Grécia tem eleições em ambiente de suspeita sob Estado de direito
As eleições na Grécia decorrem a 21 de maio, com o governo de centro-direita liderado por Kyriakos Mitsotakis a lutar pela reeleição e o líder da oposição de esquerda, Alexis Tsipras, a tentar recuperar o poder perdido em 2019.
Os gregos estão preocupados com a alta inflação, com muitos outros cidadãos europeus, mas depois das duras medidas de austeridade, entre 2009 e 2017, a situação económica tem vindo a melhorar.
O país ainda tem a mais alta dívida pública entre os membros da União Europeia (UE), mas prevê-se um crescimento de 2.4% do PIB este ano.
"Essencialmente, a Grécia resistiu muito bem a estas duas últimas crises - a da Covid-19 e da energia -, talvez melhor do que a média europeia. O governo conseguiu manter a política orçamental sob controlo e está agora a colher os benefícios dessa disciplina", explicou 00.33- sot Daniel Gros, analista na Universidade de Bocconi, em declarações à euronews.
Escândalo "Watergate grego"
A Grécia recuperou a reputação a nível económico, mas está a perdê-la ao nível do respeito pele do Estado de direito.
A imagem do governo ficou manchada pelo chamado "Watergate grego", um escândalo de espionagem de políticos, jornalistas e homens de negócios pelos serviços secretos do país.
O executivo continua a negar ter ordeando o uso de programa s informáticos de espionagem contra estas pessoas .
"As autoridades políticas têm, essencialmente, obstruído a atividade da agência independente que é suposto fazer os controlos sobre quem está na lista de vigilância, por exemplo. E são precisos vários anos até que as pessoas sejam informadas após a realização do controlo", referiu, à euronews, a analista Nino Tsereteli, do Democracy Reporting International.
"Isto cria uma situação verdadeiramente alarmante, porque a oposição e os jornalistas são os visados. Essencialmente, afeta muito a qualidade da democracia no país, bem como a qualidade do Estado de direito", acrescentou.
Apesar de, recentemente, o Parlamento Europeu ter exigido ao governo grego que dê mais explicações, o escândalo poderá não ter grande impacto nas eleições parlamentares, de acordo com as sondagens.
Nino Tsereteli considera que é um sinal preocupante e que evidencia a repressão do debate púbico, incluindo na comunicação social, sobre este tipo de problemas.
Há dois anos que, no conjunto da UE, a Grécia fica em último lugar em termos de liberdade de imprensa, de acordo com o Índice da organização Repórteres sem Fronteiras.