Percepção de equivalência de culpa da guerra na Ucrânia desqualifica o Brasil como mediador
Durante a reunião do G7, Lula voltou a se colocar como um possível mediador para buscar a paz entre russos e ucranianos. No entanto, algumas críticas e comentários do presidente brasileiro demonstram que ele ainda não vê a origem da guerra a partir de uma invasão russa. Lula afirmou ainda que a busca pela paz que a Ucrânia quer é irreal, pois ela representa a rendição total da Rússia.
Thiago de Aragão, analista político
Quando a soberania de um país que estava quieto em seu canto é violada por meio de uma invasão, não dá para relativizar o ato do agressor e equalizá-lo ao comportamento do agredido. A Ucrânia, violentada pela invasão russa, certamente não quer dividir a culpa da guerra com seu agressor. A percepção brasileira de equivalência de culpa é exatamente o que desqualifica o Brasil para o papel de mediador.
É absolutamente compreensível que o presidente Lula busque esse protagonismo como mediador. Afinal, sua reputação internacional que já era grande, se tornou maior ainda a partir da ausência internacional e das trapalhadas de seu antecessor. No entanto, prestígio não é sinônimo de conhecimento factual e conceitual do que está acontecendo.
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