Ganância? CEOs nos EUA ganham 324 vezes mais que trabalhadores
Em 1965 essa diferença era de apenas 21 vezes;
Disparidade salarial dos CEOs com os trabalhadores é facilmente corrigível;
Aumento dos recebimentos dos CEOs é uma das principais causas da desigualdade social.
Um levantamento da AFL-CIO, a maior federação de sindicatos de trabalhadores nos Estados Unidos, revelou que os salários dos CEOs nos Estados Unidos é, em média, 324 vezes maior do que aquele recebido pelos seus trabalhadores. Na análise foram utilizados dados das empresas do S&P 500, um índice das 500 empresas mais valiosas da bolsa de Nova York.
A pesquisa, relativa ao ano de 2021, mostrou que anualmente os diretores executivos receberam uma média de US$ 18,3 milhões, ou R$ 102 milhões de acordo com a cotação do fim do ano. Os trabalhadores, no entanto, receberam uma pequena fração disso, recebendo US$ 56 mil, ou R$ 312 mil.
Diferença aumenta a cada ano
O estudo é realizado a cada ano pela AFL-CIO, o que mostra que a diferença salarial entre os CEOs e os funcionários das empresas aumenta a cada ano que passa. Em 2020, por exemplo, essa diferença foi da magnitude de 299. Já em 2020 a diferença foi de 264.
A diferença é ainda mais incongruente quando avaliada sob a luz da inflação nos Estados Unidos, que em 2021 chegou a 7,1%. Em média, os trabalhadores obtiveram um reajuste salarial de apenas 4,7%, ou seja, efetivamente perdendo poder de compra. Já os CEOs tiveram um aumento salarial de 18,2%.
Dados do Instituto de Políticas Econômicas (Economic Policy Institute, ou EPI) revelam que a desigualdade vem crescendo desde os anos 60, quando em 1965 a diferença salarial entre os trabalhadores e o CEO da empresa era de apenas 21 vezes. Em 1989 a discrepância foi de 69 vezes.
Para o EPI, essa é uma das causas da desigualdade social que é facilmente remediável. Os grandes salários só são possíveis pois os CEOs ditam os seus próprios pagamentos, e grande parte dessa remuneração, mais de 80%, está relacionada a ações, e não por um aumento de produtividade ou porque possuem uma habilidade específica em alta demanda.
"Essa escalada da remuneração dos CEOs, e da remuneração dos executivos em geral, alimentou o crescimento dos rendimentos dos 1,0% e dos 0,1% mais ricos, deixando menos frutos do crescimento econômico para os trabalhadores comuns e ampliando a lacuna entre os que ganham muito e os 90% mais pobres. A economia não sofreria nenhum dano se os CEOs recebessem menos, ou fossem mais tributados", afirma o Instituto.