AFP
Mais 530 pessoas foram mortas, muitas por franco-atiradores, e quase 280 sequestradas por gangues que atuam impunemente no Haiti, informou o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos nesta terça-feira (21).De janeiro a 15 de março, "531 pessoas morreram, 300 ficaram feridas e 277 foram sequestradas em incidentes relacionados a gangues que ocorreram principalmente na capital, Porto Príncipe", disse Marta Hurtado, porta-voz da organização, a repórteres em Genebra."A maioria das vítimas foi morta ou ferida por franco-atiradores que supostamente atiraram aleatoriamente nas pessoas em suas casas ou na rua", disse a porta-voz. Somente nas duas primeiras semanas de março, confrontos entre gangues resultaram em pelo menos 208 mortos, 164 feridos e 101 sequestros.O Escritório de Direitos Humanos da ONU está muito preocupado com a violência no Haiti, onde "os confrontos entre gangues são cada vez mais violentos e frequentes", disse Hurtado. "Pedimos à comunidade internacional que considere urgentemente o envio de uma força de apoio especializada (...) com um plano de ação completo e preciso", Hurtado.Segundo a ONU, as gangues estão tentando ampliar seu controle territorial na capital e em outras regiões atacando pessoas que vivem em áreas controladas por seus rivais.Entre as vítimas das balas perdidas estão estudantes e professores. A ONU também denunciou o aumento de sequestros de pais e alunos nas proximidades dos centros de estudos, o que levou ao fechamento de muitas escolas. Sem a proteção de um ambiente escolar, "muitas crianças foram recrutadas à força por gangues", disse Hurtado.- Milhares de deslocados -O Haiti - o país mais pobre das Américas - está há anos imerso em uma crise humanitária, econômica e política, agravada desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021 e acentuada pelo aumento da violência das gangues. A instabilidade crônica e a violência dispararam os preços dos alimentos e metade da população do Haiti não tem o suficiente para comer, disse Hurtado. Pelo menos 160 mil pessoas foram deslocadas e vivem em condições precárias, sendo que um quarto delas sobrevive em acampamentos, com acesso limitado a serviços básicos de saneamento, acrescentou.“A violência sexual também é usada por gangues contra mulheres e meninas para aterrorizá-las, subjugá-las e punir a população”, denunciou Hurtado, que afirmou que gangues sequestram meninas para pressionar as famílias a pagar um resgate. O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, exortou as autoridades haitianas a resolverem a situação de segurança, com reforço da polícia e reforma do sistema judicial.apo/vog/pc-an/zm/aa