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Os especialistas em resgates de navios cargueiros gigantes

A dificuldade de apagar um incĂȘndio em mar aberto fez com que o navio Maersk Honam fosse rebocado atĂ© o porto, em 2018.
A dificuldade de apagar um incĂȘndio em mar aberto fez com que o navio Maersk Honam fosse rebocado atĂ© o porto, em 2018

Verão de 2010. A chuva golpeava as janelas. O mar violento batia no casco de aço do navio no meio da noite, e o barulho do vento era ensurdecedor.

O navio porta-contĂȘineres Kota Kado, com 230 metros de comprimento, havia encalhado prĂłximo ao porto de Hong Kong. A tripulação havia sido retirada, mas seu mestre de salvamento, o capitĂŁo Nick Sloane, permanecia na ponte da embarcação com seu colete salva-vidas, preparado para o pior. Ele observava a força do tufĂŁo que agora, na escuridĂŁo, assolava o navio acidentado.

Sloane havia se refugiado com apenas outros cinco membros da equipe de salvamento. Dias antes, eles haviam chegado ao Mar do Sul da China para resgatar o Kota Kado.

Quando a previsão do tempo mostrou que tufÔes atingiriam o navio encalhado, Sloane tomou a decisão de permanecer a bordo durante a noite com uma equipe reduzida. Ele queria sentir como o navio resistiria à tormenta, para entender onde foi mais atingido. Esta informação serviria para saber que medidas ele tomaria em seguida.

Mas a margem de erro era muito pequena. "NĂłs quase perdemos o navio naquela noite", ele conta.

Os navios de carga existentes no mundo transportam cerca de 90% do comĂ©rcio do planeta, mas nem sempre chegam ao seu destino sem incidentes. Segundo o relatĂłrio Safety and Shipping Review, da companhia de seguros Allianz, 27 navios de carga foram perdidos em grandes incidentes em 2021 — e 357, na Ășltima dĂ©cada.

Os navios pegam fogo. Eles se chocam contra rochedos, recifes e bancos de areia. TĂȘm problemas mecĂąnicos. Mas nem sempre afundam. Sempre que hĂĄ uma chance de resgatar um navio grande, seus donos quase sempre aproveitam, uma vez que estes navios podem valer centenas de milhĂ”es de dĂłlares.

Os responsĂĄveis pelo resgate de navios jĂĄ presenciaram eventos extraordinĂĄrios no mar. Eles foram ao auxĂ­lio, por exemplo, do enorme navio porta-contĂȘineres Ever Given, quando ele encalhou e bloqueou o canal de Suez em 2021, prejudicando toda a cadeia global de suprimentos.

Mas quando um navio que pesa dezenas ou centenas de milhares de toneladas fica preso em algum lugar, como vocĂȘ o libera?

A remoção de contĂȘineres de navios acidentados como o Ever Forward - que encalhou na baĂ­a de Chesapeake, perto de Baltimore, nos Estados Unidos - Ă© um processo delicado
A remoção de contĂȘineres de navios acidentados como o Ever Forward — que encalhou na BaĂ­a de Chesapeake, perto de Baltimore, nos Estados Unidos — Ă© um processo delicado

O resgate de um navio perdido

Sloane agora é diretor do grupo Resolve Marine. Ele estava voltando para casa de uma partida da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, quando seu telefone tocou. Foi ali que ele soube que o Kota Kado estava com problemas. E voou para Hong Kong no dia seguinte.

A caminho do porto, o Kota Kado havia se chocado com um recife que fez um buraco na lateral do navio. Dois porÔes de carga começaram a encher de ågua, e a embarcação começou a afundar até atingir um banco de sedimentos a cerca de 46 km a sudoeste do seu destino.

A proa do Kota Kado encalhou no leito marinho e ficou presa. E, quanto mais a ĂĄgua invadia o navio, mais o peso fazia com que ele afundasse.

