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Morre Sidney Poitier, primeiro ator negro a ganhar o Oscar, aos 94 anos

·6 min de leitura

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - ​O ator e cineasta bahamense-americano Sidney Poitier morreu aos 94 anos. A informação foi confirmada pela secretaria de comunicação das Bahamas nesta sexta-feira (7), embora a causa da morte ainda nĂŁo tenha sido divulgada.

Com uma carreira de mais de sete dĂ©cadas, Poitier ganhou notoriedade ao se tornar o primeiro ator negro a vencer um Oscar, numa Ă©poca em que os Estados Unidos ainda tinham vĂĄrias leis de segregação racial e em que Hollywood pouco se importava com a diversidade nas telas. O prĂȘmio, de melhor ator, foi pelo filme "Uma Voz nas Sombras", de 1963.

Nele, Poitier viveu um faz-tudo que ajuda um grupo de freiras que quer construir uma capela no meio do deserto. A direção foi de Ralph Nelson.

O Oscar de melhor ator veio 25 anos depois de Hattie McDaniel se tornar a primeira negra a vencer uma estatueta de atuação, por "...E o Vento Levou". Mesmo com os esforços por representatividade em Hollywood encabeçados por McDaniel e Poitier, no entanto, foram necessĂĄrias mais duas dĂ©cadas atĂ© que outro ator negro vencesse o trofĂ©u mais cobiçado da indĂșstria.

Antes de fazer histĂłria ao ganhar o Oscar de melhor ator por "Uma Voz nas Sombras", Poitier jĂĄ havia quebrado uma barreira enorme, quando se tornou o primeiro negro a ser indicado Ă  categoria de melhor ator, pelo longa "Acorrentados", de 1958.

Tanto "Acorrentados" quanto "Uma Voz nas Sombras" renderam a Poitier o prĂȘmio de melhor ator no Festival de Berlim e, entre os dois tĂ­tulos, ele estrelou o musical "Porgy & Bess", "O Sol TornarĂĄ a Brilhar", "Paris Vive Ă  Noite" e "Tormentos D'Alma".

Mas foi após ganhar o homenzinho dourado que sua carreira de fato deslanchou. Numa década que viu o movimento pelos direitos civis ganhar força nos Estados Unidos, Poitier estrelou diversas tramas que denunciavam o racismo presente na sociedade da época.

São dos anos 1960, por exemplo, os filmes "Adivinhe Quem Vem para Jantar", de Stanley Kramer, em que Poitier viveu o namorado negro de uma moça branca, na noite em que é apresentado aos pais preconceituosos dela, e "No Calor da Noite", de Norman Jewison, que venceu cinco estatuetas do Oscar ao acompanhar um policial negro que investiga um assassinato no sul dos Estados Unidos.

Ainda nos anos 1960, o ator esteve em outros filmes importantes, como "A Maior HistĂłria de Todos os Tempos", "Uma Vida em Suspense", "Quando SĂł o Coração VĂȘ" e "Ao Mestre, com Carinho", que encantou toda uma geração com sua mĂșsica tema melosa e cativante.

Na década seguinte, Poitier integrou o elenco de "Noite sem Fim", "O Estranho John Kane", "A Organização" e "Conspiração Violenta".

Ele ainda se lançou como cineasta, dirigindo e atuando em "Um por Deus, Outro pelo Diabo", "Dezembro Ardente", "Aconteceu num Såbado", "Aconteceu Outra Vez" e "Os EspertalhÔes". Na nova função, não obteve tanto prestígio quanto o que teve como ator.

Mesmo assim, ele passou a primeira parte dos anos 1980 ocupando apenas a cadeira de direção, nos filmes "Loucos de Dar NĂł", "Hanky Panky, Uma Dupla em Apuros" e "Ritmo Quente". Seu Ășltimo trabalho como cineasta foi em "Papai Fantasma", de 1990, que surfava na popularidade do comediante Bill Cosby, hoje caĂ­do em desgraça apĂłs uma sĂ©rie de acusaçÔes de estupro.

