‘Febre’ dos IPOs: por que tantas empresas querem abrir capital na B3
O mercado de investimentos brasileiro passa hoje por um momento incomum: a quantidade de empresas pedindo abertura de capital na B3, a bolsa de valores de São Paulo, é atípica.
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A própria B3 confirma. Até o último dia 14 de setembro, eram 45 companhias com pedidos de ofertas públicas em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Sem contar os 13 IPOs já realizados até agora. Entre esses pedidos, estão os de grandes redes varejistas, como a Havan de Luciano Hang. Essas empresas estão, segundo especialistas ouvidos pelo Yahoo Finanças, de olho em uma mudança no perfil de investidores com dinheiro alocado na bolsa.
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Não que esse fenômeno seja totalmente inédito. “Já tivemos outros períodos com grande volume de ofertas públicas”, diz a B3. “Em 2007, por exemplo, foram realizados 64 IPOs.” Segundo os especialistas, essa “janela”, é muito mais rara do que em outras economias, como a dos Estados Unidos, onde o fluxo de empresas que buscam no IPO uma forma de captar recursos é muito mais recorrente.
Por que as empresas querem abrir capital em 2020
Para a B3, esse processo foi iniciado ainda em 2019 e — apesar da crise em decorrência da pandemia do novo coronavírus — se manteve. “A combinação de taxas de juros em níveis historicamente baixos, a redução da participação do financiamento via agentes públicos e a consolidação de uma base de investidores locais em busca de opções para diversificar seus investimentos tem impulsionado o processo de busca de recursos no mercado de capitais por parte das companhias brasileiras.”
O “juro baixo”, palavra-chave mais ouvida dos especialistas, é o grande motivador. Esse cenário aumenta a atratividade da renda variável, como o investimento em ações. Cria-se, então, uma base maior de investidores, e um ambiente mais propício para a captação de recursos pelas empresas na bolsa.
Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital aposta que esse cenário deve ser “o novo normal no Brasil, daqui pra frente”. Zanlorenzi acredita que a atual política econômica deve se sustentar no longo prazo, e junto com ela, o fluxo de dinheiro para a renda variável, em detrimento da renda fixa.
“Nesse cenário, a oferta de ações é uma estratégia interessante de captação de recursos para as empresas”, explica.
Pedro Mesquita, head de Investment Banking da XP, acredita que a atenção dos investidores está voltada para a manutenção das políticas econômicas que impulsionaram esse movimento. “o Brasil está longe de viver uma bolha nesse tipo de mercado, porque há muito dinheiro represado”, diz.
“A economia já dá sinais de volta, os serviços estão voltando. A gente vê a COVID como algo que veio, impactou, mas não é a maior preocupação do investidor. Hoje a maior preocupação é local, com um pouco de instabilidade política. A política econômica até agora foi muito bem feita. O medo é que ela mude por outras variáveis”, afirma.
Devo investir em IPOs?
Apesar de soar muito atraente o investimento em uma empresa que acaba de entrar na Bolsa, é importante primeiro buscar informação sobre o investimento em ações. Conheça o seu perfil e os riscos que se está disposto a assumir.
“Investir em renda variável quer dizer correr mais risco. Você pode perder dinheiro. Não é uma garantia de rentabilidade”, alerta o head da XP. "A bolsa não é um investimento correto para pessoas que não a entendem. Quanto mais informação, estudo, menos chance de errar.”
Já Zanlorenzi, do BTG, explica que a abertura de capital nem sempre é sinal de um bom momento. “O investidor precisa olhar quais setores estão fazendo esses IPOs, se são setores ou empresas promissoras. Não dá pra achar que só porque está tendo IPO ele automaticamente vai ser demandado, ou automaticamente vai ser um sucesso."
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