Impasse do teto da dívida nos EUA pode ajudar bancos menores

(Bloomberg) -- O impasse do teto da dívida nos EUA pode desencadear o desmonte de uma das maiores apostas em segurança este ano — trilhões de dólares aplicados em notas de curto prazo do Tesouro americano — e os bancos regionais do país podem sair ganhando com isso, segundo a diretora de investimentos da State Street.

Lori Heinel, responsável pelo maior fundo negociado em bolsa focado em dívida de curto prazo dos EUA, está evitando essas notas nos fundos ativos da State Street, enquanto Washington se debruça sobre o limite de endividamento do país, de US$ 31,4 trilhões.

Embora um calote da dívida americana não seja seu principal cenário, ela acha que o impasse trará consequências maiores do que em anos anteriores. Isso pode levar a uma reversão do volume recorde de US$ 5,3 trilhões atualmente aplicados em fundos de alta liquidez do mercado monetário. Estes fundos investem pesado em notas de curtíssimo prazo do Tesouro, consideradas tradicionalmente como equivalentes a dinheiro em caixa, justamente por causa da percepção de que um calote dos EUA está fora de cogitação.

Os fluxos para ETFs focados em notas de curto prazo do Tesouro americano já começaram a desacelerar nas últimas semanas.

“Se eles realmente espremerem a situação a um ponto em que haja um default técnico, ou alguma outra intervenção extraordinária, perversamente, isso pode criar uma enorme fuga de dinheiro de volta aos depósitos bancários”, disse Heinel em entrevista. “Os bancos podem ser os beneficiários mais imediatos à medida que as pessoas procuram alternativas aos fundos do Tesouro.”

A mudança pode oferecer algum fôlego para os bancos americanos, que ainda estão sob pressão depois que uma corrida aos depósitos provocou o colapso de vários credores regionais. Mas essa trégua duraria pouco se a disputa sobre o aumento do teto da dívida gerasse muitos efeitos colaterais.

Heinel está monitorando de perto o fundo BIL ETF, de US$ 29,6 bilhões, da State Street “o mais próximo possível” em busca de sinais de que o mercado está precificando uma maior probabilidade de default. Assumimos a postura de que “é a coisa mais importante a fazer”, disse ela.

O risco de os EUA não cumprirem suas obrigações até o início de junho afetaria os títulos do Tesouro com vencimento mais imediato e os mercados de títulos estão precificando algum risco de default, com o rendimento dos títulos de um mês próximo a 5,5%.

--Com a colaboração de Denitsa Tsekova e Benjamin Purvis.

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