(Bloomberg) -- Uma das maiores gestoras de ativos da Europa aposta que os mercados se enganam ao esperar que o Federal Reserve corte juros este ano, em meio a uma inflação persistente.

A Pictet Asset Management está vendida em derivativos de juros americanos, que, como títulos, se valorizam com apostas de taxas mais baixas. Andrés Sánchez Balcázar, chefe de títulos globais da gigante de investimentos, acredita que a precificação do mercado para uma guinada da política monetária nos EUA já em setembro é “extrema”.

“Pode ser muito, muito difícil para o Fed cortar juros rapidamente, a menos que algo terrível aconteça. E, no momento, não é esse o caso”, disse Balcázar em entrevista. “É por isso que achamos que faria sentido ficar vendido em alguns desses contratos do mercado monetário que parecem um pouco otimistas demais com cortes.”

A Pictet, com cerca de US$ 680 bilhões sob gestão, se posicionou sobretudo contra os futuros de setembro e dezembro da SOFR, a taxa interbancária de referência para derivativos em dólar, que precificam 0,50 ponto percentual de corte no segundo semestre.

A posição complementa uma estratégia mais ampla da Pictet, que, como um número crescente de investidores, aposta que a curva de juros nos EUA se acentuará gradualmente se o Fed iniciar cortes no próximo ano. Esses fundos estão comprando títulos do Tesouro americano de cinco e 10 anos, e vendendo vencimentos de 15 a 30 anos.

“Se os cortes acontecerão no final do ano ou no ano que vem, há alguma incerteza”, disse Balcázar. “Mas o quadro geral, a visão de longo prazo é clara para nós: haverá cortes, a economia vai desacelerar, há uma chance crescente de recessão e, portanto, este é o momento certo para comprar Treasuries, em particular na parte intermediária da curva.”

A visão da Pictet sobre o momento de cortar juros contrasta com a da JPMorgan Asset Management, que disse que os mercados estão corretos em apostar que os juros nos EUA podem começar a cair no terceiro trimestre, à medida que o crescimento desacelera.

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