Mercado fecharĂĄ em 4 h 35 min
  • BOVESPA

    112.333,35
    -430,91 (-0,38%)
     
  • MERVAL

    38.390,84
    +233,89 (+0,61%)
     
  • MXX

    48.652,05
    -201,32 (-0,41%)
     
  • PETROLEO CRU

    88,29
    -3,80 (-4,13%)
     
  • OURO

    1.793,80
    -21,70 (-1,20%)
     
  • BTC-USD

    24.115,20
    -386,64 (-1,58%)
     
  • CMC Crypto 200

    572,16
    -18,60 (-3,15%)
     
  • S&P500

    4.270,16
    -9,99 (-0,23%)
     
  • DOW JONES

    33.732,51
    -28,54 (-0,08%)
     
  • FTSE

    7.504,17
    +3,28 (+0,04%)
     
  • HANG SENG

    20.040,86
    -134,76 (-0,67%)
     
  • NIKKEI

    28.871,78
    +324,80 (+1,14%)
     
  • NASDAQ

    13.550,50
    -27,25 (-0,20%)
     
  • BATS 1000 Index

    0,0000
    0,0000 (0,00%)
     
  • EURO/R$

    5,1842
    -0,0193 (-0,37%)
     

Marvel ensaia chegada de Miracleman em trama que lembra saga da DC

·8 min de leitura

VocĂȘ conhece o personagem Miracleman (ou Marvelman)? Se disse "sim", sabe que ele tem uma importĂąncia histĂłrica muito grande no mercado de quadrinhos, envolvendo uma mudança de olhar sobre os super-herĂłis e enredos adultos em um perĂ­odo em que os gibis jĂĄ nĂŁo eram mais tĂŁo “inocentes”. HĂĄ tambĂ©m muita briga de bastidores sobre direitos autorais entre artistas famosos, como Alan Moore, Neil Gaiman e Todd McFarlane.

Se disse "nĂŁo", jĂĄ aviso que esse nĂŁo Ă© um texto para recuperar toda a complexa histĂłria do personagem e tudo o que estĂĄ por trĂĄs dele — podemos fazer isso em outro momento. E, bem, na verdade, nĂŁo importa se vocĂȘ disse “sim” ou “nĂŁo”, jĂĄ que vou resumir rapidamente o que aconteceu, apenas para contextualizar o objetivo desta matĂ©ria: o de projetar o que a Marvel pretende fazer com Miracleman, pois Ă© algo que pode mexer com as estruturas da editora a partir deste ano.

Marvelman foi criado em 1954 pelo escritor britñnico Mick Anglo, para a pequena editora Len Miller & Son. Era a resposta inglesa para o Capitão Marvel da Fawcett Comics. A premissa era bem parecida: Micky Moran, um repórter, após um encontro com um astrofísico, recebeu poderes baseados em energia atîmica. Toda vez que ele dizia “Kimota” (“Atomik” ao contrário), tornava-se Marvelman.

EdiçÔes de Miracleman nos anos 1950 eram quase uma cópia do Capitão Marvel da Fawcett Comics (Imagem: Reprodução/Eclipse Comics)
EdiçÔes de Miracleman nos anos 1950 eram quase uma cópia do Capitão Marvel da Fawcett Comics (Imagem: Reprodução/Eclipse Comics)

Como podem perceber, não hå muita originalidade por ali. E até mesmo os personagens coadjuvantes da Família Marvelman lembravam muito os da Família Marvel, com direito a Young Marvelman e Kid Marvelman, nos moldes do que acontecia com Billy Batson e seu elenco de apoio. E, assim como aconteceu com o Capitão Marvel, que, jå integrado à DC Comics após a venda da Fawcett Comics teve que mudar de nome para Shazam para evitar problemas judiciais com a Marvel Comics, Marvelman também sofreu alteraçÔes e passou a se chamar Miracleman.

A fase de Alan Moore em Miracleman

Miracleman não tinha assim histórias muito brilhantes até 1982, quando um jovem escritor britùnico chamado Alan Moore assumiu os roteiros, ao lado dos artistas Garry Leach e Alan Davis (outro nome que faria sucesso no mercado norte-americano anos depois). Só que a versão publicada na revista Warrior era muito mais sombria do que o Marvelman original.

Moran tinha pesadelos sobre sua vida passada como herói e, após redescobrir seus poderes com a palavra “Kimota”, descobriu que Kid Marvelman estava vivo, na forma de um superser psicopata. O que aconteceu depois foi uma desconstrução do super-herói clássico da linhagem do Superman e de Shazam, na forma de aventuras que mais se pareciam tramas de terror psicológico envolvendo criaturas de estatura mitológica.

