Pimco e BlackRock veem período longo de Treasuries instáveis

(Bloomberg) -- BlackRock, Pimco e Vanguard alertam que as recentes oscilações bruscas dos títulos do Tesouro americano são apenas o começo de um novo período de alta volatilidade, que deve perdurar até que os bancos centrais vençam a inflação.

Um indicador da volatilidade no maior mercado de títulos do mundo já atingiu níveis vistos pela última vez durante a crise financeira global de 2008-2009, em meio à turbulência no setor bancário, impasse do teto da dívida e aperto monetário.

Para as gigantes da renda fixa, que têm trilhões de dólares sob gestão, essa é a nova realidade com a qual os investidores terão de lidar, possivelmente pelos próximos anos.

Um fator importante foi a mudança de foco do Federal Reserve, de estímulo para combate à disparada de preços.

“Uma inflação mais alta significa que a volatilidade em torno da taxa básica do Fed é maior”, disse Michael Cudzil, gestor sênior da Pimco. “É possível que voltemos a um mundo com juros baixos e inflação baixa, mas depois de ponderar todas as probabilidades, atribuímos chances mais fortes de maior volatilidade na próxima década.”

Uma das principais implicações disso é que “ser apenas um participante passivo”, seguindo um índice, “não permitirá que você aproveite os deslocamentos nos mercados”, disse Cudzil.

Esse ponto de vista é compartilhado por Jean Boivin, chefe do BlackRock Investment Institute.

Preços mais altos são impulsionados por fatores como envelhecimento da população e colapso das cadeias de suprimentos globais, deixando os bancos centrais com uma escolha difícil, disse Boivin, que foi vice-governador do Banco do Canadá.

“Ou estabilizam a inflação e a trazem de volta à meta rapidamente, gerando uma recessão significativa, ou você tolera mais inflação para evitar danos”, disse ele.

O índice ICE BofA MOVE, que mede a volatilidade do mercado de Treasuries, permanece bem acima de sua média de cinco anos, enquanto a volatilidade dos mercados de renda variável e câmbio estão baixas.

A divergência reflete como a expectativa de cortes de juros do Fed — que o mercado espera até o final do ano — contém a alta do dólar e reforça as perspectivas para as ações.

Prever a trajetória da inflação é crucial. Na renda fixa, aumenta a importância dos gestores ativos, que viram sua participação de mercado encolher durante um longo período de crescimento modesto e inflação abaixo da meta, que amorteceu as flutuações e favoreceu os investidores passivos.

Os fundos ativos atraíram cerca de US$ 8,3 bilhões de fluxo positivo este ano até abril, após um êxodo de US$ 525 bilhões no ano passado, segundo dados da Morningstar. Eles ainda estão atrás dos US$ 92 bilhões que entraram em fundos passivos, que já haviam atraído US$ 193 bilhões de ingressos em 2022.

“Existem oportunidades para investidores ativos porque as funções de reação da política monetária estão em constante mudança”, disse Roger Hallam, chefe global de renda fixa da Vanguard. “Os investidores precisam avaliar por quanto tempo o Fed fará uma pausa e se o passo seguinte será uma alta ou um corte.”

--Com a colaboração de Ye Xie.

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