PIB do Brasil cresceu em 2022 mais que o previsto pelo segundo ano seguido
SĂO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ano de 2022 foi o segundo seguido em que os economistas do setor pĂșblico e privado foram surpreendidos com uma atividade econĂŽmica mais forte do que as projeçÔes de um ano antes.
Em 2021, a economia cresceu 5%, ante uma estimativa inicial de 3,4%. Em 2022, cresceu 2,9%, bem acima dos 0,4% esperados um ano antes, de acordo com o boletim Focus, que apura as expectativas do setor privado.
O fim de algumas restriçÔes impostas pela pandemia no setor de serviços e no mercado de trabalho, um miniboom de preços de commodities e medidas de estĂmulo ao consumo explicam a maior parte das surpresas no PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado.
Esse "pessimismo" tambĂ©m pode ser explicado por uma frustração quando se olha para um prazo mais longo. Projetou-se um crescimento mĂ©dio de 1,9% ao ano de 2017 a 2019, na saĂda da recessĂŁo de 2014-2016, mas o resultado foi de 1,4% ao ano. Ou seja, menor que o estimado.
A principal surpresa positiva neste ano veio do setor de serviços, pelo lado da oferta, e do consumo das famĂlias, pelo lado da demanda. Ambos representam cerca de 70% do PIB. Com peso menor, mas tambĂ©m com desempenho bem acima do esperado, ficaram a indĂșstria e os investimentos.
Impulsionado pelos serviços, o mercado de trabalho surpreendeu positivamente. Esperava-se uma taxa de desemprego prĂłxima de 12% ao final deste ano. O nĂșmero ficou em 9,3%, o menor em sete anos.
A agropecuĂĄria, com a quebra parcial da safra de soja e a queda na produção de cana-de-açĂșcar, foi a grande decepção do ano. Esse Ă© tambĂ©m o Ășnico setor para o qual hĂĄ a expectativa de aceleração da atividade em 2023.
A economia mundial no ano passado rumou no sentido contrĂĄrio. No final de 2021, analistas do setor privado e de instituiçÔes multilaterais, como o FMI (Fundo MonetĂĄrio Internacional), viam um avanço significativo do PIB global e ainda nĂŁo esperavam que a inflação em paĂses desenvolvidos alcançasse os maiores valores em 40 anos.
Com isso, o PIB mundial deve ter fechado o ano passado com crescimento de 3,4%, segundo projeção do Fundo, ante 6% em 2021. Para 2023, a expectativa de avanço é de 2,0%, bem acima do 1,2% esperado para o Brasil.