Intel alerta que crise dos chips pode durar até 2024
Pandemia gerou uma crise de demanda dos semicondutores;
Intel e Volkswagen avaliam que situação ainda deve durar mais;
Necessidade de mais semicondutores vem crescendo com a digitalização do mundo.
Depois do pior período da pandemia, estimava-se que a indústria dos semicondutores começasse a voltar aos trilhos com melhorias nos últimos meses de 2022 e início de 2023. No entanto, as expectativas de uma das maiores empresas do setor não é das melhores: segundo o CEO da Intel, Pat Gelsinger, a falta de chips deve se arrastar até 2024.
Gelsinger diz que apesar da indústria pretender acelerar a fabricação de semicondutores, a crise de agora pode afetar as próprias máquinas e ferramentas de produção. Em entrevista à CNBS, ele disse ainda que a empresa estimava anteriormente que a crise durasse até 2023, mas os desafios encontrados pelas fábricas para acelerar a produção vão prolongar a escassez dos componentes.
O CEO fez essas declarações um dia depois que a fabricante de chips da Califórnia ofereceu uma previsão fiscal para o segundo trimestre menor do que os investidores esperavam. Apesar disso, seus ganhos e receitas fiscais do primeiro trimestre superaram as expectativas dos analistas. As ações da Intel caíram mais de 6% na última semana.
Desde que Gelsinger assumiu o cargo de CEO em fevereiro de 2021, a Intel anunciou uma série de grandes investimentos para diversificar geograficamente a fabricação de chips. A empresa está gastando muito para construir fábricas de semicondutores nos EUA e na Europa.
A montadora Volkswagen é outra empresa que também não espera que a escassez global de semicondutores termine neste ano. “Deve ficar mais fácil fazer previsões confiáveis em 2023, quando mais capacidade de produção de semicondutores entrar em operação”, disse Murat Aksel, chefe de compras do conselho da Volkswagen.
Entenda a crise
A necessidade de mais semicondutores vem crescendo há anos, à medida que o mundo se torna mais digital e os chips de processamento entram em tudo, desde smartphones a máquinas de lavar, passando também por automóveis.
As empresas de todo o mundo foram atingidas por uma escassez de semicondutores causada por interrupções na cadeia de suprimentos durante a Covid-19, bem como pela crescente demanda de semicondutores em empresas de eletrônicos de consumo.
A escassez teve consequências econômicas significativas e contribuiu para que a economia dos EUA experimentasse sua inflação mais alta desde o início dos anos 80.