Goldman Sachs lidera crédito de R$ 1,5 bi para fintech Open Co

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(Bloomberg) -- A Open Co, uma fintech brasileira especializada em empréstimos sem garantia para pessoas físicas, está levantando R$ 1,5 bilhão por meio de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) liderado pelo Goldman Sachs.

O banco de Wall Street está fornecendo R$ 1 bilhão e o restante virá de investidores locais, de acordo com Raphael Zagury, diretor financeiro da Open Co. Os recursos ajudarão a empresa a voltar a crescer novamente depois que as consequências da pandemia do Covid-19 forçaram uma redução nos empréstimos, disse ele.

Fundada no início deste ano, a Open Co resultou de uma fusão entre a Geru, que oferece crédito para “pessoas físicas mais estabelecidas”, e a Rebel, que concede empréstimos a jovens brasileiros, disse Zagury em entrevista. Ambas as empresas tiveram que reduzir as ofertas de crédito em cerca de 50% em março e abril de 2020, já que as taxas de inadimplência nas primeiras prestações dos empréstimos dobraram para 10%.

“Conseguimos conter o sangramento”, disse o diretor financeiro de 44 anos, acrescentando que os modelos de crédito das empresas se mostraram adequados e as taxas de inadimplência voltaram a 4%.

Muitos brasileiros têm sofrido para pagar dívidas em meio à pandemia de Covid-19, que fez o desemprego atingir um recorde de 14,3 milhões de pessoas, sem considerar os 5,9 milhões que pararam de procurar trabalho. Muitas das maiores fintechs do Brasil estão se consolidando em resposta a essa situação.

“Nosso principal desafio agora é voltar a crescer”, disse Zagury.

A Geru e a Rebel já emprestaram um total de cerca de R$ 1,5 bilhão para aproximadamente 100 mil clientes, e a meta é fornecer R$ 1 bilhão em crédito este ano, disse Zagury. A Open Co tem 170 funcionários e planeja contratar mais 80 este ano.

O FIDC de R$ 1,5 bilhão vai comprar recebíveis da Open Co em uma operação semelhante a uma securitização. O Goldman Sachs está comprando a cota sênior do fundo e a Open Co, junto com outros investidores, ficará com a camada mezanino, um híbrido mais arriscado de dívida e capital.

A Open Co, que recebeu cerca de R$ 150 milhões em capital em março do Goldman Sachs e da International Finance Corp., braço financeiro do Banco Mundial, usa inteligência artificial para analisar crédito. O objetivo é oferecer empréstimos mais baratos e atingir os brasileiros que não são atendidos pelo sistema bancário tradicional, disse Zagury.

Os fundos de private equity e venture capital investiram R$ 10,7 bilhões em empresas brasileiras no primeiro trimestre deste ano, sendo a maior parte, 24%, destinada a empresas do setor financeiro, segundo a KPMG e a ABVCAP, associação do setor.

O Brasil tinha 876 fintechs no final do ano passado, segundo o Inside Fintech Report, levantamento do Distrito Dataminer.

“Como próximo passo, além de crescer o crédito pessoal, a gente já está olhando para um lado, olhando para o outro, pois tem uma oportunidade gigantesca de aquisição,” disse Zagury. “Tem muito empresa boa - com tecnologia de ponta, pessoas boas, estrutura boa -, mas que não está capitalizada neste momento.”

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