Inalar fumaça de carro por mais de 2 horas provoca alterações no cérebro
A poluição afeta o organismo de diferentes formas, só que é mais associada aos problemas respiratórios. Agora, pesquisadores canadenses investigaram os efeitos no cérebro de pessoas que inalam a fumaça produzida por carros, com motor a diesel, por duas horas consecutivas, como se estivessem em um congestionamento. A descoberta é que este tipo de exposição provoca alteração nas funções cerebrais.
Publicado na revista científica Environmental Health, o estudo sobre o impacto da fumaça do carro nas funções cerebrais foi liderado por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) e da Universidade de Vitória, ambas localizadas no Canadá.
Cérebro é impactado pela poluição?
“Por muitas décadas, os cientistas pensaram que o cérebro poderia estar protegido dos efeitos nocivos da poluição do ar”, afirma o médico Chris Carlsten, professor da UBC e um dos autores do estudo, em comunicado. No entanto, isso não é necessariamente verdade, conforme aponta a pesquisa e outros estudos recentes.
Afinal, esta descoberta se soma a outras evidências que alertam para o risco de exposição contínua à poluição. Anteriormente, um relatório da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido já relacionou níveis altos de poluição com a maior incidência de demência, especialmente em idosos. Em média, a poluição é responsável por cerca de 10% dos cânceres diagnosticados na Europa.
Como a fumaça do carro impacta o cérebro humano?
No estudo canadense, os pesquisadores comparam os efeitos de dois cenários em 25 voluntários, com mais de 18 anos, saudáveis, dentro do laboratório:
Exposição à fumaça do motor de carro;
Exposição ao ar filtrado e limpo.
Em seguida, foi feita uma ressonância magnética no cérebro dos participantes. Comparando os resultados, os autores identificaram mudanças na rede de modo padrão (DMN) do cérebro, que ficava mais "desconectada" quando o indivíduo era exposto à poluição. Vale observar que esta atua diretamente na formação da memória e dos pensamentos internos, e também pode afetar o raciocínio da pessoa.
“Sabemos que a conectividade funcional alterada na DMN tem sido associada a desempenho cognitivo reduzido e sintomas de depressão. Por isso, é preocupante ver a poluição do carro interrompendo essas mesmas redes”, comenta Jodie Gawryluk, professora de psicologia da Universidade de Victoria e também autora do estudo.
“As pessoas podem querer pensar duas vezes quando ficarem presas no trânsito com as janelas abertas”, comenta o pesquisador Carlsten. Por outro lado, as modificações no cérebro foram temporárias e, no final do estudo, a conectividade da rede DMN tinha voltado ao normal. Agora, mais estudos devem entender os risco da exposição prolongada.
Fonte: Canaltech
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