Fase de Alan Moore com Miracleman chegou a ser publicada no Brasil (Imagem: Reprodução/Editora Tannos)
Fase de Alan Moore com Miracleman chegou a ser publicada no Brasil (Imagem: Reprodução/Editora Tannos)

A trama, que mais tarde tinha os desenhos quase macabros de John Totleben (o mesmo que fez dupla, anos depois, com Moore em Monstro do PĂąntano), escalou para temas, digamos, muito mais adultos do que no passado. Era muito mais a jornada de corrupção do super-herĂłi do que exatamente sobre heroĂ­smo. Se quiser fazer um paralelo, dĂĄ para comparar essa caracterização com o que Watchmen fez em 1986 — lembrando que a fase de Moore em Miracleman durou 16 ediçÔes e ficou incompleta, com o final no nĂșmero 21, em 1984.

Alan Moore introduziu uma fase sombria em Miracleman (Imagem: Reprodução/Eclipse Comics)
Alan Moore introduziu uma fase sombria em Miracleman (Imagem: Reprodução/Eclipse Comics)

Em 1985, após a mudança de nome para Marvelman, pelos motivos já relatados acima, a Eclipse Comics assumiu a publicação nos Estados Unidos e republicou o material colorido. Mas a revista não durou muito tempo. E, mesmo assim, trouxe um olhar nunca antes visto em um “gibi de super-heróis”, influenciando muitos artistas e cativando milhares de fãs — tornou-se cultuada entre os leitores mais vorazes de quadrinhos.

A fase de Neil Gaiman e a treta com Todd McFarlane com Miracleman

Pois bem, como havia muito interesse no personagem, especialmente entre os leitores que descobriram a fase de Alan Moore anos depois da publicação, Miracleman retornou, desta vez pelas mãos de outro britñnico que começava a fazer sucesso no mercado norte-americano — justamente pela pegada de terror que imprimia aos seus textos.

Assim, em 1988, Gaiman, que ainda dava os primeiros passos de Sandman na DC Comics, usou o que Moore havia construĂ­do para terminar a jornada de Miracleman, juntando tambĂ©m o passado “inocente” do personagem. Assim, ele definiu a “ascensĂŁo e queda do herĂłi”, posicionando Moran e sua famĂ­lia nas eras de Ouro, Prata e ContemporĂąnea dos quadrinhos de super-herĂłis.

O plano era contar essa trajetĂłria em trĂȘs volumes: The Golden Age, The Silver Age e The Dark Age. Mas, no meio do caminho, a histĂłria ganhou capĂ­tulos paralelos e, no final das contas, terminou na edição 24. O nĂșmero 25, com roteiro pronto, nunca chegou Ă s bancas; e a jornada acabou incompleta no perĂ­odo do volume de The Silver Age, em 1994.

Os anos 1990 foram turbulentos para o mercado de super-herĂłis, e o pĂșblico mais jovem parecia nĂŁo se importar com a saga de Miracleman. AlĂ©m disso, a irregular publicação do tĂ­tulo pela Eclipse afastou muito dos fĂŁs, mesmo os mais fervorosos. Assim, o personagem caiu no esquecimento, e sĂł viria a ser notĂ­cia no meio da dĂ©cada e no começo dos anos 2000.

McFarlane chegou a introduzir Miracleman no universo de Spawn (Imagem: Reprodução/Image Comics)
McFarlane chegou a introduzir Miracleman no universo de Spawn (Imagem: Reprodução/Image Comics)

Em 1996, Todd McFarlane, que estava no auge depois de sua fase no Homem-Aranha, comprou os ativos da Eclipse pela bagatela de US$ 25 mil, incluindo os direitos de uso de Miracleman. E aĂ­, em 2001, aconteceu o inĂ­cio de uma grande treta judicial: McFarlane usou Miracleman em uma revista do Spawn, capitalizando o personagem como um novo integrante do universo de seu personagem na Image Comics.

Em 2002, Gaiman processou McFarlane pelo uso nĂŁo autorizado de personagens que ele havia criado em sua passagem pelas tramas de Miracleman. Gaiman estava tĂŁo determinado a minar os planos de McFarlane que chegou a criar uma empresa somente para poder acionĂĄ-lo judicialmente. Os detalhes exatos sobre as clĂĄusulas de uso sĂŁo atĂ© hoje desconhecidas do grande pĂșblico, contudo, McFarlane teve que recuar.

