Projeto oferece cursos ministrados por mulheres e pessoas trans a um 'preço consciente'

Criadora do projeto, Fabi Kassabian defende a democratização do conhecimento por meio de cursos acessíveis (Arquivo pessoal)
Criadora do projeto, Fabi Kassabian defende a democratização do conhecimento por meio de cursos acessíveis (Arquivo pessoal)
  • A Brava oferece cursos e palestras em diferentes áreas

  • Iniciativa digital conecta professores e alunos de todo o Brasil

  • Todas as aulas são ministradas por mulheres e pessoas trans

"Vou preparar um drink enquanto a galera chega por aqui". O que parece um diálogo de mesa de bar é, na verdade, a recepção de um curso sobre a história da imprensa lésbica no Brasil. Ministrada por pesquisadores especialistas na área, a formação contou com a presença de dezenas de pessoas, sendo que cada uma delas pagou um preço diferente para participar (e algumas não desembolsaram nada).

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Focada na disseminação de cursos, oficinas, palestras e grupos de estudo, a Brava apostou na criação do pagamento por meio do 'valor consciente'. A modalidade permite que um mesmo curso custe preços diferentes para cada pessoa, variando de acordo com a possibilidade financeira de quem se inscreve. Também são oferecidas bolsas integrais para quem não tem condições financeiras.

"A Brava se propõe a ser um lugar que compartilha conhecimento de uma forma popular. Para possibilitar que todas as pessoas interessadas participem, cada um paga o quanto pode", explica Fabi Kassabian, 30 anos, criadora do projeto. "Isso gera uma consciência nas pessoas que o valor pago é importante para a manutenção do espaço. Inclusive, muitas pessoas pagam o maior valor porque elas entendem que o sistema permite que outras também possam acessar o curso pagamento menos".

Durante a pandemia, todas as aulas são ministradas de maneira virtual através da plataforma Zoom. Apresentadas apenas por mulheres e pessoas trans, as formações abrangem diferentes áreas como cultura, cinema, literatura e até mesmo fabricação de cervejas artesanais.

Para além de conhecimentos instrumentais, o espaço também aposta em encontros sobre vivências e de formação de pensamento crítico. "O emocional é sempre uma coisa muito jogada de lado pela academia e pela elite, como se fosse uma coisa que não é válida. Então quando uma pessoa está brava, ela é automaticamente desqualificada porque ela está agindo pelo emocional. Nós queremos subverter essa lógica", diz Fabi.

Pessoas de qualquer lugar do país podem oferecer cursos ou participar das aulas. A agenda de cada mês é compartilhada pelo perfil do projeto no Instagram. É só preparar o drink e participar.