IPO da CSN Mineração movimenta R$ 5,22 bilhões
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A CSN Mineração, unidade de mineração da Companhia Siderúrgica Nacional, movimentou R$ 5,219 bilhões em seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), de acordo com dados publicados no portal da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nesta sexta-feira (12). O preço da ação ficou no piso da faixa indicativa, que ia de R$ 8,50 a R$ 11,35, apesar de grande demanda do investidor de varejo --pessoa física com menos de R$ 1 milhão em investimentos. A estreia no segmento nível 2 da Bolsa de Valores brasileira, sob o código "CMIN3", está previsto para a próxima quinta (18). Foram vendidos R$ 1,37 bilhão em ações novas, valor que a companhia pretende investir em projetos como a recuperação de rejeitos de barragem Pires e Casa de Pedra, a principal mina da empresa, localizada em Congonhas (MG). Os acionistas vendedores, CSN, Japão Brasil e a sul-coreana Posco, ficaram com R$ 3,85 bilhões restantes com a venda de participações no negócio. Antes da oferta, a CSN tinha 87,5% da CSN Mineração e, pelo cálculos da companhia, após a operação, sem considerar os lotes adicionais de papéis, reduziria essa fatia para 79,1%. O grupo já trabalha na próxima abertura de capital, com a criação de uma subsidiária de cimento. Em termos nominais (não corrigidos pela inflação), este é o oitavo maior IPO da Bolsa brasileira, atrás de Santander, BB Seguridade, Rede D'Or, Cielo, OGX, Bovespa e BM&F (que hoje integram B3). Com o preço do minério de ferro e o dólar em alta, a abertura de capital do braço de mineração da CSN gerou grande expectativa no setor financeiro, depois de ser adiada em 2020 pela instabilidade do mercado. A CSN Mineração é a segunda maior exportadora de minério de ferro no Brasil, atrás apenas da Vale. Ela atua na região do Quadrilátero Ferrífero, no centro-sul de Minas Gerais, a de maior produção nacional de minério de ferro. De acordo com o prospecto preliminar, a receita operacional líquida da CSN Mineração somou R$ 8,9 bilhões nos nove primeiros meses de 2020, com volume de vendas de 22,5 milhões de toneladas. No mesmo período, o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 5 bilhões e o lucro líquido, R$ 2,7 bilhões. Segundo a Suno Research, a CNS Mineração tem ótimos ativos, com destaque para a mina Casa de Pedra, com cerca de 3 bilhões de toneladas de reserva de minério de ferro, o equivalente a mais de 35 anos de vida útil, considerando a expansão de produção. A casa de análise, porém, vê risco no ciclo de alta no preços de matérias-primas. "Em um passado recente, tivemos um movimento parecido, quando os preços do minério dispararam e houve uma inundação de oferta nesse mercado. Preços elevados atraem mineradoras ineficientes, aumentando a oferta e, consequentemente, diminuindo os preços dessa commodity no médio prazo", afirma Rodrigo Wainberg, analista da Suno em relatório. A casa não recomendou o IPO para seus clientes, por não enxergar como atrativo o preço estipulado na oferta. "Devemos ter bastante cuidado com alguns pontos da companhia. Por exemplo, a alta concentração de receita em poucos clientes, o controlador e a questão de segurança de barragens", diz Wainberg. A CSN Mineração afirmou que pretende utilizar os recursos da oferta primária (que vai para o seu caixa) em projetos de expansão, como o de recuperação de rejeitos de barragem Pires e Casa de Pedra, a principal mina da empresa, localizada em Congonhas (MG). O IPO tem como coordenadores Morgan Stanley, XP Investimentos, Bradesco BBI, Bank of America, BTG Pactual, UBS, Caixa Econômica Federal, Citigroup, Fibra, JPMorgan, Safra e Santander Brasil. * RAIO-X DA CSN MINERAÇÃO DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2020 Lucro líquido R$ 2,7 bilhões Receita operacional líquida: R$ 8,9 bilhões Ebitda: R$ 5 bilhões Funcionários: mais de 9 mil Principais concorrentes: Vale, Rio Tinto e BHP Billiton