Pressionado, Bolsonaro já cogita troca no Ministério da Saúde
Diante da pressão de aliados e do aumento no número de mortes pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro tem cogitado a troca do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.
Com a adoção de um discurso pró-vacina, o Palácio do Planalto avalia que a demissão de Pazuello poderia estancar a perda de popularidade de Bolsonaro.
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Publicamente, o presidente ainda vem defendendo a atuação do ministro da Saúde, que já deixou claro que apenas “obedece” ao chefe do Executivo. Mas, nos bastidores, Bolsonaro já teria sido convencido a adotar algumas mudanças na condução da pandemia, como diminuir o tom em relação à vacinação e o uso de máscara em eventos. Nesta semana, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) tentou viralizar nas redes sociais o slogan “Nossa arma é a vacina”.
E o próximo passo do ‘Plano Vacina’ seria a saída do ministro da Saúde.
Com isso, a responsabilidade pelo colapso no sistema de saúde e pelo fracasso na negociação das vacinas contra covid-19 seria centralizado no chefe da pasta.
O primeiro golpe para o presidente foi quando João Doria apareceu para o Brasil como o primeiro gestor a vacinar no país.
Agora, com a volta do ex-presidente Lula ao cenário político, o alerta acendeu no governo. Em seu primeiro discurso após decisão que anulou suas condenações e o tornou elegível, Lula defendeu a vacinação como saída para a pandemia e atacou a gestão de Bolsonaro no combate à covid-19.
Governistas viram que esse será o tema central da campanha em 2022 e se preocuparam com a repercussão que a fala de Lula teve.
O presidente também teria se irritado na quinta-feira (11) com a gravação de um vídeo por Pazuello negando o colapso na rede de saúde.
Segundo aliados, a saída do ministro da Saúde acalmaria ainda os ânimos no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) descartou a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades na atuação do governo de Jair Bolsonaro no combate à covid-19. Mas, em contrapartida, teria recebido do governo a sinalização da troca na pasta da Saúde.
Por outro lado, o Centrão já estaria se articulando para indicar o substituto do general. A pressão é para que o ministério seja entregue ao PP. De acordo com auxiliares presidenciais, a única exigência de Bolsonaro é que o novo ministro não defenda medidas restritivas, como o lockdown e fechamento de comércio.
Os ministros militares querem que o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que já foi ministro da Saúde no governo Michel Temer, assuma o cargo. Mas ele ainda resiste à indicação.
No entanto, líderes do Centrão estão de olho no Ministério da Saúde no momento em que aumentaram os recursos para a compra de vacinas. O presidente sancionou nesta semana a medida provisória que facilita a compra dos imunizantes, insumos e serviços necessários à imunização, com dispensa de licitação e regras mais flexíveis para contratos.