Meninas especialistas em robótica escapam do Talibã e recebem asilo no México
Conhecida como "Afghan Dreamers", equipe feminina de robótica do Afeganistão é formada por cerca de 20 adolescentes
Com medo de represálias do Talibã, jovens pediram refúgio no exterior
As cinco fundadoras foram recebidas no México
Para as cerca de 20 adolescentes apaixonadas por robótica conhecidas como "Afghan Dreamers" (Sonhadoras Afegãs), os dias representavam novas chances de aprender e construir um futuro melhor. Porém, a volta do Talibã ao poder, junto com a ameaça aos direitos das mulheres, fez com que a vida dessas meninas – e de tantos outros cidadãos – mudasse drasticamente.
A boa notícia é que as cinco fundadoras da primeira equipe de robótica feminina do país receberam asilo temporário no México. Fatemah Qaderyan, Lida Azizi, Kawsar Roshan, Maryam Roshan e Saghar Salehi cruzaram seis países e enfrentaram diversas burocracias, mas poderão permanecer por lá durante seis meses pelo menos, com possibilidade de prorrogação, e receberão alimentação e hospedagem gratuitas graças ao apoio de várias organizações.
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Composto por jovens entre 13 e 18 anos, o grupo nasceu em 2017 e passou a atrair olhares internacionais depois de conquistar o Prêmio Especial no Campeonato Internacional de Robótica, realizado em Washington DC. A surpresa também se dá devido à origem das jovens, que foram criadas em um país onde a ciência nunca foi uma grande prioridade.
"Eles não apenas salvaram nossas vidas, mas também nossos sonhos, os sonhos que estamos tentando realizar", afirmaram em entrevista coletiva após chegarem à Cidade do México. "Nossa história não terá um final triste por causa do Talibã".
A origem das "Afghan Dreamers"
Foi graças a Roya Mahboob que o grupo surgiu. A empreendedora de tecnologia administra o Digital Citizen Fund (Fundo da Cidadã Digital), uma ONG que viabiliza o acesso de meninas e mulheres à tecnologia em países em desenvolvimento.
Com sede nos Estados Unidos, a organização oferece aulas de ciências, engenharia, matemática e robótica. No Afeganistão, o projeto foi centrado em Herat e teve como um dos objetivos mostrar como as meninas podem ir muito além do papel limitado aos cuidados com o lar que lhes foi atribuído na época anterior do Talibã no poder, que durou de 1996 a 2001.
Elizabeth Schaeffer Brown, membro do conselho do Digital Citizen Fund, disse à BBC que “quando soubemos que Cabul iria cair, entramos em contato com o Ministério [das Relações Exteriores do Catar] e eles imediatamente começaram a expedir os vistos para retirá-las”. Depois de várias tentativas e medo de represálias, nove membros fugiram para o Catar, até que descobriram que o México havia aprovado o pedido de asilo.
Segundo a imprensa, as meninas já receberam várias ofertas de bolsas de universidades americanas.