Número dois da Saúde defende "tratamento precoce" ineficaz contra coronavírus
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, defende em suas redes sociais o “tratamento precoce”, ineficaz contra o novo coronavírus, na mesma semana em que o ministro Eduardo Pazuello negou que a pasta tenha indicado o uso de medicamentos sem comprovação científica para o combate à Covid-19.
“Diagnóstico e tratamento precoce mitigam os riscos e os efeitos da Covid-19”, disse o secretário na madrugada de terça-feira (19), no Facebook, compartilhando uma publicação de julho de 2020 da AMB (Associação Médica Brasileira) em defesa da autonomia do médico para a prescrição da hidroxicloroquina.
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A postagem mais recente da entidade, porém, reprova o uso de qualquer fármaco sem eficácia cientificamente comprovada contra o coronavírus.
Na mesma madrugada, o número dois da Saúde compartilhou a mesma frase, desta vez com uma imagem de divulgação do ministério recomendando ao paciente solicitar “atendimento precoce” para tratar a Covid-19.
O Ministério Saúde lançou em 14 de janeiro o aplicativo TrateCOV, direcionado a profissionais de saúde para “aprimorar e agilizar os diagnósticos da Covid-19” e ajudar “o atendimento e resposta adequados para o paciente de acordo com cada caso”.
Em contrapartida, o aplicativo prescreve cloroquina, sua derivada hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina (medicamentos que não têm comprovação científica de eficácia para combater o coronavírius) até para pessoas com sintomas de ressaca, como uma leve dor de cabeça.
Na tarde de quinta, porém, o aplicativo saiu do ar. Procurado pelo Yahoo! Notícias, o Ministério da Saúde disse que a plataforma foi “lançada como um projeto-piloto” e que ainda não “estava funcionando oficialmente, apenas como um simulador”. Além disso, o órgão atribuiu a ativação do programa a uma “invasão”, afirmando que a retirada do ar será momentânea.
“O sistema foi invadido e ativado indevidamente – o que provocou a retirada do ar, que será momentânea”, afirmou. A pasta, porém, não apresentou provas e não deu detalhes sobre o que seria a “invasão”.
No entanto, programadores analisaram como o formulário funciona e descobriram que, ao invés de facilitar o diagnóstico da doença, o aplicativo receita o coquetel do suposto "tratamento precoce" para quase qualquer caso.