Novo ministro de Minas e Energia diz que vai pedir estudos para privatizar Petrobras
BRASĂLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em sua primeira declaração apĂłs a nomeação para o cargo, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta quarta-feira (11) que vai solicitar o inĂcio dos estudos para a privatização da Petrobras.
"Como parte do meu primeiro ato, solicito tambĂ©m o inĂcio dos estudos tendentes Ă proposição das alteraçÔes legislativas necessĂĄrias Ă desestatização da Petrobras", disse.
O novo ministro fez questĂŁo de destacar que conta com apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) para sua gestĂŁo. "Tenho uma meta e um norte muito simples. Deixo claro que essa meta, esse objetivo e esse norte foram expressamente apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro."
Sachsida afirmou que também vai pedir ao ministro Paulo Guedes (Economia) a inclusão da PPSA (Pré-sal Petróleo S.A.) no Programa Nacional de Desestatização, para que o governo avalie alternativas para sua privatização.
A PPSA é a estatal responsåvel pela comercialização da parcela de petróleo a que a União tem direito nos contratos de partilha, firmados com empresas que exploram o pré-sal.
A aposta liberal do novo ministro chega em um momento de grande pressĂŁo da ala polĂtica por medidas que aliviem o peso dos combustĂveis no bolso dos consumidores.
Na Ășltima segunda-feira (9), a Petrobras anunciou um novo reajuste no preço do diesel. O preço mĂ©dio do combustĂvel teve uma alta de 8,87% nas refinarias, passando de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro. O repasse aos consumidores depende de polĂticas comerciais de distribuidoras e postos de combustĂveis.
O reajuste era esperado pelo mercado, diante da escalada das cotaçÔes internacionais nas Ășltimas semanas, mas desagradou o governo e reavivou pedidos de criação de um subsĂdio federal para baixar os preços.
Em sua declaração, Sachsida nĂŁo citou diretamente a situação do preço dos combustĂveis, embora tenha mencionado "desafios geopolĂticos". A invasĂŁo da UcrĂąnia pela RĂșssia contribuiu para impulsionar as cotaçÔes de petrĂłleo e dĂłlar, levando a reboque os preços dos derivados.
Para atacar os problemas, o novo ministro defendeu a adoção de medidas estruturais e disse ter "100%" de apoio e aval de Bolsonaro. "Medidas pontuais tĂȘm pouco ou nenhum impacto, ou impacto oposto ao desejado", alertou, sem mencionar explicitamente os pedidos de subsĂdios aos combustĂveis.
Bolsonaro, que pretende a reeleição neste ano, tem criticado a polĂtica de preços da Petrobras. Na quinta-feira (5), o presidente afirmou que o lucro de R$ 44,5 bilhĂ”es da companhia no primeiro trimestre deste ano Ă© um "estupro" e um "absurdo".
"Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, nĂŁo aumente mais o preço dos combustĂveis. O lucro de vocĂȘs Ă© um estupro, Ă© um absurdo. VocĂȘs nĂŁo podem aumentar mais o preço do combustĂvel", disse durante sua live semanal.
O chefe do Executivo jĂĄ disse publicamente ter vontade de privatizar a empresa, diante do desgaste polĂtico sofrido pelo governo devido aos reajustes. O reajuste do diesel nesta semana sucede um mega-aumento dos combustĂveis anunciado em março pela companhia.
Para privatizar a Petrobras, o governo precisa de uma emenda constitucional, a ser aprovada pelo Congresso Nacional, para flexibilizar o monopólio que a União detém hoje sobre o petróleo.
Sachsida defendeu tambĂ©m a privatização da Eletrobras. "Existe hoje uma prioridade, uma urgĂȘncia no MinistĂ©rio de Minas e Energia, que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. NĂłs precisamos dar prosseguimento ao processo de capitalização da Eletrobras", afirmou.
"à fundamental avançar no processo de capitalização, sinal importante para atrair mais capitais para o Brasil e mostrar de maneira definitiva que Brasil é um porto seguro para investimentos", disse.
A capitalização da companhia, prevista para este ano, estå sob a avaliação do TCU (Tribunal de Contas da União), que deve dar seu parecer no próximo dia 18.
O novo ministro disse ainda ter segurança na "parceria com o Congresso Nacional" para aprovar projetos que alteram marcos legais do setor elétrico e mudar o regime de partilha, que rege os contratos de exploração no pré-sal.
No regime de partilha, a empresa vencedora do leilĂŁo Ă© aquela que oferece Ă UniĂŁo a maior fatia no petrĂłleo explorado ao longo do perĂodo do contrato. A Petrobras, por sua vez, tem direito de preferĂȘncia e pode exercĂȘ-lo em todas as ĂĄreas do prĂ©-sal, com participação mĂnima de 30% nos consĂłrcios.
"Tenho certeza que, em parceria com o Congresso Nacional, com as lideranças da CĂąmara e do Senado e as presidĂȘncias da CĂąmara e do Senado, iremos aprovar importantes projetos de lei para aprimorar nossos marcos legais, melhorar a segurança jurĂdica, dando a previsibilidade necessĂĄria para que o investimento privado flua cada vez mais para o Brasilâ", afirmou.