População mais pobre sofre mais para comprar absorventes
(Getty Images)
Inflação acumulada sobre os absorventes é maior para famílias de baixa renda
Desde 1999, inflação no INPC foi de 108,2%, enquanto no IPCA foi de 97,8%
Dados foram divulgados pelo IBGE
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a inflação acumulada sobre os absorventes, nos últimos anos, é maior para as famílias de baixa renda do que para as que têm melhores condições. As informações são do portal Metrópoles.
Para chegar à conclusão, dois índices foram analisados: o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que verifica o custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que engloba a maior parcela da população, com renda mensal de até 40 salários mínimos.
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No subitem ‘absorvente higiênico’, enquanto a inflação no IPCA foi de 97,8%, no INPC houve alta de 108,2%. A análise foi feita desde 1999, ano de início da série histórica disponibilizada pelo IBGE.
“Os preços no mercado são os mesmos. O que muda? O peso para o item no orçamento. Ou seja, o custo para um pobre comprar um absorvente é maior do que para um rico”, explica Maria Andreia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Por gastarem todo o salário com itens básicos, como alimentação, medicamento e transporte, a população mais pobre sofre mais com as variações de preço. De acordo com o economista da FGV, André Braz, a estatística deixa claro esse impacto.
“É como se fosse assim: o arroz e o feijão subiram 20%. Para o rico, essa alta não representa nada, pois pesa pouco na renda dele. Mas não acontece o mesmo entre os mais pobres. Por outro lado, a gasolina afeta sobretudo as famílias mais ricas”, aponta.
Ambos os indicadores usam como base a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), atualizada mensalmente com a variação dos preços.
Bolsonaro veta distribuição de absorventes
No último dia 7, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda, mulheres em situação de vulnerabilidade e presidiárias.
A proposta original surgiu na Câmara dos Deputados e havia sido aprovada também pelo Senado Federal em 14 de setembro. Em seguida, a medida foi para sanção do presidente.
Bolsonaro sancionou o projeto, levando à criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. No entanto, o presidente vetou o artigo 1º, justamente o que falava na distribuição de absorventes menstruais. Além disso, Bolsonaro negou a inclusão do item de higiene pessoal como parte das cestas básicas distribuídas pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.