Em uma manobra de Gaiman em conjunto com a Marvel Comics, que envolveu atĂ© a saga 1602, da Casa das Ideias, a Justiça norte-americana considerou McFarlane como proprietĂĄrio ilegĂ­timo dos direitos de Miracleman. E, depois de acordos e muita discussĂŁo nos bastidores, em 2009, o criador original Mick Anglo, passou a ser o dono oficial dos direitos de Miracleman — vale destacar que McFarlane tambĂ©m cedeu porque sua imagem como artista se desgastou bastante no processo, inclusive entre os prĂłprios fĂŁs do autor.

Fase de Neil Gaiman com Miracleman foi republicado pela Marvel (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)
Fase de Neil Gaiman com Miracleman foi republicado pela Marvel (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)

Assim, depois de tudo isso, a Marvel Comics comprou os direitos de Miracleman junto a Anglo em 2009. E, em 2013, a Casa das Ideias anunciou que Gaiman terminaria seus volumes inacabados e até mesmo revelou uma nova trama assinada por Grant Morrison. Desde então, alguns projetos foram cancelados, entre reimpressÔes de luxo; e não dava para saber exatamente o que a editora faria com o poderoso personagem.

Isso mudou na semana que passou.

O possĂ­vel retorno de Miracleman nos moldes de RelĂłgio do JuĂ­zo Final

Pois bem, finalmente chegamos ao objetivo do texto, que Ă© projetar a introdução de Miracleman no Universo Marvel. Nos Ășltimos anos, em muitas das sagas que a Casa das Ideias publicou havia a expectativa de que Miracleman apareceria como um “game changer”, um deus, ou algo parecido, capaz de abalar as estruturas da editora.

De tanto apostar na introdução de Miracleman na cronologia do Universo Marvel, muita gente atĂ© desistiu. AtĂ© que
 na surdina, a Marvel deu indĂ­cios do que pode acontecer em breve. Primeiro, com a presença do sĂ­mbolo do personagem em Timeless #1, edição de estreia da minissĂ©rie de Kang que deve reposicionar o vilĂŁo temporal com o que foi visto na sĂ©rie Loki, do Disney+.

Símbolo de Miracleman apareceu na primeira edição de Timeless (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)
Símbolo de Miracleman apareceu na primeira edição de Timeless (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)

E, em seguida, com o anĂșncio da edição de luxo Miracleman Omnibus, que reunirĂĄ o reboot dos anos 1980 de Alan Moore e vĂĄrios artistas, bem como as duas primeiras histĂłrias de Miracleman na era da Marvel Comics, de Grant Morrison, Joe Quesada, Mike Allred e Peter Milligan. O lançamento estĂĄ previsto para setembro de 2022.

Agora, a teoria
 O Multiverso Marvel estĂĄ em voga, graças ao que vimos nas sĂ©ries WandaVision, Loki e What If
 e com as tramas dos filmes Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Como a ideia da minissĂ©rie Timeless nas HQs Ă© organizar melhor anos de cronologia zoada na editora, Miracleman pode entrar na jogada como um ser capaz de estabelecer ou mudar as regras fundamentais do Multiverso Marvel.

Miracleman vai ganhar uma edição de luxo pela Marvel em setembro deste ano (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)
Miracleman vai ganhar uma edição de luxo pela Marvel em setembro deste ano (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)

Na DC Comics, os personagens de Watchmen, em especial Doutor Manhattan, foram usados para explicar o “legado roubado” durante os anos do reboot Novos 52, na saga RelĂłgio do JuĂ­zo Final. Muita gente (inclusive eu) aposta que a Marvel Comics deva realizar algo semelhante para “consertar” vĂĄrias das incongruĂȘncias de dĂ©cadas de publicação para estabelecer as regras de uma nova era na editora. E mais: seria uma chance de tambĂ©m agregar melhor outras propriedades que a companhia adquiriu ao longo dos Ășltimos anos, a exemplo de Conan, Aliens e Predador.

Somente um personagem tĂŁo polĂȘmico, poderoso e esquecido tem essa caracterĂ­stica de “ás na manga” para ser usado com tanto impacto e de forma aceitĂĄvel para essa função na Casa das Ideias atualmente. Claro que nĂŁo dĂĄ para cravar que esse Ă© realmente o plano da editora. Mas, de um jeito ou de outro, preparem-se para abrir alas: Miracleman estĂĄ chegando Ă  cronologia oficial do Multiverso Marvel.

Fonte: Canaltech

Trending no Canaltech:

Nosso objetivo Ă© criar um lugar seguro e atraente onde usuĂĄrios possam se conectar uns com os outros baseados em interesses e paixĂ”es. Para melhorar a experiĂȘncia de participantes da comunidade, estamos suspendendo temporariamente os comentĂĄrios de artigos