Maioria de economistas prevê mais dois aumentos de juros do BCE

(Bloomberg) -- A maioria dos economistas projeta que o Banco Central Europeu vai elevar os juros outras duas vezes em 0,25 ponto percentual após o aumento desta semana.

O BCE subiu sua taxa de depósito para 3,25% na quinta-feira, tendo desacelerado o ritmo à medida que se aproxima do fim do ciclo de aperto monetário sem precedentes. A presidente da instituição, Christine Lagarde, explicou que ainda há um caminho a percorrer antes que os juros atinjam níveis suficientemente restritivos para trazer a inflação de volta à meta de 2%.

Bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley esperam duas altas de 0,25 p.p., o que colocaria a taxa básica em 3,75%. O ING e o Commerzbank antecipam apenas uma dose desse tamanho, enquanto o Danske Bank vê a taxa terminal em 4% após três aumentos de 0,25 ponto.

A opinião da maioria: mais dois aumentos

Para o Goldman Sachs, os novos temores em relação ao setor bancário na Europa poderiam antecipar o fim do ciclo de aperto. No entanto, o banco ainda vê os riscos inclinados a uma taxa terminal mais alta, “devido ao crescimento resiliente, fortes acordos salariais e inflação persistente”.

Na visão do Morgan Stanley, a parte do Conselho do BCE preocupada com os riscos de apertar muito a política aumentou e teve peso suficiente para desacelerar o ritmo de alta dos juros.

A equipe do Barclays acredita que o ciclo de aperto vai terminar em julho, com a taxa de depósito em 3,75%. “Projetamos então que o BCE permaneça inativo até o segundo semestre de 2024, quando esperamos que corte as taxas de juros cumulativamente em 100 pontos-base nos seis meses seguintes para retornar a um nível mais neutro”, afirmou o banco.

Essa projeção é baseada no cenário do Barclays para o crescimento econômico, menos otimista do que o do BCE, “e nossa visão de que o núcleo da inflação também vai se desacelerar” depois de meados do ano, “e convergirá para a meta mais rapidamente do que o BCE espera”, avalia o banco.

Análise do Deutsche Bank destaca que uma taxa terminal de 4% ou mais é possível: “Dada a inflação subjacente persistente e a dinâmica robusta do mercado de trabalho, os dados daqui para frente precisam confirmar que a transmissão está se fortalecendo se o ciclo de aumentos do BCE parar em 3,75%”.

Uma visão em comum: ciclo prestes a terminar

O ING aponta que, embora dados recentes tenham confirmado que a pressão inflacionária subjacente é mais persistente do que o esperado, a fraca expansão do crédito e os resultados mais recentes da Pesquisa de Empréstimos Bancários indicaram que os aumentos dos juros até agora estão deixando “claras marcas” no financiamento da economia:

“Ou como o BCE explicou e sem surpresa para todos os fãs do Star Wars em 4 de maio: os aumentos anteriores das taxas estão sendo transmitidos ‘com força’ para o financiamento e para as condições monetárias na zona do euro, enquanto a defasagem e a força da transmissão para a economia real permanecem incertas”.

Já o Commerzbank prevê o fim dos aumentos dos juros em meados do ano. “Mas não esperamos que, no final, isso seja suficiente para trazer a inflação de volta para 2% de forma sustentável”, analisa o banco, destacando que a inflação tende a ficar estagnada em patamares elevados.

“Superar esta tendência autoestabilizadora de inflação alta requer contramedidas decisivas. Uma taxa de depósito do BCE de 3,5% provavelmente não seja suficiente.”

Fora da curva: mais três aumentos

A previsão do Danske Bank destoa de outros bancos ao prever que o Banco Central Europeu vai elevar a taxa básica mais três vezes: “O BCE tomou uma rota mais lenta para alinhar a inflação com a meta. Lagarde repetiu várias vezes que é uma viagem, e não o destino. Portanto, mantém a mente aberta para as decisões de juros”, apontam analistas.

“Com nossa atual avaliação para a inflação e crescimento, asseguramos que esse ciclo de aperto será um pouco mais longo, mas ainda terminará em torno do nível de 4%. Provavelmente, levará algum tempo para que os mercados apreciem totalmente essa precificação da taxa terminal”.

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