Sloane recorda que muita gente não acreditava que o Kota Kado pudesse ser resgatado: "Vårios técnicos disseram: 'OK, o navio estå totalmente perdido, preparem-se para remover os destroços". Mas ele achou que ainda havia uma chance.

"O navio continuou afundando, e a proa afundava de meio metro a um metro, literalmente todos os dias", ele conta.

"Era arriscado."

Sloane e seus colegas elaboraram um plano para reduzir a massa do navio e bombear o mĂĄximo de ĂĄgua possĂ­vel de dentro dele. Para isso, eram necessĂĄrias balsas equipadas com grandes guindastes.

Por sorte, Ă© assim que as cargas costumam ser descarregadas em Hong Kong, de forma que muitas dessas balsas estavam disponĂ­veis, e seus operadores jĂĄ estavam acostumados a retirar contĂȘineres dos navios e transportĂĄ-los para o porto.

Sloane queria remover o mĂĄximo de carga possĂ­vel. No fim das contas, as balsas tiraram mais de 1,2 mil contĂȘineres.

Este tipo de operação Ă© difĂ­cil e demorada, especialmente porque a proa do Kota Kado estava debaixo d'ĂĄgua. AlĂ©m disso, os contĂȘineres mais leves tendem a ser empilhados no topo, para ajudar a abaixar o centro de gravidade e manter o navio estĂĄvel. Mas isso tambĂ©m significa que leva mais tempo para atingir os contĂȘineres pesados, cuja remoção realmente faz a diferença.

Enormes quantidades de barro, lama e areia precisaram ser removidas para que o Ever Given flutuasse novamente, depois de ficar encalhado por seis dias no Canal de Suez
Enormes quantidades de barro, lama e areia precisaram ser removidas para que o Ever Given flutuasse novamente, depois de ficar encalhado por seis dias no Canal de Suez

Depois vieram os snorkels (tubos subaquĂĄticos) gigantes.

Para retirar a ågua do navio, Sloane e sua equipe depositaram grandes bombas embaixo d'ågua, no fundo de um dos compartimentos de carga. Eles também removeram as escotilhas do convés superior e soldaram enormes tubos retangulares (snorkels) sobre elas, antes de colocå-las de volta no lugar.

Os snorkels agora estavam suspensos até o bojo do navio. Por fim, uma equipe de mergulhadores conectou as bombas submersas a dois conjuntos de mangueiras estendidos verticalmente por meio dos snorkels.

Sloane relembra que as bombas trabalharam a todo vapor para evitar que a ĂĄgua inundasse a sala de mĂĄquinas, que abriga os equipamentos mais caros e sensĂ­veis.

Depois de remover enormes volumes de ĂĄgua do porĂŁo, a equipe de salvamento finalmente conseguiu encher alguns dos tanques de lastro do navio com ar, para que ele flutuasse novamente.

Sloane explica que, se eles tivessem tentado fazer isso antes, os tanques poderiam ter rompido.

"Quando vocĂȘ desce a mais de 10 metros de profundidade, Ă© preciso ter muito cuidado com a quantidade de pressĂŁo que vocĂȘ introduz."

Depois de toda essa operação complicada — e apesar de nĂŁo apenas um, mas dois tufĂ”es (e o segundo foi bastante forte) —, o Kota Kado foi resgatado e acabou sendo rebocado atĂ© um estaleiro para reparos. Ele ainda navega hoje, mas com outro nome.

A força da natureza

Quando os navios acabam em lugares para os quais não foram projetados, como quando ficam encalhados na lama ou são lançados contra os rochedos, as forças da natureza podem parti-los ao meio. É por isso que as fortes tempestades representaram uma ameaça tão grande para o Kota Kado.

"Como um grampo de papel, quanto mais vocĂȘ dobra, uma hora ele acaba se partindo", afirma Rosalind Blazejczyk, arquiteta naval e sĂłcia-gerente da empresa Solis Marine Consultants.

