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O que a imagem do Sagittarius A* nos diz sobre buracos negros?

Com a histórica imagem do buraco negro supermassivo Sagittarius A* (Sgr A*), feita pela equipe do Event Horizon Telescope (EHT), os pesquisadores por trås do trabalho publicaram também uma série de seis artigos detalhando os resultados das observaçÔes. Com isso, aprendemos algumas coisas sobre esse objeto.

A “foto” do Sgr A* representa nĂŁo apenas uma grande façanha da astronomia moderna, mas tambĂ©m uma conquista para as futuras pesquisas sobre a fĂ­sica desses objetos e como a relatividade geral de Albert Einstein consegue descrevĂȘ-los.

Em seis artigos, o EHT descreveu não somente a imagem processada que vimos, como também as observaçÔes que resultaram em milhares de imagens brutas. Eles analisaram como funciona o disco acreção do Sgr A*, seu fluxo e a física gravitacional em escalas inacessíveis às outras observaçÔes da região.

Junto com a imagem do buraco negro da galĂĄxia M87, revelada em 2019, a nova foto confirma que a relatividade geral prevĂȘ com precisĂŁo os anĂ©is com lentes gravitacionais desses objetos. AliĂĄs, confirma tambĂ©m que essas caracterĂ­sticas devem ser universais para todos os buracos negros.

O que a imagem do Sgr A* nos diz?

A primeira imagem do buraco negro supermassivo Sagittarius A* (Imagem: Reprodução/EHT Collaboration)
A primeira imagem do buraco negro supermassivo Sagittarius A* (Imagem: Reprodução/EHT Collaboration)

Localizado a 55 milhÔes de anos-luz de distùncia, o M87* é um dos maiores buracos negros conhecidos e seiscentas vezes mais massivo que o Sgt A*. Por causa de suas distùncias relativas da Terra, ambos os buracos negros parecem ser do mesmo tamanho no céu.

JĂĄ o Sgr A* Ă© quatro milhĂ”es de vezes mais massivo que o nosso Sol, porĂ©m tem diĂąmetro 1.500 vezes menor que M87*. Para se ter uma noção de escala, o disco ao redor do buraco negro de nossa galĂĄxia Ă© mais ou menos do tamanho da Ăłrbita de JĂșpiter, enquanto a sombra do M87* Ă© muito maior, do tamanho da distĂąncia jĂĄ alcançada pelas sondas Voyager.

No entanto, o tamanho aparente deles no cĂ©u noturno, aqui na Terra, Ă© minĂșsculo — apenas um diĂąmetro de 52 microarcosegundos. A Lua, para comparação, tem 30 minutos de arco. Para um telescĂłpio terrestre “ver” os buracos negros, precisaria de ampliação o suficiente para enxergar uma rosquinha na Lua.

Milhares de imagens do buraco negro Sgr A* foram capturadas antes de serem processadas por algorítimos que excluíram as características menos frequentes (Imagem: Reprodução/EHT Collaboration)
Milhares de imagens do buraco negro Sgr A* foram capturadas antes de serem processadas por algorítimos que excluíram as características menos frequentes (Imagem: Reprodução/EHT Collaboration)

O Sgt A* é um buraco negro de Kerr, isto é, possui um movimento de rotação. Além disso, o disco de matéria ao seu redor gira em velocidade semelhante à do disco encontrado no M87*. Entretanto, como o Sgr A* é bem menor, o movimento de seu disco parece muito mais råpido. Afinal, ele tem uma distùncia menor para percorrer.

Esse movimento aparentemente mais rápido representou um grande obstáculo para o EHT. É que, por causa do gás turbulento girando ao redor de um “globo” (a sombra do buraco negro na imagem) relativamente pequeno (em comparação ao M87*), as milhares de imagens variam muito em morfologia.

Enquanto o gĂĄs leva de dias a semanas para orbitar o grandioso M87*, esse processo leva apenas alguns minutos no Sgr A*. Por isso, o brilho e o padrĂŁo do gĂĄs ao redor dele estavam mudando rapidamente Ă  medida que o EHT o observava.

