Luiza Trajano é destaque no New York Times por política antirracista da Magalu
(Igor Do Vale/NurPhoto via Getty Images)
New York Times publica reportagem sobre ações antirracistas da Magazine Luiza
Portal entrevistou Luiza Trajano e contou sobre seu trabalho
O destaque vai para o programa de trainees exclusivo para pessoas negras
Não foi só no Brasil que as políticas antirracistas adotadas pela Magazine Luiza chamaram a atenção. Na última sexta-feira (7), o jornal norte-americano New York Times publicou uma reportagem com Luiza Trajano e destacou as ações promovidas pela empresa – e sua dona – em busca de maior equidade entre raças e gêneros.
Na entrevista, Trajano relembrou o programa de trainees destinado exclusivamente a pessoas negras. Criado em 2020 após uma ideia de seu filho, a iniciativa gerou uma onda de comentários, comemorações e muitas críticas.
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No Twitter, usuários subiram a hashtag #MagaluRacista e um legislador próximo ao presidente Jair Bolsonaro chegou a solicitar aos promotores federais uma investigação, sob o argumento de que o programa violava as proteções constitucionais. No entanto, Trajano seguiu firme na defesa da medida.
“Além dos aspectos econômicos e sociais, a escravidão deixou uma marca emocional muito forte, que é uma sociedade de colonizadores e colonizados”, disse ao portal. “Muitas pessoas nunca sentiram que este é o seu país”.
A empresária contou que foi anos atrás, em uma conversa com uma jovem empreendedora negra, que se deparou pela primeira vez com os efeitos devastadores do racismo. A mulher contou que nunca comparecia a happy hours com colegas – a menos que seu chefe pedisse explicitamente –, devido ao sentimento de rejeição em ambientes predominantemente brancos.
O relato sensibilizou Trajano, uma das mulheres mais ricas do Brasil, atualmente no alto de seus 70 anos de idade. A partir daí, tornou-se uma propagadora de questões relacionadas a raça, desigualdade, violência doméstica e falhas no sistema político. Muitos partidos, inclusive, quiseram que ela se candidatasse, e o ex-presidente Lula chegou a elogiar a empresária, em setembro passado, em um texto divulgado pela revista Time, que a elegeu como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
“Em um mundo onde bilionários queimam fortunas em aventuras espaciais e iates, Luiza se dedica a um tipo diferente de odisséia”, escreveu o petista. “Ela assumiu o desafio de construir um gigante comercial e ao mesmo tempo construir um Brasil melhor”.
Embora não pretenda se candidatar à política, Trajano é uma voz ativa em debates, especialmente por meio de um grupo de mulheres líderes que criou em 2013. O objetivo é promover a paridade de gênero em todas as esferas e criar estratégias de enfrentamento a problemas de saúde, educação, habitação e mercado de trabalho.
No que diz respeito ao programa de trainees para pessoas negras, Trajano é enfática ao dizer que, nos anos anteriores, as turmas eram predominantemente brancas. Fato, inclusive, que nunca atraiu críticas ou ações judiciais e governamentais.
Atualmente, a Magazine Luiza conta com mais de 1.400 lojas e investe na criação de uma cultura para que os trabalhadores sigam comprometidos com o sucesso da marca.