Por que os carros populares estão tão caros no Brasil?
Modelos de carros populares deve deixar de existir no Brasil;
Carros disponíveis nas revendedoras vem com preços a partir de R$ 47 mil;
Especialistas creditam fim dos carros populares a exigências da indústria;
Modelos de entrada das montadoras, os chamados carros populares, estão sumindo das linhas de produção, e os disponíveis nos revendedores vêm com preços nada populares, a partir de R$ 47 mil. E com vários exemplares acima dos R$ 60 mil, conforme revelado por informações do jornal O Globo nesta segunda-feira.
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Em meio a saída de linha de modelos clássicos, como o Volkswagen Gol e o Fiat Uno, das concessionárias brasileiras, de acordo com o jornal, os dois carros zero quilômetro mais baratos do país atualmente são o Fiat Mobi e o Renault Kwid, cujos modelos mais básicos custam, respectivamente, R$ 47.301 e R$ 47.562, segundo a tabela Fipe. O carro mais vendido do país neste ano é o Fiat Argo, que sai por nada menos que R$ 66.260, o equivalente a 55 salários mínimos, considerando o piso aprovado pelo Congresso para 2022.
Especialistas creditam o fim dos carros populares a exigências da indústria
A situação da falta de carros populares, segundo especialistas e a própria indústria, ouvidos pelo jornal O Globo, não está relacionado apenas à escassez global de semicondutores provocada pela pandemia, que tem limitado a produção das montadoras. A conjuntura intensificou o foco das marcas nos modelos premium, mas quem entende do mercado é taxativo: os preços populares não voltarão mais.
Segundo o jornal, as crescentes exigências regulatórias no Brasil, seguindo padrões de segurança de países desenvolvidos como a obrigatoriedade de airbags, encarecem os populares, dizem as montadoras. A partir de 2022, esses modelos também terão de contar com controle de vapores emitidos durante o abastecimento, mais um item no custo de produção: Além disso, demandas do motorista brasileiro tornaram praticamente obrigatórias amenidades como ar-condicionado e sistema de entretenimento, mesmo nos modelos mais básicos.
O diretor técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Jr., diz que o carro “despojado e com o mínimo necessário” para pessoas de menor poder aquisitivo não existirá mais. Segundo ele, é uma tendência global iniciada nos EUA e na Europa: "As exigências regulatórias são cada vez maiores e tornam os carros mais seguros e tecnológicos. Há regulamentos de controle de poluição, que exigem níveis cada vez menores de emissões. A régua sobe e traz um custo", completou ao jornal O Globo.