Safra de milho sofre risco de perdas com seca no Centro-Oeste
(Bloomberg) -- O tempo seco ameaça reduzir a safra brasileira de milho a apenas um mĂȘs da colheita, o que exacerba as preocupaçÔes com a oferta quando o mundo enfrenta uma disparada na inflação de alimentos.
Na regiĂŁo Centro-Oeste, que abriga a safrinha colhida durante os meses de inverno, abril foi mais seco do que o esperado e algumas ĂĄreas ficaram sem quantidades significativas de chuva por um mĂȘs. Essas condiçÔes dificultam a maturação do grĂŁo.
âVemos estimativas de safra recorde, mas na realidade sabemos que jĂĄ hĂĄ um grande prejuĂzo, mesmo que as chuvas se concretizemâ, disse Lucas Costa Beber, vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
Como segundo maior exportador de milho, atrĂĄs apenas dos EUA, a importĂąncia do Brasil para o abastecimento mundial de alimentos aumentou Ă medida que os ataques russos forçam agricultores ucranianos a abandonar o plantio e pegar em armas, e as rotas marĂtimas de exportação para um dos principais celeiros do mundo foram fechadas pela frota naval de Vladimir Putin.
Os preços do milho subiram 35% este ano em meio a uma confluĂȘncia de ameaças de oferta, com a demanda pĂłs-pandemia em expansĂŁo. Os agricultores dos EUA estĂŁo em uma posição fraca para preencher e os dĂ©ficits brasileiros, pois semeiam menos milho por causa dos altos custos de fertilizantes.
A ĂĄrea seca â que compreende partes dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, GoiĂĄs e Minas Gerais â responde por mais de 72% da safrinha, que Ă© destinada principalmente a exportação. Em Mato Grosso, por exemplo, a safrinha nĂŁo alcançara Ă s estimativas anteriores de 40 a 41 milhĂ”es de toneladas, segundo Beber.
Pouca chuva
Mais chuva nas próximas semanas pode ajudar, mas as previsÔes meteorológicas não são promissoras. O clima quente e seco persistirå até esta semana, esgotando ainda mais a umidade do solo, de acordo com Celso Oliveira, meteorologista da Climatempo.
Hå previsão de chuva na próxima semana, mas a precipitação até 7 de maio não deve ser suficiente para desfazer os danos, disse Oliveira.
Pesquisadores de safras estĂŁo nos campos para atualizar suas estimativas, inclusive os tĂ©cnicos da Conab. A AgRural, que projetava uma safra de 91,3 milhĂ”es de toneladas nas Ășltimas semanas, provavelmente cortarĂĄ esse nĂșmero por conta do clima, segundo a analista Daniele Siqueira.
âEm Mato Grosso, acabou a fase mais suscetĂvel da safra, mas precisamos de chuvasâ, disse ela em entrevista.
Mesmo assim, Ă© muito provĂĄvel que a colheita do paĂs supere o recorde anterior de 75 milhĂ”es de toneladas durante a safra 2019-20, principalmente devido a uma ĂĄrea de plantio mais expansiva, disse ela.
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