Ela explica como é problemåtico quando um navio encalhado é erguido ou girado por ondas sucessivas, que podem bater nele por horas durante um swell (quando se forma uma ondulação contínua) ou na maré alta, empurrando uma ponta do navio para cima e lançando-a novamente para baixo.

Inesperadamente, o aço parece não ser tão forte nestas situaçÔes. Sloane conta que sua equipe às vezes solda enormes vigas ao convés do navio, simplesmente para evitar seu rompimento.

Blazejczyk diz que os especialistas em salvamento, como ela própria, geralmente usam modelos tridimensionais computadorizados do navio que estão tentando salvar, com o objetivo de avaliar melhor os efeitos das forças que estão agindo sobre ele.

"Algumas companhias de navegação possuem serviços de emergĂȘncia que tĂȘm um modelo do navio criado e pronto para uso", explica.

As equipes de salvamento colocam sensores por todo o casco para determinar como ele se move e flexiona durante a operação. Os dados destes sensores alimentam automaticamente o modelo que, por sua vez, indica quando uma parte específica do navio pode estar em risco de rachar.

A equipe de salvamento também pode utilizar lasers, programados sobre um navio acidentado, para monitorar seu movimento de forma bastante detalhada.

Os reboques que tentam puxar os navios para liberĂĄ-los tambĂ©m exercem forças significativas — mas, geralmente, estĂŁo longe de ser suficientes para liberar um navio encalhado por conta prĂłpria, diz Blazejczyk. Isso porque os reboques enfrentam a chamada força de reação do solo.

Blazejczyk lembra de um navio encalhado que, segundo seus cĂĄlculos, a equipe de resgate precisaria de 200 reboques para liberar — uma perspectiva impossĂ­vel. Em vez disso, as equipes muitas vezes precisam reduzir um pouco o peso das embarcaçÔes ou limpar os sedimentos que as prenderam antes que se movam.

'Colocar ordem no caos'

Às vezes, a pressĂŁo para fazer esse trabalho o mais rĂĄpido possĂ­vel Ă© enorme. Quando o Ever Given — um dos maiores navios porta-contĂȘineres do mundo — ficou preso no Canal de Suez, em 23 de março de 2021, ele ficou atravessado em diagonal na hidrovia, bloqueando todo o trĂĄfego.

Foram necessårios seis dias para liberå-lo e, durante este período, mais de 200 outros navios foram impedidos de passar, gerando uma fila de embarcaçÔes com mais de 100 km de comprimento, esperando para completar a travessia.

Quando um encalhe se torna um bloqueio, a tendĂȘncia Ă© que ele ganhe muito mais importĂąncia. O diretor-gerente da empresa holandesa Multraship, Leendert Muller, relembra o encalhe do navio porta-contĂȘineres CSCL JĂșpiter em 2017, na saĂ­da do porto de AntuĂ©rpia, na BĂ©lgica — o segundo maior porto da Europa, atrĂĄs apenas de RoterdĂŁ, na Holanda.

IncĂȘndios em navios porta-contĂȘineres sĂŁo um risco constante, especialmente quando material perigoso nĂŁo Ă© especificamente declarado
IncĂȘndios em navios porta-contĂȘineres sĂŁo um risco constante, especialmente quando material perigoso nĂŁo Ă© especificamente declarado

"Quando o comércio começa a parar ali, ele para também em outros portos da Europa, porque é toda uma cadeia comercial", explica Muller.

As equipes de resgate que foram ao auxĂ­lio do Ever Given, da Boskalis e da sua subsidiĂĄria SMIT Salvage, conheciam bem os altos riscos.

"Tentamos colocar ordem no caos", afirma Richard Janssen, diretor-gerente da SMIT.

Neste caso, a Autoridade do Canal de Suez usou uma draga e escavadoras para remover um enorme volume de lama e areia que estava sob o navio — ao todo, 30 mil metros cĂșbicos.

