Itapemirim não está sozinha: relembre outras aéreas que quebraram
Setor da aviação é um dos mais rígidos financeiramente
Itapemirim enfrentava problemas com a Anac desde o início de suas operações
Empresa não foi a primeira - e deve estar longe de ser a última - a encerrar suas atividades
Ao longo dos últimos anos, famosas companhias aéreas surpreenderam ao anunciar o fim de suas respectivas atividades - a mais recente delas, foi a Itapemirim, que interrompeu a operação de seus voos na última sexta-feira (17). Isso se deve, principalmente, ao fato de o setor aéreo fazer parte de uma das indústrias mais rígidas na questão financeira - cujas empresas operam com as margens mais apertadas. Quando se fala de Brasil, isso ainda é amplificado por conta do efeito cambial e das incertezas macroeconômicas.
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Tragédia anunciada?
A aérea ITA, do grupo Itapemirim, encerrou suas atividades com menos de seis meses de operação. Criada por um grupo de transporte rodoviário que está em recuperação judicial, a entrada em um setor que exige forte capacidade de investimento já poderia indicar tal desfecho. Vale lembrar que, já no início de suas operações, a empresa chegou a enfrentar alguns problemas com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): primeiro por vender mais passagens do que assentos disponíveis em seus aviões; e depois com denúncias de atrasos salariais e nos benefícios de sua tripulação.
Crise de companhias aéreas
Como foi dito, a ITA não foi a primeira e deve estar longe de ser a última empresa a encerrar suas atividades. Nomes famosos já passaram pelo mesmo problema, relembre:
Vasp: a Viação Aérea São Paulo (Vasp) foi criada ainda na década de 1930, operando como companhia estatal durante boa parte de sua história. Até que, em 1990, foi privatizada e arrematada pelo empresário Wagner Canhedo, quando começou a fazer viagens internacionais. O problema é que, a partir dos anos 2000, passou a enfrentar dificuldades financeiras até entrar em processo de recuperação judicial em 2005. Três temporadas depois, faliu.
TransBrasil: fundada em Santa Catarina na década de 1950, por Omar Fontana, filho do fundador da Sadia, Attilio Fontana, a TransBrasil se tornou uma das maiores companhias do país entre os anos 1970 e 1980 - chegando a explorar voos internacionais na década seguinte, em 1990. Mas, quase que ao mesmo tempo da Vasp, entrou em dificuldades financeiras na segunda metade dessa década e teve a falência decretada no começo de 2002.
Varig: talvez a mais famosa companhia aérea que atuou no Brasil - e uma das maiores do mundo, sendo até reconhecida pela excelência do seu serviço em rodas internacionais -, a Varig foi fundada em 1927 e estava indo tudo bem. O problema é que, a partir da década de 1990, passou a operar no vermelho e chegou a ampliar sua dívida em incríveis 4 bilhões de reais no começo dos anos 2000. Nesse período, enfrentou também a concorrência das companhias Gol e TAM, entrando em recuperação judicial em 2005 e menos de cinco anos depois encerrou suas atividades.
Avianca Brasil: conhecida anteriormente como OceanAir, a Avianca Brasil tinha o mesmo controlador da colombiana Avianca Holdings, que continua a operar. Essa companhia passou a ganhar notoriedade e bater as concorrentes Latam e Gol por voar para poucas rotas, mas com um serviço de excelência. A questão é que a Avianca não conseguiu se manter neste nível e entrou com pedido de recuperação judicial em dezembro de 2018, com dívidas depois reconhecidas de R$ 2,7 bilhões. Em 2020, acabou com a falência decretada.