Morgan Stanley vê oscilações fortes do S&P com impasse da dívida

(Bloomberg) -- O estrategista Michael Wilson do Morgan Stanley espera que o debate sobre o teto de endividamento do governo americano, de US$ 31,4 trilhões, provoque oscilações acentuadas no mercados de ações.

A maioria dos clientes do gigante de Wall Street acredita que o impasse “acabará sendo resolvido”, mas com volatilidade de curto prazo, escreveu Wilson em nota, acrescentando que muitos caracterizaram o problema como uma situação em que todos saem perdendo.

O estrategista, que previu corretamente a derrocada das ações nos EUA em 2022, disse que, mesmo se o teto da dívida for elevado antes que o Tesouro americano fique sem recursos para rolar alguns vencimentos, o impasse pode espremer a liquidez do mercado e puxar o S&P 500 para baixo. Ele disse que a história recente mostra “a sensibilidade do índice a mudanças na liquidez”.

O presidente Joe Biden e o presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy, estão em um impasse há meses sobre o teto e os gastos do orçamento, e planejam se encontrar na terça-feira para volta a discutir o assunto.

Um limite de endividamento mais alto é necessário para o Tesouro dos EUA conseguir rolar vencimentos e evitar um default técnico já no início de junho, segundo a própria instituição. Um calote de dívida, mesmo que temporário, seria histórico e pode desencadear um colapso dos mercados, aumento nos custos de crédito e um baque na economia global que poderia rivalizar com o crash de 2008.

Uma análise dos estrategistas do Morgan Stanley mostrou que ações de energia e serviços públicos tiveram o melhor desempenho relativo durante os debates anteriores sobre o teto da dívida. Os setores de tecnologia, saúde, produtos básicos de consumo e crescimento de dividendos apresentaram bom desempenho após uma resolução.

Até agora, no entanto, o impacto do impasse nas ações americanas foi mínimo. Os investidores têm se concentrado nas perspectivas de crescimento econômico, política monetária e lucros corporativos.

Embora a temporada de balanços do primeiro trimestre tenha sido muito melhor do que o temido, Wilson disse que continua pessimista em sua previsão de lucros para o ano, em meio à desaceleração do crescimento econômico.

O mercado “está se preparando para mais decepções macro e de lucros”, disse o estrategista. Isso fez com que os investidores evitassem compras em setores como bancos regionais e cíclicos de qualidade inferior, apesar das recentes quedas de preço, disse ele.

--Com a colaboração de Farah Elbahrawy.

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