Fim do horário de verão contribuiu para conta de luz mais cara?
Neste mês, o custo da energia elétrica aumentou em praticamente todo o país. Segundo justificativa da Agência Nacional de Energia Elétrica, responsável pela decisão, a queda no nível de armazenamento nos reservatórios das hidrelétricas e a retomada do consumo de energia levaram à revisão da bandeira tarifária.
A bandeira vermelha 2 prevê o custo de R$ 6,243 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. É o nível mais crítico. Quando a produção nas usinas hidrelétricas está favorável, aciona-se a bandeira verde, sem acréscimos na tarifa - ou seja, a energia fica mais barata. Em condições ruins, podem ser acionadas as bandeiras amarela, vermelha 1 ou vermelha 2.
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Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que acabou com o horário de verão no Brasil. Ele levou em consideração uma pesquisa do Ministério de Minas e Energia dizendo que 53% dos entrevistados se declararam insatisfeitos com a ideia de adiantar o relógio em uma hora.
O argumento é que a medida também não gerava uma economia significativa no consumo de energia elétrica.
Atualmente o ar-condicionado é o grande vilão do setor elétrico. E segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o pico de consumo de energia ocorre entre 14h e 15h, quando o dia está mais quente, e os locais de trabalho estão cheios de pessoas. Além disso, quem tem ar-condicionado em casa costuma deixá-lo ligado da meia-noite às 7h.
O fato é que o último horário de verão (2018-2019) resultou em uma economia média de 2,7%.
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, o horário de verão ainda é um instrumento de eficiência energética que deveria ser usado no Brasil. Tanto que ainda é adotado em muitos países para aproveitar a luz natural.
Além de gerar alguma economia, o especialista diz que o horário de verão tem uma outra finalidade ainda mais importante: evitar um desequilíbrio momentâneo entre oferta e demanda de energia, o que causa apagões. “Este segundo objetivo é mais estratégico, pois as interrupções causam prejuízos de diferentes tipos”.
Quanto maior a atividade econômica, maior o consumo de energia. Por conta da pandemia do coronavírus neste ano, a partir de março houve uma queda no consumo. Mas em novembro, já começou o processo de retomada, segundo o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro alertou para o risco de “apagão” no Brasil, caso a quantidade de chuvas não aumente.
“O pessoal critica, agora se eu não fizer nada, daqui a um mês, se não chover, você pode ir para um racionamento, até poder ter apagão. Daí piora tudo. E quanto mais baixa a represa, mesmo que você jogue na subida a mesma quantidade de água, gera menos energia, porque tem menos potência”, disse o presidente, ao conversar com apoiadores no Palácio da Alvorada.
No entanto, especialista descarta a possibilidade de haver racionamento de energia.
“A demanda de energia no Brasil tem crescido muito pouco, em razão da crise econômica. Ao mesmo tempo, houve aumento da oferta, com a inauguração de unidades geradoras de diferentes tipos: hidrelétricas, eólicas, solares e termoelétricas. Não há atualmente este risco de apagão”, diz Castro.