Comparação de tamanho entre os buracos negros M87* e Sgr A* (Imagem: Reprodução/EHT Collaboration)
Comparação de tamanho entre os buracos negros M87* e Sgr A* (Imagem: Reprodução/EHT Collaboration)

Felizmente, uma vez ultrapassado este obstĂĄculo para resolver a imagem, isso nĂŁo faz muita diferença quando olhamos para o resultado. A teoria da relatividade de Einstein prevĂȘ que a forma da sombra serĂĄ sempre bastante circular, nĂŁo importa o quĂŁo rĂĄpido o buraco negro esteja girando ou de onde estamos olhando para ele.

No caso do Sgr A*, vemos um formato um pouco ovalado porque o objeto estå ligeiramente inclinado em relação ao nosso ponto de vista. Sabendo que a relatividade geral afirma que o disco é fechado e circular, os cientistas podem calcular o ùngulo de inclinação a partir das imagens.

Embora a årea escura no anel, chamada de sombra do buraco negro, pareça ser o horizonte de eventos, a superfície da qual nem mesmo a luz pode escapar, não é o caso. A trajetória da luz ao seu redor é distorcida pela intensa gravidade do buraco negro, produzindo uma sombra cerca de 2,5 vezes maior que o horizonte de eventos em si.

À esquerda, uma Ășnica imagem de uma simulação numĂ©rica do Sgr A*; no meio, a mĂ©dia desta simulação com amostragem de tempo que corresponde Ă s observaçÔes; Ă  direita, uma reconstrução de imagem (Imagem: Reprodução/Kazunori Akiyama et. al./The Astrophysical Journal Letters/Creative Commons)
À esquerda, uma Ășnica imagem de uma simulação numĂ©rica do Sgr A*; no meio, a mĂ©dia desta simulação com amostragem de tempo que corresponde Ă s observaçÔes; Ă  direita, uma reconstrução de imagem (Imagem: Reprodução/Kazunori Akiyama et. al./The Astrophysical Journal Letters/Creative Commons)

Outra caracterĂ­stica importante revelada pela imagem Ă© que o buraco negro estĂĄ voltado para nĂłs, assim como o M87*, com uma pequena diferença de Ăąngulo. É por isso que, ao observar a foto, vemos um dos polos do Sgt A*, com o disco de luz ao seu redor. Esse disco, na verdade, estĂĄ em torno da linha de equador do objeto.

Ver o Sgt A* quase inteiramente voltado para nĂłs Ă© algo que os cientistas nĂŁo estavam esperando. É quase uma coincidĂȘncia que as duas primeiras imagens de buracos negros na histĂłria da humanidade apareçam dessa forma, facilitando bastante a anĂĄlise da morfologia e comportamento dos objetos.

Sobre a Colaboração EHT

O EHT Ă© uma colaboração global que conectou oito observatĂłrios de rĂĄdio ao redor do planeta para formar um Ășnico telescĂłpio virtual do “tamanho da Terra”. Em 2017, eles observaram a regiĂŁo central da Via LĂĄctea e obtiveram vĂĄrias imagens da fonte de rĂĄdio conhecida como Sagittarius A*.

A rede de observatórios usada inclui o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e o Atacama Pathfinder EXperiment (APEX) no deserto de Atacama, no Chile. Uma nova campanha de observação ocorreu em março de 2022 e incluiu ainda mais telescópios do que os oito utilizados em 2017.

Podemos esperar novos estudos e simulaçÔes do buraco negro Sgr A* feitos a partir das observaçÔes do EHT. Assim como ocorreu após a imagem do M87*, talvez vejamos em breve a luz polarizada do buraco negro da Via Låctea, seu campo magnético mapeado e, talvez, mais futuramente, vídeos de buracos negros e os movimentos de seus discos de matéria.

Fonte: Canaltech

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