Ele voltou a aparecer diante das cùmeras no fim dos anos 1980, em "Atirando para Matar" e "EspiÔes sem Rosto", num momento jå de declínio da carreira. Na década de 1990, se dedicou em grande parte à televisão, atuando nas séries "Separados, Mas Iguais" e "Caçada Brutal" e nos filmes para a TV "Ao Mestre, com Carinho 2", "Mandela e De Klerk" e "Rumo à Liberdade".

No perĂ­odo, seu trabalho mais relevante foi em "O Chacal", de 1997, filme de ação que tambĂ©m teve Richard Gere e Bruce Willis no elenco. Sua Ășltima aparição nas telas foi em "Construindo um Sonho", um melodrama sobre um homem que lida com a perda da esposa, de 2001.

Apesar da aposentadoria precoce, Poitier permanecia uma das figuras mais adoradas de Hollywood, nĂŁo apenas pelas mudanças que trouxe para a indĂșstria, mas tambĂ©m por seu carisma e a voz marcante. O afastamento do cinema veio principalmente devido a ambiçÔes polĂ­ticas do ator, que chegou a ser embaixador das Bahamas no JapĂŁo entre 1997 e 2007.

Nascido de forma prematura em Miami, no estado americano da FlĂłrida, em 1927, Poitier era filho de comerciantes de tomates das Bahamas, que com frequĂȘncia faziam a rota entre o paĂ­s caribenho e os Estados Unidos. Foi numa dessas viagens que Poitier nasceu, inesperadamente, o que levou sua mĂŁe a se consultar com uma vidente.

Em uma de suas autobiografias, "Uma Vida Muito Além das Expectativas", Poitier falou sobre a ocasião em que a mulher previu que o ator cresceria e viajaria "por quase todos os cantos do mundo". "Caminharå ao lado de reis. Serå rico e famoso", ainda teria dito a vidente, de acordo com a obra publicada no Brasil em 2010.

Poitier teve uma infùncia pobre e simples nas Bahamas. Quando era adolescente, ingressou no Exército para fugir do frio e da fome. Depois trabalhou como lavador de pratos por anos, até ter seu destino desviado por uma seleção de atores.

Ele diria mais tarde que foi muito mal no teste, como jĂĄ esperava que aconteceria. Mas a dispensa pelo produtor sĂł fez com que ele ficasse mais determinado a entrar no meio artĂ­stico.

Ele fez seu primeiro filme, "O Ódio É Cego", com 23 anos, e recebeu cerca de US$ 3.000 pelo papel. Com a "pequena fortuna", voltou para a casa dos pais pela primeira vez em oito anos, quando sua mãe, sem notícias, pensava que ele tinha morrido.

Depois do Oscar que venceu por "Uma Voz nas Sombras", Poitier nĂŁo foi mais indicado ao prĂȘmio. Mas ganhou, em 2002, uma segunda estatueta, honorĂĄria, por "seus trabalhos extraordinĂĄrios e sua presença Ășnica nas telas, e por representar a indĂșstria com dignidade, estilo e inteligĂȘncia".

AlĂ©m do Oscar, outros prĂȘmios pelo conjunto da obra que Poitier recebeu incluem um Bafta, um trofĂ©u do Instituto Americano de Cinema, um SAG e o Cecil B. DeMille, oferecido pelo Globo de Ouro.

O primeiro-ministro das Bahamas, Chester Cooper, prestou tributo a Poitier. "Entrei num conflito de sentimentos, de tristeza e celebração, quando descobri que Sidney Poitier tinha morrido", disse ele.

"Me senti triste porque ele nĂŁo estaria mais aqui para dizermos o quanto ele Ă© importante, mas celebrei o tanto que ele fez para mostrar que aqueles que tĂȘm as origens mais humildes podem mudar o mundo. Perdemos um Ă­cone, um herĂłi, um mentor, um guerreiro, um tesouro nacional."

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