Realizadora tunisina na corrida pela Palma de Ouro

Na corrida pela Palma de Ouro, estão estreantes como Kaouther Ben Hania, uma jovem realizadora tunisina que causou sensação na primeira semana do Festival de Cannes com o filme "Les Filles d'Olfa".

A realizadora já tinha participado nas secções paralelas do Festival de Cannes, mas é a primeira vez que tem um filme na competição.

"Não fiquei emocionada, mas muito feliz quando soube da seleção oficial da competição e quando soube os nomes dos outros realizadores, Ken Loach, Wes Anderson, Wim Wenders... É uma loucura o que me está a acontecer e eu estou muito feliz por estar aqui", diz a realizadora.

"Les Filles d'Olfa" mistura ficção e realidade. Conta a história da maldição da família de Olfa, uma mãe tunisina que vê as duas filhas juntarem-se ao autodenominado Estado Islâmico.

"Achei fascinante como a história de Olfa e das filhas, como na pequena história está a grande história da Tunísia, como a Revolução afetou as suas vidas. Aliás Olfa diz em determinado momento: 'Quando houve a Revolução, eu também queria fazer a minha revolução, divorciar-me do meu marido, ir embora...", conta.

O filme conjuga testemunhos e cenas reencenadas, que envolvem Olfa e as duas filhas mais novas com atrizes profissionais.

A equipa que fez o filme é maioritariamente constituída por mulheres.

"Quando começámos a filmar, a preparação, eu queria escolher uma equipa bem feminina, e até os homens que estariam no cenário, queria que fossem "women friendly", como se diz, porque eu sabia que ia levar todo mundo a uma confissão íntima, algo muito terapêutico, muito introspetivo e muito feminino sobre Olfa, as suas filhas, as suas histórias, mas também as atrizes. Era muito importante ter um espaço seguro onde todos estivessem em modo empatia, e não julgamento", explica Kaouther Ben Hania.

Há 21 filmes em competição. A Palma de Ouro será entregue no sábado.