Voltei a trabalhar. Como organizar as finanças?

(Foto: Getty Images)
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Por Breno Damascena (@brenobueller)

Nos últimos meses, o Brasil apresentou um saldo positivo na geração de empregos formais. Só em setembro, foram 157.213 vagas de trabalho com carteira assinada. Considerando o ano inteiro, foram criados 761.776 novos postos de trabalho. É natural, portanto, que muitas pessoas estejam voltando agora ao mercado depois de algum tempo sem receber salário — e isso requer alguns cuidados.

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Kelly Figueiredo, 35 anos, foi uma das pessoas que a crise pegou de surpresa. Quando foi demitida, não estava preparada e precisou mudar bastante o estilo de vida: diminuiu o número de saídas, parou de comer fora e, ainda assim, a rescisão ficou muito perto de acabar. “Se eu ficasse desempregada mais um pouco teria que voltar a viver com meus pais”, explica a mulher, que mora com o namorado e conseguiu, há quatro meses, a recolocação profissional em uma vaga temporária.

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O caso é semelhante ao de Caroline Costa, 26 anos: demitida há oito meses de uma central de atendimento, ela também voltou ao mercado de trabalho, ainda que temporariamente. Conseguiu pagar o aluguel e as outras contas obrigatórias com o dinheiro da rescisão e alguns trabalhos esporádicos como barista. “Tudo o que me restou agora foi um saldo de 10 reais na poupança, mas paguei quase todas as contas em dia”, comenta.

Voltei a trabalhar. Como equilibrar as contas?

Apesar das vagas de Caroline e Kelly serem temporárias, os rendimentos vêm em boa hora e podem ser utilizados para construir uma nova reserva de emergência. É isso que recomenda a palestrante e educadora financeira Odete Reis. “O ideal é guardar pelo menos o valor de 4 a 6 meses dos valores das contas fixas mensais em um investimento que tenha liquidez, isto é, que pode ser sacado a qualquer momento”, aponta.

De acordo com Odete, para passar pelo momento de intempérie é preciso realizar a análise da situação financeira desde o momento em que se recebe a notícia da demissão. “A primeira atitude é sentar com a família para estudar a conjuntura e entender quanto tempo o dinheiro vai durar”, indica. Para ela, se houver uma boa reserva de contingência, o dinheiro da rescisão deve ser aplicado, mas a busca por renda deve permanecer.

Close up of female accountant or banker making calculations. Savings, finances and economy concept
Close up of female accountant or banker making calculations. Savings, finances and economy concept

“O desemprego é uma oportunidade para se reorganizar. Enquanto busca a recolocação, a pessoa deve rever os gastos, cortar os gargalos e utilizar esse tempo para explorar habilidades e encontrar outras formas de ajudar nas despesas, seja com trabalhos temporários ou com a venda de objetos prescindíveis. Aproveite o tempo ocioso para fazer dinheiro”, assinala.

Dinheiro acabou? Fuja dos empréstimos

Caso o desocupação se estenda e o dinheiro acabe, o conselho da educadora financeira é evitar ao máximo pegar empréstimos com juros. “Procure ajuda entre familiares e amigos. Se não tiver jeito, pegue o mínimo possível porque a recuperação de um endividamento pode demorar muito”, alerta. E quando a recolocação, enfim, chegar, Odete defende que se espere pelo menos quatro meses para se estabilizar no emprego até começar a assumir novas responsabilidades.

“Antes de assinar uma franquia de internet melhor, trocar de celular ou voltar para a academia, é recomendável continuar firme na economia e procurar formas de potencializar esses honorários”, explica. Foi seguindo algumas dessas regras que o coordenardor administrativo Márcio Souza conseguiu passar 10 meses desempregado depois de 14 anos trabalhando no mesmo local. “Dividi a rescisão em duas partes: investimentos e gastos obrigatórios”, elucida.

Ele conta que passou os dois primeiros meses explorando o mercado financeiro. “Ajudou a ocupar a mente e a incrementar a renda”, lembra. Ele pretende continuar atuando na Bolsa de Valores com a expectativa de conseguir a liberdade econômica em 15 anos. “Está cada vez mais difícil para o trabalhador se aposentar”, justifica.