'Se eu não fosse presidente da Câmara, minha atitude contra Bolsonaro seria muito mais dura', diz Maia sobre impeachment
O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou nesta terça-feira (23) que caso não fosse presidente da Câmara, no ano passado, teria tomado uma atitude diferente em relação ao processo de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido).
“Uma coisa é ser deputado de oposição, outra é ser presidente da Câmara. Se eu não fosse presidente, minha atitude no ano passado contra o Bolsonaro seria muito mais dura do que foi, porque meu papel era institucional também”, disse Maia em entrevista ao UOL.
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O ex-presidente da Câmara ainda avaliou que seu mandato como chefe da Casa foi “duro” com o presidente da República. Maia considera que foi o primeiro a críticar Bolsonaro, inclusive “antes da esquerda e artistas”, como ele mesmo ressaltou.
“Em relação ao Bolsonaro, fui muito duro, fui o primeiro a criticá-lo em 2019 quando todo mundo tinha medo, inclusive a esquerda e artistas. Eu disse que o governo dele era um deserto de ideias, que ele tinha que sair da internet e governar”.
Maia respondia questionamentos sobre o processo de impeachment do presidente que já conta com mais de 60 pedidos de impeachment protocolados na Câmara.
O parlamentar, no entanto, afirmou ainda que um impeachment neste momento geraria uma polarização, o que, segundo ele, "é tudo o que o Bolsonaro precisa e tenta fazer todos os dias" pois ia tirar da pauta a pandemia.
IMPEACHMENT
Na visão dele, que foi o responsável por tocar o processo para tirar a ex-presidente Dilma Roussef (PT) e que também teve a chance de abrir um processo de impeachment contra o ex-presidente Michel Temer (MDB), as situações em que o país vivia eram diferentes.
No caso de Dilma, o deputado disse acreditar que “além da pedalada fiscal, o governo tinha perdido as condições políticas de governar o Brasil. “Tinha meu conhecimento pessoal e votei assim [a favor do impeachment]”, disse.
Já em relação ao Temer, Maia afirmou que tinha uma convivção de que as investigações contra o ex-presidente eram “um excesso” e que estava comprovado que os “procuradores da lava jato cometiam excesso”.
“Ainda vou escrever um livro sobre esse período do governo do Temer. Eu seria o beneficiário com a queda do Temer, pela denúncia, pelo menos por seis meses, e o Brasil ficaria ingovernado. Primeiro pela peça em relação ao Temer, que depois se revelou um absurdo [processo de investigação da Lava Jato] e segundo do ponto de vista institucional. Conduzi da forma correta para que o país pudesse chegar em um eleição em 2018”, concluiu.