Israel e grupos armados palestinos decidem por trégua após 35 mortos em 5 dias
O exército israelense e grupos armados palestinos da Faixa de Gaza concordaram neste sábado (13) com um cessar-fogo, após cinco dias de disparos de foguetes e mísseis que deixaram 33 mortos no enclave palestino e dois em Israel.
O Egito, mediador tradicional entre as duas partes, recebeu a aprovação de ambas as partes para uma trégua que começou às 22h locais (16h de Brasília), informaram fontes egípcias e palestinas à AFP.
Um funcionário do governo israelense, questionado pela AFP, recusou-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto.
Cerca de 15 minutos após a entrada em vigor do cessar-fogo, foram registrados alguns lançamentos de foguetes e novos bombardeios israelenses, antes de um aparente retorno à calma.
De acordo com o exército israelense, dois foguetes foram lançados contra Gaza após as 23h (17h de Brasília), sem causar vítimas. Os habitantes do enclave voltaram a sair às ruas, que estavam desertas há vários dias.
A escalada começou na terça-feira com ataques israelenses contra a Jihad Islâmica, um grupo considerado "organização terrorista" por Israel, a União Europeia e os Estados Unidos.
Trata-se do maior surto de violência entre ambas as partes desde agosto de 2022.
Israel e a Jihad Islâmica agradeceram ao Egito por seu papel de mediador. "Ambas as partes concordaram com um cessar-fogo que começou às 22h", disse à AFP Mohammad al Hindi, responsável pelo ramo político da Jihad Islâmica.
- "O que fizemos?" -
"A resposta à calma será a calma, e se Israel for atacado ou ameaçado, seguirá fazendo o que for necessário para se defender", afirmou um comunicado oficial israelense em nome de Tsachi Hanegbi, assessor de segurança nacional do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, sem confirmar nenhum acordo.
Em Gaza, governada pelo movimento islâmico Hamas desde 2007, o Ministério do Interior acusou Israel de direcionar seus ataques "a alvos civis e prédios residenciais".
Na cidade israelense de Tel Aviv, mais de 2.000 manifestantes protestaram durante a noite contra a guerra, informaram repórteres da AFP.
De acordo com o exército israelense, um foguete palestino caiu em uma área agrícola israelense em Shokeda, a menos de 10 quilômetros da Faixa de Gaza, ferindo um trabalhador palestino que morreu no hospital.
Essa morte eleva para 34 o número de palestinos mortos nos confrontos desde terça-feira, 33 deles na Faixa de Gaza. Do lado israelense, um octogenário morreu na quinta-feira em Rehovot, no centro de Israel.
Entre os palestinos mortos estão seis comandantes da Jihad Islâmica, bem como combatentes desse movimento e da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), outro grupo armado.
Jornalistas da AFP constataram no sábado os estragos causados pelos bombardeios israelenses em áreas residenciais como Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, e Deir al Balah, mais ao centro.
"Não vejo trégua", declarou Muhammad Muhanna, de 58 anos, entre os escombros de sua casa em Gaza. "Todo o povo palestino sofre. O que fizemos?"
- 1.230 foguetes -
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) confirmou na sexta-feira a morte de pelo menos 13 civis, sete deles menores de idade. O exército israelense afirma que quatro civis, três deles menores de idade, foram mortos por foguetes palestinos que caíram dentro da Faixa de Gaza.
O exército afirmou ter atingido 371 "alvos terroristas" e afirmou que cerca de 1.230 foguetes foram disparados em direção a Israel, mais de 370 dos quais foram interceptados pelo sistema de defesa antiaérea.
A Faixa de Gaza é um território palestino empobrecido e pequeno, onde vivem 2,3 milhões de pessoas. Desde 2007, quando o movimento islâmico Hamas assumiu o controle total do enclave, ele está sujeito a um estrito bloqueio israelense.
O território tem sido palco de várias guerras com Israel desde 2008.
Em agosto de 2022, três dias de confrontos entre Israel e a Jihad Islâmica causaram a morte de 49 palestinos, incluindo pelo menos 19 crianças, segundo a ONU. Mais de mil foguetes foram disparados na ocasião de Gaza em direção a Israel, deixando feridos.
No norte da Cisjordânia ocupada, dois combatentes palestinos do braço armado do Fatah, o movimento do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, morreram neste sábado em uma operação do exército israelense no campo de refugiados de Balata, em Nablus.
Outro palestino foi morto à tarde, segundo o exército, depois de tentar atacar a polícia com uma faca.
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