Yahoo Finanças 'Sem dinheiro', CEO da FTX paga 'a maior fiança de todos os tempos'
Valores deste porte são criados como forma de punir financeiramente o réu em caso de fuga;
Casa de pais de Sam Bankman-Fried foi posta como garantia;
Ainda é preciso encontrar alguém que não seja parente de SBF para assinar a documentação necessária.
A fiança de US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) de Sam Bankman-Fried foi descrita pelo procurador assistente dos Estados Unidos, Nicolas Roos, como "a maior de todos os tempos". Curiosamente, o antigo CEO da FTX que se diz sem dinheiro, pagou a quantia e está respondendo em liberdade às acusações judiciais que enfrenta.
O fundador da FTX, que chegou a ser uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo, é acusado de gastar US$ 8 bilhões (R$ 41 bilhões) de seus clientes em imóveis de luxo, doações políticas e em repasses para suas outras empresas. Atualmente, SBF, como também é conhecido, diz ter apenas US$ 100 mil em sua conta bancária. Como então ele conseguiu realizar o pagamento milionário?
A fiança foi paga pelos pais de SBF, que colocaram sua casa como garantia do comparecimento do réu à audiência do processo. Barbara Fried e Joseph Bankman são professores renomados de direito tributário na Universidade de Stanford. Apesar disso, dificilmente eles teriam condições de ter um imóvel tão valioso.
Acontece que geralmente esses altos valores de fiança são estabelecidos como forma de criar uma punição financeira pesada em caso de fuga do acusado. Para que o réu responda em liberdade é possível que seja garantido pelo menos 10% do valor estabelecido. A alta quantia também serve para sinalizar a gravidade das acusações do réu. "O senhor Bankman-Fried perpetuou uma fraude de proporções épicas, roubando bilhões de clientes, credores e defraudando investidores", afirmou Nicholas Roos.
O documento que garante os fundos de fiança, no entanto, precisa ser assinado por mais pessoas que não sejam os pais de SBF. Ao todo, são necessários cinco declarantes, um dos quais não pode ser parente do acusado. Ainda não está certo se Sam Bankman-Fried tem outras pessoas dispostas a colocar seus nomes ou fundos para permitir sua resposta em liberdade.
No passado, entretanto, já houve casos em que esse requisito foi dispensado. Quando o grande golpista Bernie Madoff se viu sem signatários além de sua esposa e seu irmão para pagar uma fiança de US$ 10 milhões, o juiz federal Gabriel Gorenstein, o mesmo que decidiu a fiança de SBF, dispensou a exigência de signatários adicionais. Três meses depois Madoff se declarou culpado das acusações.
