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(Bloomberg) -- Com a recuperação da economia global e preços das commodities no maior nível dos últimos anos, investidores de mercados emergentes buscam refúgio em uma área que oferece proteção contra os efeitos da inflação.Embora a onda vendedora global de títulos neste ano e a perspectiva de aceleração da inflação tenham atingido mercados do Brasil à Rússia, a dívida atrelada ao ritmo de alta dos preços ao consumidor resistiu à tempestade melhor do que seus pares nominais.A maior pressão sobre os preços há muito tempo prejudica o apelo de títulos e moedas de mercados em desenvolvimento. Agora, dados globais novamente enviam sinais de alerta. A inflação dos EUA em março ficou acima das estimativas, enquanto o IPC também se acelerou no Peru, Brasil, Coreia do Sul e Índia devido ao aumento dos custos de energia e alimentos. Na quinta-feira, a inflação no México subiu no ritmo mais rápido em mais de três anos. Ao mesmo tempo, bancos centrais enfrentam pressão para manter os juros baixos para aliviar o impacto econômico da pandemia de coronavírus.“A maneira mais rápida para formuladores de políticas de mercados emergentes estimularem a economia é por meio da política monetária”, disse Michael Roche, estrategista da Seaport Global Holdings, em Nova York. “Esta atividade cria expectativas de inflação, o que leva investidores de renda fixa a buscarem proteção em títulos atrelados ao IPC.”As expectativas de inflação devem continuar subindo à medida que bancos centrais de mercados emergentes liderem o movimento no lugar do Federal Reserve, disse Roche. O Fed sinalizou que continuará com a política monetária expansionista por um período prolongado. O chamado ponto de equilíbrio de cinco anos dos Treasuries - um indicador baseado em títulos que indica as expectativas de inflação no maior mercado de dívida do mundo - subiram para quase 2,6%, perto do maior nível em mais de uma década.As expectativas de inflação no Brasil também estão em alta, com as taxas de ponto de equilíbrio de um ano em 5,1%, a banda superior do intervalo da meta do Banco Central para 2022, em meio ao aumento dos gastos do governo. Como resultado, os títulos indexados à inflação com vencimento em 2030 perderam apenas 6,8%, mesmo com a queda de 9,6% das notas prefixadas.RiscosExistem riscos para a estratégia. Edwin Gutierrez, gestor da Aberdeen Asset Management em Londres, diz que embora a aposta possa ser mantida por mais um mês ou mais, os preços dos alimentos e combustíveis parecem ter atingido o pico.Gennadiy Goldberg, estrategista de juros da TD Securities em Nova York, também enfatiza a necessidade de estar atento.Se a inflação não se materializar, “podemos ver alguns investidores lucrando com o hedge de inflação e isso pode levar à reversão do movimento” no final deste ano, disse.No momento, porém, com os temores de inflação em alta ao redor do mundo, investidores ainda podem buscar hedge.“Continuaremos a ver alguma força no curto prazo” em títulos indexados à inflação, disse Goldberg. “Os mercados estão apostando que a política frouxa dos bancos centrais, demanda reprimida e expectativas de crescimento acelerado criarão uma tempestade perfeita para a inflação.”For more articles like this, please visit us at bloomberg.comSubscribe now to stay ahead with the most trusted business news source.©2021 Bloomberg L.P.