Netflix é acusada de mentir e acionistas pedem indenização; entenda

Smartphone with Netflix logo is placed on a keyboard in this illustration taken April 19, 2022. REUTERS/Dado Ruvic
Queda nas ações e perda de assinantes gerou prejuízos para os donos de papéis a empresa

(REUTERS/Dado Ruvic)

  • Netflix está sendo acusada de omitir informações importantes sobre seu crescimento;

  • Acionistas pedem que empresa pague indenizações para compensar perdas financeiras;

  • Streaming tem enfrentado uma onda de azar, com queda de ações, assinantes e concorrência acirrada.

A Netflix está sendo acusada, por seus acionistas, de ocultar previsões negativas relacionadas ao futuro do negócio e realizar afirmações falsas ou enganosas sobre seu crescimento. Eles agora pedem que a empresa pague indenizações para compensar as perdas financeiras.

A ação judicial foi movida no Tribunal de São Francisco, na Califórnia (EUA), em nome de todos os acionistas da gigante entre outubro de 2021 e abril deste ano. O processo aponta que o serviço de streaming teria evitado informar que o crescimento estava caindo em meio ao fortalecimento de rivais, como Disney+ e Amazon Prime.

Outra informação que teria sido escondida dos acionistas é o aumento nos preços das assinaturas nos Estados Unidos e Canadá, o que teria contribuído para a saída de 600 mil assinantes. Além disso, teria evitado falar que o uso de contas compartilhadas pelos clientes globais era um fator conhecido e citado no relatório publicado em abril, quando anunciou a perda de 200 mil membros.

De acordo com o documento, os valores das ações da Netflix caíram 67% a partir de novembro, o que deu prejuízos aos donos de papéis da companhia. Por conta disso, os acionistas requisitam indenizações para os investidores que negociaram ações da empresa entre 19 de outubro de 2021 e 19 de abril de 2022.

Entretanto, conforme apontado pela Exame, ganhar o caso pode não ser uma tarefa fácil. Afinal, os acionistas precisam convencer a Justiça de que a queda não foi normal para a empresa que, além de encarar concorrência, teve seus serviços suspensos na Rússia após a invasão da Ucrânia – o que reduziu 700 mil assinantes.

Queda histórica

No final de abril, ao divulgar os resultados do primeiro trimestre de 2022, a Netflix revelou uma perda histórica de assinantes. De acordo com os dados financeiros da empresa, 200 mil pessoas deixaram de ser membros do serviço entre janeiro e março deste ano em todo o mundo.

Apenas um dia depois do anúncio, a empresa viu suas ações derreterem na bolsa de Nova York. O serviço de streaming registrou uma queda de 35% nas negociações na quarta-feira (20) e viu evaporar nada menos que R$ 249 bilhões (US$ 54 bilhões) em seu valor de mercado.

O tombo das ações representou a maior perda diária da empresa em mais de uma década, segundo a agência Reuters. E a queda da Netflix respingou em outras empresas do ramo, com as ações de Walt Disney, Roku e Warner Bros Discovery, também ligadas ao streaming, caindo mais de 5,5% cada.