O interesse do pĂșblico pelo incidente foi tĂŁo grande que as pessoas começaram a compartilhar brincadeiras e memes sobre o Ever Given nas redes sociais. Muitos brincavam com a draga aparentemente minĂșscula fotografada retirando a areia em volta da enorme proa do navio. O veĂ­culo pertencia Ă  Autoridade do Canal de Suez, nĂŁo Ă  Boskalis, nem Ă  SMIT.

"A escavadora parecia engraçada porque é relativamente pequena em comparação com o tamanho do navio, mas, na verdade, ela fez um trabalho relativamente bom", afirma Janssen.

Ele explica que a remoção de parte do barro daquela årea ajudou a garantir que o Ever Given tivesse espaço suficiente para oscilar livremente durante a operação de flutuação.

E a dragagem tambĂ©m Ă© uma operação complexa. É mais fĂĄcil retirar a areia, segundo Janssen, enquanto a lama pode ser mais resistente.

Imagens das escavadoras trabalhando para retirar a lama e o lodo em volta da proa do Ever Given destacaram a enorme dimensĂŁo do navio encalhado
Imagens das escavadoras trabalhando para retirar a lama e o lodo em volta da proa do Ever Given destacaram a enorme dimensĂŁo do navio encalhado

Em março, outro navio de propriedade da companhia Evergreen atolou na lama na Baía de Chesapeake, no litoral nordeste dos Estados Unidos. A SMIT foi novamente chamada para resgatar o Ever Forward, junto com a empresa local Donjon Marine.

Os esforços iniciais para rebocar o navio atĂ© liberĂĄ-lo nĂŁo foram bem-sucedidos, de forma que a equipe de resgate começou a retirar os contĂȘineres um a um.

Ao todo, 510 contĂȘineres de 40 pĂ©s foram retirados — embora, curiosamente, esta seja apenas uma fração da carga do navio, que pode transportar milhares destes contĂȘineres.

A combinação da remoção da carga, dragagem e redução dos nĂ­veis de ĂĄgua de lastro no interior do navio, entre outras tĂ©cnicas, acabou conseguindo liberar o Ever Forward um mĂȘs depois do encalhe.

Os riscos causados pelo fogo

Os cenĂĄrios de encalhe sĂŁo pesadelos para a navegação, mas os incĂȘndios estĂŁo entre os maiores perigos em alto mar. Mesmo com toda a ĂĄgua ao seu redor, pode ser difĂ­cil apagar o fogo no meio do oceano. Os navios transportam combustĂ­vel e, Ă s vezes, carga explosiva ou altamente inflamĂĄvel — por isso, os riscos sĂŁo imensos.

Nos Ășltimos anos, navios que transportavam automĂłveis estiveram particularmente vulnerĂĄveis a incĂȘndios, pois problemas de funcionamento ou curtos-circuitos geraram chamas a bordo. Por isso, as baterias de Ă­ons de lĂ­tio (especialmente as dos veĂ­culos elĂ©tricos) sĂŁo consideradas agora um risco cada vez maior para os navios de carga, segundo as companhias de seguro.

Em 2018, o gigantesco porta-contĂȘineres Maersk Honam, com 353 metros de comprimento, pegou fogo no Mar ArĂĄbico, a caminho do Canal de Suez. Tragicamente, cinco marinheiros perderam a vida no incidente. Mas 22 tripulantes sobreviveram — e o navio tambĂ©m foi recuperado, graças aos esforços da SMIT Salvage.

"Foi um incĂȘndio muito forte na parte frontal do navio e, Ă© claro, vocĂȘ avalia: 'Como esse incĂȘndio vai evoluir ao longo do tempo?'", explica Richard Janssen.

Manter o fogo controlado na frente do navio evitou danos Ă  sala de mĂĄquinas e Ă s acomodaçÔes na parte de trĂĄs. Foi o maior incĂȘndio que a SMIT jĂĄ precisou combater em alto mar, segundo Janssen.

