Planeta encontrado pelo telescópio Kepler ficou "esquecido" em dados — até agora
O telescópio espacial Kepler iniciou suas observações em 2009 e, já logo neste começo das atividades, encontrou o KOI-5Ab, seu segundo candidato a exoplaneta e que seria menor do que Saturno. Só que, conforme outras descobertas foram acontecendo, o possível planeta ficou esquecido — mas isso mudou: com dados obtidos por outros telescópios, o cientista David Ciardi o “ressuscitou” e confirmou sua existência. As descobertas foram apresentadas durante a conferência virtual da American Astronomical Society (AAS).
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O planeta foi o segundo candidato encontrado pela missão, mas logo ficou de lado conforme novos eram descobertos: “ele foi abandonado porque era complicado, e tínhamos milhares de candidatos”, explica Ciardi. Assim, depois da detecção inicial feita pelo Kepler, outros cientistas começaram analisar o KOI-5Ab como parte de candidatos que eles estavam acompanhando; ali, eles determinaram que a estrela que o KOI-5Ab orbitava parecia fazer parte de um sistema triplo.
Mesmo assim, ainda não estava claro se o sistema KOI-5 realmente tinha um planeta — e, se tivesse, qual seria a estrela que ele orbitava —, ou se o que viam era causado por algum ruído no sinal. Foi em 2018 que o telescópio espacial TESS entrou na jogada; assim como o Kepler, esse telescópio também observa a discreta mudança na luz das estrelas quando um planeta passa à frente delas durante seu trânsito. Assim, o TESS observou o sistema KOI-5, e os dados mostraram que o KOI-5Ab era, de fato, um candidato a planeta, que orbitava sua estrela a cada cinco dias.
Quando Ciardi viu os dados do TESS, notou que eles eram familiares. Ao analisar o material obtido por outros telescópios em solo, ele concluiu finalmente que se tratava de um novo planeta. “Bingo, estava lá! Se não fosse pelo TESS observar o planeta novamente, eu nunca teria voltado e feito esse trabalho de detetive”, relata. Agora, já sabemos que o KOI-5Ab tem realmente cerca de metade da massa de Saturno. Ele orbita a estrela A, que está relativamente próxima de sua companheira, B. As duas se orbitam a cada 30 anos, e a estrela A é gravitacionalmente ligada à estrela C, que orbita as outras duas a cada 400 anos.
O conjunto de dados combinados também mostra que o plano orbital do planeta KOI-5Ab não está alinhado com o da estrela B, que é a segunda mais interna deste sistema — só que isso é esperado quando planetas e estrelas se formam a partir do mesmo disco de material. Ainda não está claro o que causou o desalinhamento, mas é possível que a segunda estrela o tenha “expulsado” gravitacionalmente durante sua formação, de modo que a órbita foi afetada e o planeta migrou para o interior do sistema.
Embora esta não seja a primeira evidência de um exoplaneta em um sistema estelar duplo — ou, neste caso, triplo —, ainda há várias perguntas sem resposta. Assim, instrumentos futuros como o Palomar Radial Velocity Instrument (PARVI), do telescópio Hale, irão ajudar a abrir caminhos para as respostas virem: “ainda temos várias perguntas sobre como e quando os planetas podem se formar em sistemas de estrelas múltiplas, e como as propriedades deles se comparam às dos sistemas de uma só estrela”, explica. Jessie Dotson, cientista de projeto do Kepler, ressalta que o estudo mostra a importância do conjunto completo de telescópios espaciais da NASA, aliado à sintonia deles com os sistemas em solo.
Fonte: Canaltech
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