Pesquisa mostra que trabalhadores do setor de tecnologia estão infelizes
Empresas como Meta e Amazon estão com dificuldades de reter seus funcionários;
Trabalhadores da tecnologia estão vivendo um momento de "precariedade econômica";
Dados tem origem em pesquisas internas das próprias empresas.
Pesquisas internas das grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Google, Microsoft e Meta, mostraram que seus trabalhadores estão cada vez mais insatisfeitos com seus salários e com as lideranças das empresas.
Analistas do setor apontam que dado o contexto atual de queda nas ações relacionadas à tecnologia e a maior competitividade no mercado de trabalho, é improvável que esse sentimento melhorará. Apesar de nos últimos anos, com a pandemia, os trabalhadores de tecnologia terem visto uma grande valorização de seus trabalhos, o momento atual é de "precariedade econômica", afirmou Dan Wang, professor na Faculdade de Administração de Columbia.
Na Amazon, uma pesquisa interna de 2021 revelou que 44,6% dos funcionários que buscavam um novo emprego citaram o salário base da empresa como motivo. Como resposta, a Amazon anunciou que iria aumentar o teto do pagamento base de US$ 160 mil para US$ 350 mil anuais. No entanto, muitos funcionários reclamaram afirmando que isto é mais um golpe de relações públicas do que um compromisso verdadeiro, visto que o aumento é válido apenas para o teto, e não vai impactar muitos funcionários.
Enquanto isso, os preços da Amazon nos Estados Unidos já caíram mais de 40% em relação a alta histórica, o que prejudica ainda mais ações distribuídas como bônus para funcionários. “Não vale mais a pena ficar aqui”, disse um funcionário da Amazon à revista Business Insider.
Já no Google, cerca de 47% dos empregados veem suas remunerações como abaixo da média para o setor. No ano passado esse número era de 37%. Na Microsoft a situação é a mesma, com 34% dos funcionários acreditando não ter sido "um bom negócio" ir trabalhar na Microsoft.
Embora a Microsoft tenha anunciado aumentos baseados em desempenho e pacotes de ações, muitos dos trabalhadores reclamaram, afirmando que receber ações ao invés de dinheiro é uma maneira de "nos manter ainda mais acorrentados à Microsoft".
Na Meta, o problema parece ser ainda mais embaixo, com os trabalhadores criticando abertamente as ações dos líderes das empresas em meio a escândalos de manipulação política, conhecimento sobre efeitos danosos, depoimentos no Congresso americano, e multas na agência de proteção ao consumidor dos Estados Unidos.
A empresa também foi a primeira dos grandes nomes da tecnologia a congelar as contratações, aumentando as preocupações de que um período de demissões está se aproximando. Desde então a Microsoft, Twitter, Salesforce e Uber também fizeram movimentos parecidos.