Taxas dos contratos futuros de juros sobem com ajustes após primeiro impacto do arcabouço

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SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros subiram nesta sexta-feira, um dia depois de o governo lançar o novo arcabouço fiscal, com os investidores ajustando posições e incorporando aos preços ponderações sobre as dificuldades de implementação das novas regras.

Na quinta-feira, o lançamento do arcabouço foi recebido positivamente, apesar das dúvidas sobre sua eficácia para estabilizar a dívida pública. Numa primeira reação ao anúncio, as taxas cederam em toda a curva a termo.

Esta sexta-feira foi marcada, no entanto, por ajustes técnicos, com participantes do mercado reagindo a avaliações de que, ainda que a regra traga limitações para as despesas, o governo somente atingirá a meta de 1% do PIB de superávit primário em 2026 se houver um aumento de receitas. Não está claro justamente de onde virão essas receitas --algo que ficou para ser detalhado pelo governo em um segundo momento.

“Numa percepção inicial, o mercado reagiu bem. O mercado queria uma regra para trabalhar, porque antes não tínhamos regra nenhuma”, comentou Wagner Varejão, especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos, ao tratar do recuo das taxas na quinta-feira. “Mas o arcabouço não equaciona nosso problema fiscal.”

A percepção de que ainda faltam elementos para que a conta do governo feche abriu espaço para a alta das taxas dos contratos futuros nesta sexta-feira, ainda que, no fechamento, as taxas dos vértices mais longos tenham voltado a registrar leves perdas.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,455%, ante 13,423% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,19%, ante 13,153% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,005%, ante 11,951%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 12,06%, ante 12,085% do ajuste anterior.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 11% de chances de o Banco Central reduzir a Selic (a taxa básica de juros) em 0,25 ponto porcentual no encontro de maio e 89% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

Estes percentuais surgem após o arcabouço fiscal e depois da coletiva de imprensa do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na quinta-feira, quando ele reafirmou preocupações com as expectativas de inflação.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries sustentavam baixas no fim da tarde. Às 16:43 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 7,40 pontos-base, a 3,477%.

(Por Fabrício de Castro)