O fogo queimou a bordo por um mĂȘs, mas a equipe de resgate conseguiu controlĂĄ-lo e acabou por extingui-lo depois de rebocar o navio para um porto em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Depois que o incĂȘndio foi apagado a bordo do Maersk Honam, os resĂ­duos foram retirados por escavadoras e, por fim, toda a proa foi removida e substituĂ­da
Depois que o incĂȘndio foi apagado a bordo do Maersk Honam, os resĂ­duos foram retirados por escavadoras e, por fim, toda a proa foi removida e substituĂ­da

Posteriormente, em um estaleiro, toda a proa do Honam foi removida, e uma nova proa foi instalada para que pudesse voltar a navegar com um novo nome, Maersk Halifax, pouco mais de um ano apĂłs o incĂȘndio.

Rosalind Blazejczyk afirma que uma das dificuldades para combater um incĂȘndio em um navio Ă© o fato de que, embora a ĂĄgua seja essencial para controlar o fogo, vocĂȘ nĂŁo quer encher completamente os porĂ”es da embarcação para que nĂŁo fique instĂĄvel ou simplesmente afunde.

Além disso, o fogo pode danificar os recipientes de combustível a bordo, causar explosÔes e descarregar imensas quantidades de contaminantes no mar.

O Ăłleo combustĂ­vel e a ĂĄgua poluĂ­da que ficam no mar apĂłs os incĂȘndios nos navios precisam ser recuperados e tratados, segundo o capitĂŁo John Simpson, colega de Blazejczyk na Solis.

"Os custos podem atingir a casa dos milhÔes", acrescenta.

Os acidentes podem ficar mais sérios?

Leendert Muller afirma que a tecnologia de navegação avançou nos Ășltimos anos, o que significa que as colisĂ”es e encalhes de navios devem ficar menos comuns, em mĂ©dia, ao longo do tempo. Mas a desvantagem Ă© que os navios porta-contĂȘineres ficaram significativamente maiores e mais difĂ­ceis de manejar nos Ășltimos 10 ou 20 anos.

Hoje, a capacidade de transporte de contĂȘineres dos maiores navios do mundo Ă© 15 vezes maior que no final dos anos 1960.

O maior porta-contĂȘineres do mundo — o Ever ACE — possui capacidade de 23.992 TEUs (unidades equivalentes a contĂȘineres de 20 pĂ©s) e tem 399 metros de comprimento, enquanto o Encounter Bay, que entrou em serviço em 1969, tinha 227 metros de comprimento e podia transportar 1.578 TEUs.

Com o aumento do tamanho, o impacto dos encalhes tambĂ©m estĂĄ crescendo, observa Muller. E, de acordo com Nick Sloane, estĂĄ ficando mais difĂ­cil salvar os navios maiores de incĂȘndios ou quando eles atingem bancos de areia e lama.

A preocupação é que as equipes de resgate enfrentem cada vez mais obståculos que podem ser simplesmente grandes demais para superar.

E ninguém sabe quais seriam os impactos para as cadeias globais de fornecimento se os navios continuarem tendo problemas em canais de alto tråfego ou na saída de portos importantes.

"Ao longo de Hong Kong, vocĂȘ conseguiu colocar as balsas ao redor (do navio). Na BaĂ­a de Chesapeake, conseguiram colocar as balsas", relembra Sloane, se referindo ao Kota Kado e ao Ever Forward.

Mas ele adverte que existe o risco de que, algum dia, um dos grandes porta-contĂȘineres venha a encalhar em um local que seja muito mais difĂ­cil de acessar desta maneira durante uma operação de resgate.

"Vai ser um desafio", afirma ele.

"Acho que vai acontecer."

Leia a versĂŁo original desta reportagem (em inglĂȘs) no site BBC Future.

Esta reportagem foi originalmente publicada em https://bbc.in/3Pz8Nqm

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