digital deverão obter uma carteira virtual de um agente autorizado pelo Banco Central – como um banco ou uma instituição de pagamento. A versão inicial da moeda digital será uma opção adicional ao uso de cédulas convencionais, e poderá ser convertida para qualquer outra forma de pagamento hoje disponível – como depósito bancário convencional ou em real físico.
E o dinheiro físico?
Segundo o Banco Central, a ideia é fazer com que a moeda virtual seja um complemento ao real em espécie. Nesse sentido, é importante considerar que, no Brasil, ainda há grande parte da população sem acesso a serviços financeiros.
“Assim, quando o BC movimenta a liquidez da economia, em sua missão de garantir a estabilidade do valor de compra do real, a quantidade de reais digitais em circulação será levada em conta”, diz o órgão em comunicado.
Assim, o real digital irá compor a medida de agregado monetário de maior liquidez disponível, similar a depósitos bancários e à moeda física em poder das pessoas.
Desafios
O maior desafio à implantação de um real digital decorre do fato de o sistema de pagamentos brasileiro já ser moderno, com boas soluções implantadas tanto para pagamentos no atacado quanto no varejo.
Para o BC, o desafio é que o mercado brasileiro ainda não está completamente maduro para esses novos modelos.
“O Banco Central deve estar preparado para desenvolver instrumentos para atender às demandas da sociedade e para garantir a eficácia de suas políticas de estabilidade monetária e financeira, conforme expresso em sua missão. O real digital parece ser a ferramenta ideal para essas tarefas”, diz comunicado do órgão.