Paper Excellence vence arbitragem contra J&F em briga pela Eldorado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Paper Excellence ganhou por três a zero a arbitragem contra a J&F que definia o caso da venda da Eldorado, empresa de celulose do grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Antes da decisão da arbitragem, J&F e Paper Excellence detinham, respectivamente, 51% e 49% do capital da empresa. Agora, a Paper passa a ter 100% da Eldorado. O caso foi judicializado pela Paper Excellence em 2019 na Câmara de Comércio Internacional, de arbitragem, após divergências entre as empresas. Em setembro de 2017, a J&F acertou a venda da Eldorado para a Paper Excellence por R$ 15 bilhões, incluindo R$ 7,5 bilhões em dívidas. A Paper Excellence teria um ano para levantar o financiamento e concluir o negócio. O contrato também obrigava a companhia a renegociar as dívidas da Eldorado com os bancos, o que liberaria as garantias oferecidas pelos Batista. Havia um prazo para que a alavancagem fosse resolvida: 3 de setembro de 2018. Segundo o contrato de compra e venda, se até o dia 3 de setembro de 2018 a questão não estivesse solucionada, a Paper Excellece ficaria como minoritária Nesse intervalo, mudanças do câmbio e do preço da celulose melhoraram o valor patrimonial da Eldorado e a Paper Excellence afirma que os Batista passaram a dificultar a quitação das dívidas. A reportagem procurou a assessoria dos irmãos Batista, mas não obteve retorno até a publicação do texto. Em entrevista à Folha, Claudio Cotrim, diretor-presidente da Paper Excellence no Brasil, acusou a família Batista de ter solicitado R$ 6 bilhões a mais do que teria direito em contrato para finalizar a venda da fábrica de celulose Eldorado. "Achávamos que nosso contrato era forte, mas não há contrato que se defenda de má-fé", disse Cotrim à Folha em sua primeira entrevista após o início da disputa. A Paper Excellence acusa os Batistas de terem agido de má fé e não cooperarem para a liberar as garantias. Também diz que a J&F quer elevar o valor acertado. Já assessores dos Batista afirmaram na época que a liberação das garantias era uma obrigação da Paper Excellence.