Hapvida dispara após venda de imóveis e contratação de bancos para potencial oferta de ações
SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Hapvida disparavam, nesta terça-feira, após o grupo de saúde anunciar venda de 10 imóveis de controladas da companhia em contratos de 1,25 bilhão de reais acertados com um veículo de investimento da família Pinheiro (LPAR), controladora da empresa.
A proposta da LPAR prevê "cap rate" anual de 8,50% e reajuste anual pelo IPCA, com prazo de locação de 20 anos, com opção de renovação por mais 20 anos, conforme fato relevante divulgado na noite de segunda-feira sobre a operação de "sale & leaseback" (SLB, venda e aluguel pela empresa).
A empresa de saúde também divulgou na véspera que engajou o Bank of America Merrill Lynch, o UBS Brasil, o BTG Pactual e o Itaú BBA para analisar a viabilidade e estruturar uma potencial oferta pública subsequente de ações ordinárias, integralmente primária, da ordem de 395.207.520 ações.
Considerando o preço de fechamento da véspera, de 2,22 reais, o potencial follow-on totaliza cerca 877 milhões de reais.
A família Pinheiro, na qualidade de acionista controladora da companhia, se comprometeu a exercer seu direito de prioridade, subscrevendo ações a serem emitidas pela companhia no valor de 360 milhões de reais
Às 11:45, os papéis subiam 15,32 %, a 2,56 reais, liderando com folga as altas do Ibovespa, que registrava elevação de 1,49%. Na máxima, chegaram a 2,65 reais.
As ações da Hapvida têm sofrido na bolsa paulista, renovando mínimas históricas, em meio a preocupações sobre a solvência da empresa. Até a véspera, os papéis contabilizavam em 2023 um tombo de 56,3%.
"Ao todo, cerca de 2,1 bilhões de reais de liquidez provavelmente serão injetados na empresa no segundo trimestre de 2023", escreveram analistas do JPMorgan em relatório, estimando que o montante, combinado com outros recursos, deve ser suficientes para os vencimentos da dívida de curto prazo.
Eles acrescentaram que o SLB limita a potencial diluição dos minoritários com aumento de capital considerável com as ações em mínimas históricas, remove dos holofotes a gestão de passivos no curto prazo e permite que a gestão se concentre totalmente na integração da Notre Dame Intermédica e suas sinergias.
Após os anúncios, Joseph Giordano e Estela Strano elevaram a recomendação dos papéis para "overweight", enxergando um risco versus retorno "inclinado para cima".
A Hapvida disse que o "SLB e o potencial follow-on, com a expressiva participação da família Pinheiro, demonstram o comprometimento da companhia e a convicção dos controladores e atuais administradores da Hapvida na resiliência do seu modelo de negócios".
"Essa postura da administração evidencia, também, sua visão conservadora em relação à liquidez e endividamento da companhia", acrescentou.
Analistas do Goldman Sachs consideraram positivo a empresa estar abordanmdo os riscos relacionados à sua posição de caixa para 2023, que se tornou uma das principais preocupações no mercado sobre a companhia após os resultados decepcionantes do quarto trimestre de 2022.
"Vemos este anúncio como tendo mérito, pois mitigaria um de seus principais riscos se concluído", escreveram Gustavo Miele e Emerson Vieira em relatório a clientes.
(Por Paula Arend Laier)