Netanyahu suspende reforma judicial para "evitar guerra civil"

Após semanas de um país a ferro e fogo e paralisado por uma greve nacional, o primeiro-ministro de Israel quebrou o silêncio. Benjamin Netanyahu suspendeu esta segunda-feira, de forma temporária, a votação da polémica reforma judicial.

Dez horas depois da hora marcada para uma declaração ao país, foi um primeiro-ministro visivelmente cansado e cauteloso na escolha das palavras quem apareceu aos israelitas para o tão aguardado anúncio, onde pela primeira vez se ouviu falar de diálogo.

"Por uma questão de responsabilidade nacional e para evitar uma fratura da população, decidi suspender a segunda e terceira leituras da lei, neste mandato do Knesset, deforma a dar tempo a um amplo consenso para aprovar a legislação durante a próxima sessão plenária", afirmou o líder do executivo israelita.

Oposição questiona separação de poderes

Entrando em vigor, o projeto de lei do governo de extrema-direita ia permitir, por exemplo, que o executivo de Netanyahu tivesse uma maior intervenção na escolha de juízes, nomeadamente dos que julgam atualmente o primeiro-ministro por corrupção.

Além de dar à coligação governamental a última palavra sobre todas as nomeações judiciais, a reforma judicial concederá também ao parlamento a autoridade para anular as decisões do Supremo Tribunal com uma maioria básica e limitar a revisão judicial das leis.

Com a suspensão da medida, os receios de uma guerra civil estão por agora mais apaziguados, pelo menos em Washington, com a Casa Branca a saudar "este anúncio como uma oportunidade de criar tempo e espaço adicionais para um compromisso".

As concessões de Netanyahu foram no entanto insuficientes para arrefecer os protestos em ebulição dentro de casa. Em Isarel os opositores apelaram a que as manifestações continuem até que a prometida reforma judicial seja totalmente esquecida.